Acho que comecei a rabear quando juntei as duas metades de mim no ventre da minha mãe, não me lembro mas deve ter sido uma correria assim como multiplicar pedacinhos até me fabricar a mim.
Nasci ás 8 da manhã, na Primavera, numa segunda feira, começo de dia, de semana, do acordar da natureza, simultaneamente a hora em que o Barreiro começava a correr ao toque de múltiplas buzinas que chamavam carreiros de gente, para a CP, as fábricas de Cortiça, para a Cuf….
Depois nunca gostei de certas coisas, por exemplo nunca gostei muito de ir a circos, em vez de ficar fascinada com as lantejoulas ficava triste com os rasgões do pano, o pelo ratado dos leões velhos a bocejar, o ar triste da equilibrista que tinha um ar de fome e tristeza.
Nunca gostei muito de na Escola uns serem mais meninos do que os outros, os meninos filhos de doutores e comerciantes tinham um tratamento, o colega que era filho da contínua do colégio tinha direito a cachações pelos outros todos.
Ia sabendo das histórias de uma sardinha para quatro, de meninos sem sapatos, de crianças que morriam pequeninas.
Da minha avó que começou a trabalhar muito nova.
Histórias que não se queria repetidas.
Depois sabia daquilo que não se podia cantar, dos amigos que eram presos, lá me explicavam que não tinham feito nada de mal, só não queriam guerra, os meninos descalços e queriam cantar o que lhes apetecia.
Nasci ás 8 da manhã, na Primavera, numa segunda feira, começo de dia, de semana, do acordar da natureza, simultaneamente a hora em que o Barreiro começava a correr ao toque de múltiplas buzinas que chamavam carreiros de gente, para a CP, as fábricas de Cortiça, para a Cuf….
Depois nunca gostei de certas coisas, por exemplo nunca gostei muito de ir a circos, em vez de ficar fascinada com as lantejoulas ficava triste com os rasgões do pano, o pelo ratado dos leões velhos a bocejar, o ar triste da equilibrista que tinha um ar de fome e tristeza.
Nunca gostei muito de na Escola uns serem mais meninos do que os outros, os meninos filhos de doutores e comerciantes tinham um tratamento, o colega que era filho da contínua do colégio tinha direito a cachações pelos outros todos.
Ia sabendo das histórias de uma sardinha para quatro, de meninos sem sapatos, de crianças que morriam pequeninas.
Da minha avó que começou a trabalhar muito nova.
Histórias que não se queria repetidas.
Depois sabia daquilo que não se podia cantar, dos amigos que eram presos, lá me explicavam que não tinham feito nada de mal, só não queriam guerra, os meninos descalços e queriam cantar o que lhes apetecia.
Depois conforme crescia, ouvia, via, lia, ia dando conta que o mundo está cheio de injustiças, coisas mal explicadas, meninos que nunca o podem ser, pessoas que estragam por estragar, que fazem mal por fazer.
Não gosto!
Também não consigo ficar indiferente!
Sei que a minha corrida é pequenina para mudar o mundo, é trabalho insignificante de formiguinha.
Mas já viram bem o que as formigas todas juntas conseguem fazer?
Comentários
Vinha em sentido cantrário
Caiu ao Tejo
Ao pé dum septuagenário
Larpou trepou às tábuas
Que flutuavam nas àguas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Vinha em sentido diferente
Caiu à rua
No meio de toda a gente
Buliu buliu abriu as gâmbias
Para trepar às varandas
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
A formiga no carreiro
Andava a roda da vida
Caiu em cima
Duma espinhela caída
Furou furou à brava
Numa cova que ali estava
E de cima duma delas
Virou-se prò formigueiro
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro
Quero apenas contar o que foi para mim, na altura com 6 ou 7 anos o maior terror de infãncia.
começou assim:
"esta noite veio a VIUVINHA e levou o homem da Maria, o filho da Joana..."
e eu perguntava quem era a Viuvinha e a minha avó mandava-me calar e recomendava-me que não falasse nisso a ninguém, podia vir a Viuvinha e levar o meu avô, o meu pai ou o meu tio.
E eu que só conhecia "A triste viuvinha que anda na roda a chorar"
Passei a ter um medo terrivel desta nova viuvinha que levava homens e deixava as outras mulheres a chorar.
Estas são algumas das minhas recordações de infãncia que partilho contigo, amiga Ana
Obrigada por me ouvires
Lagartinha de Alhos Vedros
É com as corridas de milhares de formiguinhas juntas que vamos mudando o mundo...
Um beijo amigo.
Um exercito de obreiras, sim, mas não cegas!
A Lagartinha de Alhos Vedros
Quanto aos circos, curiosamente e, ao contrário da quase generalidades das crianças, também nunca gostei, nem tinha paciência para aquilo, sempre gostei de coisas em que todo pudessem participar activamente e não apenas ficar numa posição de assistir e contemplar.
Saudações do Marreta.
Lagarinha de Alhos Vedros – Estás à vontade, não tens nada que agradecer. São essas memórias também que me fazem correr.
Fernando Samuel – isso mesmo, muitas corridas pequeninas…
Lagartinha – Nunca cegas, aliás no meu formigueiro ser mestra é muito relativo, são as obreiras quem mais ordenam!
Marreta – Isso deve ser uma virose que apanhamos todos os nascemos naquele ano. Quanto ao formigueiro o meu é republicano.
Beijos
Muitas das coisas que apontas por aqui também me afectaram e condicionaram quando era miudo,procuro não me esquecêr delas.Quanto ao circo...nunca fui,provavelmente os meus pais não me podiam levar quando era mais novo,depois,perdi o interesse.
Mas sempre gostei de formigas, das obreiras, que são as que mostram serviço...
Pois as memórias e as sensibilidades fazem parate do nosso processo de construção.
AP
Outro que não gosta de citco!
Mas eu gosto das formigas, mas assim arraçadas de cigarra com gosto musical e amor pelo sol.
Mas sim as formigas são fascinantes.
beijos
Enfim, depois vingo-me!
Ouss
Há tanta coisa com formigas...
Belo exemplo este das formigas!
Quando o homem inventou os seus primeiros utensílios, tinha nessa altura a inteligência da formiga, agora não sei quem vai á frente, mas o teu exemplo ainda faz sentido.
Bjos amiga.
Kiss
Beijinho
Abreijo.
Desculpa contrariar-te mas mais que isso é uma escolha, escolhemos de certa forma não nos conformar.
F nando
O Comboio no Rossio, para ti, o Barco do Barreiro para mim….
Salvoconduto
Não faço intenções de para de correr.
Eric
Nem mais! Nem ontem!
beijocas
Mudem de rumo
Já lá vem outro carreiro...
:-)