Os edifícios são desiguais, notam-se que cresceram em épocas diversas, no entanto os jardins estão cuidados.
Quando se passa no Pavilhão de Pediatria e logo de seguida no Parque Infantil, com brinquedos garridos entre árvores sentimos um aperto no peito, fingimos que não nos incomoda.
Lá dentro são quartos em corredores antigos, com um cheiro estranho a desinfectante e a medo, pintados de cores suaves que parecem incrivelmente desajustadas, pedaços de tinta descascada, interruptores diferentes, tubos junto ao tecto com diversos fins, remendados de diversas formas de folha de alumínio a tiras de adesivo.
Há cadeiras de rodas, macas, cadeiras de espera já gastas, mesas com rodas carregadas de desinfectantes, tubos, seringas, coisas impossíveis de identificar, uma enfermeira combina uma saída “Sim sigo o caminho do aeroporto, vou tentar sair 5 ou 10 minutos mais cedo.”
No corredor deambulam os da casa, semi residentes, que a pouco e pouco, se habituam aquela vida alternativa, medida pela visita do médico, o número de exames e tratamentos já efectuados, a luz da rua que entra e teima em alcançar até meio do chão, um pouco do verde das arvores lá fora, os aviões que ali já voam baixo, o ruído dos carros enquanto a vida passa lá fora.
Cruzam-se visitas e doentes, médicos, enfermeiros, auxiliares, pessoal da limpeza.
Todos com farda, a das visitas é anacrónica, a dos doentes varia, roupões de cores claras, chinelos com bonecos de cor garrida, lenços na cabeça, muitos, numa restia de garridice, outros não, exibem o crâneo calvo e caminham pelo corredor.
Tentamos gracejar, falar de banalidades.
É outra vida, medida ao segundo, à pulsação, aos tempos dos medicamentos, ás esperas.
Quando saímos acelero o passo.
Quando se passa no Pavilhão de Pediatria e logo de seguida no Parque Infantil, com brinquedos garridos entre árvores sentimos um aperto no peito, fingimos que não nos incomoda.
Lá dentro são quartos em corredores antigos, com um cheiro estranho a desinfectante e a medo, pintados de cores suaves que parecem incrivelmente desajustadas, pedaços de tinta descascada, interruptores diferentes, tubos junto ao tecto com diversos fins, remendados de diversas formas de folha de alumínio a tiras de adesivo.
Há cadeiras de rodas, macas, cadeiras de espera já gastas, mesas com rodas carregadas de desinfectantes, tubos, seringas, coisas impossíveis de identificar, uma enfermeira combina uma saída “Sim sigo o caminho do aeroporto, vou tentar sair 5 ou 10 minutos mais cedo.”
No corredor deambulam os da casa, semi residentes, que a pouco e pouco, se habituam aquela vida alternativa, medida pela visita do médico, o número de exames e tratamentos já efectuados, a luz da rua que entra e teima em alcançar até meio do chão, um pouco do verde das arvores lá fora, os aviões que ali já voam baixo, o ruído dos carros enquanto a vida passa lá fora.
Cruzam-se visitas e doentes, médicos, enfermeiros, auxiliares, pessoal da limpeza.
Todos com farda, a das visitas é anacrónica, a dos doentes varia, roupões de cores claras, chinelos com bonecos de cor garrida, lenços na cabeça, muitos, numa restia de garridice, outros não, exibem o crâneo calvo e caminham pelo corredor.
Tentamos gracejar, falar de banalidades.
É outra vida, medida ao segundo, à pulsação, aos tempos dos medicamentos, ás esperas.
Quando saímos acelero o passo.
Comentários
Abreijos.
Há pior quer isso?
Lá tiveste mais um dia de girambola.
És uma amparadora intrafísica nata, não é karma, é a tua essência de ser.
"Quando saímos acelero o passo.", sem dúvida, é a Ana.
Beijos,
Zorze
Diogo-Não há nada pior. Ali torna-se ainda mais dificil acreditar em Deus.
Zorze-Foi um dia do caraças! Terminou agora, meia noite e dez, longo e improdutivo, sabado bebemos um caneco?
Beijos
Um beijo.
Como eu compreendo o teu acelerar do passo à saída...
Como eu compreendo o teu acelerar do passo à saída...
sensível como sempre.
ABRAÇO GRANDE
Toca-me particularmente. Ainda há bem pouco tempo vivi essa realidade de vida ou morte por um segundo... e não foi como médico, nem enfermeiro, nem visitante.
Abreijos.