Parece que uma das minhas trisavós era uma senhora!
Tão senhora que sabendo que o marido mantinha uma amante, um pouco longe de casa, pediu-lhe “que trouxesse a pequena para mais perto, podia-lhe acontecer qualquer coisa de noite, nos pinhais, quando ia de charrete ter com ela…”
Ele tratou prontamente do assunto, trouxe a pequena para uma casa mesmo em frente á “fazenda” da família!
Cumpriu as suas obrigações conjugais com zelo irrepreensível, a senhora e a amante tiveram o mesmo número de filhos, invariavelmente nasciam perto uns dos outros, com poucos dias de diferença, invariavelmente do mesmo sexo, a quem eram dados os mesmos nomes, excepto o apelido maternal.
Tão senhora que sabendo que o marido mantinha uma amante, um pouco longe de casa, pediu-lhe “que trouxesse a pequena para mais perto, podia-lhe acontecer qualquer coisa de noite, nos pinhais, quando ia de charrete ter com ela…”
Ele tratou prontamente do assunto, trouxe a pequena para uma casa mesmo em frente á “fazenda” da família!
Cumpriu as suas obrigações conjugais com zelo irrepreensível, a senhora e a amante tiveram o mesmo número de filhos, invariavelmente nasciam perto uns dos outros, com poucos dias de diferença, invariavelmente do mesmo sexo, a quem eram dados os mesmos nomes, excepto o apelido maternal.
Excepção feita á minha bisavó, primogénita do lado legitimo, a par tinha um irmão, a quem foi dado o nome do pai.
Então a senhora iniciou uma cruzada para educar aquelas crianças, as suas e da outra, com desvelos, alfabetizar, ensinar a meninas o governo da casa, a bordar, falar mais um idioma que o pai sempre era inglês.
Neste afã contava com apoio e igual empenho da filha mais velha, ainda lhe apareciam mais uns rebentos desgarrados, porque nas gestações dos filhos legítimos e da amante, o senhor do lar deitava mãos e o resto a qualquer moçoila mais desempoeirada que aparecesse no trabalho da fazenda.
Os frutos de mais essas aventuras, eram afilhados da “senhora”.
A “senhora” geria com abnegação o bem-estar do marido, de forma irrepreensível.
Até acatar a decisão suprema do corpo sair de casa da amante e não da sua.
Ficou na família como a Senhora.
As fotos mostram uma mulher irrepreensível, arrumada, penteada, com um olhar vazio.
As Lauras, Deolindas, Henriques, Edmundos, Amélias, todos a duplicar mantiveram esta memória transmitindo-a.
Ainda hoje, já na minha geração, mantemos laços afectivos e de convivência, sempre com o familiar rotulo de primos.
No entanto sempre que insistem para me comportar como uma senhora, lembro-me dela e penso: Livra-te Ana!
Comentários
Mas vai lá vai!
Xôxos
Ouss
Abreijo
Os valores que foram já não são. Se bem que alguns bem podiam perdurar nos nossos dias!
Antigamente, quando a clivagem social era maior que agora, situações desse tipo aconteciam com uma certa frequência, embora nunca fossem publicitadas...
Outros Tempos!
Voltarei outro dia para conversar um pouco
Um abraço da Lagartinha de Alhos Vedros
Sensei-Pelos vistos não precisava de Viagra!
Salvoconduto-Ainda bem, mas ainda tenho gente na minha família que acha que si, que isto é que era!
Ap-destes que falo ainda bem que nenhum perdurou!
Maldonado-A única coisa que posso referir de bom é que teve o bom senso de legitimar todos os filhos.
Lagartinha-Obrigado, por acaso gostava mesmo de falar contigo, fiquei eu e Pedrocas, muito intrigados…
Beijos
Abraço
O pedrocas, embora seja um menino, já tem idade para saber viver com um ou dois mistérios.
Ouviste falar no mistério da Santìssima Trindade? pois este é mais terreno.
Tens uma admiradora em Alhos Vedros, uma lagartinha que todos os dias lê o que escreves e ouve a música que escolhes.
Abriste-me também a porta para o Cravo de Abril e outros igualmente interessantes.
Adoro música e poesia, gosto de ler e também escrevenho alguma coisa. Tenho guardados alguns contos sobre mulheres, um dia, quem sabe, mostro-te.
Abraços para ti e já agora para o Pedrocas
Lagartinha de Alhos Vedros
Lagartinha-O mistério faz bem, mas se calhar desconfio que nos encontraremos no último fim de semana de Novembro, no Campo Pequeno, será?
È procurares uma Ana, não há muitas, na Delegação do Barreiro, basta dizeres qualquer coisa, podemos rir as duas, vai na volta já nos conhecemos.
Quanto ao Cravo de Abril é um estaminé de muito bom gosto, excelente mesmo.
ainda bem que gostas dos meus escritos, eu cá não aposto muito neles, mas com tanta gente a insistir, já começo a acreditar que não são maus.
Beijos
Estou sempre onde é preciso gritar "BASTA" "Mentirosos", bom tudo e de punho erguido!
Vou sair
Tenho uma reunião, para discutir o que é importante discutir
O Abraço da Lagartinha de Alhos Vedros
à tua maneira...
do teu jeito
autentica...
Mais um texto...inyeressante!
beijos
ausenda
Carlos-Um favor, trata-me por tu, não me faças uma senhora....
Ausenda-Desde que não seja nos moldes da trisavó Gertrudes..
beijos
Abreijos
ainda me lembro de situações dessas serem vividas com normalidade, como se de um acto certo se tratasse.
o mundo mudou e em muita coisa ainda bem.
Samuel- Pois não são, assim de repente histórias para não copiar, são aos pacotes: Romeu e Julieta, Otelo, Anna Karenina, O Amor em Tempos de Colera, etc...
Pduarte- Pois ainda bem que mudou amigo mas temos que concordar que a minha antepassada também era um bocadinho tótó...
beijos
Imagina, eu sei que é altamente improvavél, em qualquer época, muito menos no sec. XIX, mas se fosse ao contrário, se fosse um homem a partilhar assim a sua mulher, que teria uma familia, mais que paralela, perpendicular, o que acharias?
Que era um grande homem?
Eu até percebo o que queres dizer, mas....
beijos
O que me contas são de facto duas aberrações.
Haja o que houver entre adultos as crianças não tem culpa nenhuma.
Da história da minha familia, para além de ainda nos conhecermos e manter-mos uma ligação afectiva, o grande aspecto positivo foi de que as crianças foram tratadas em pé de igualdade.
beijos
Não li totalmente, mas, vindo de ti concordo. Concordo de olhos fechados.
Beijos,
Zorze
não leste, não comentas.
não é?
beijos