Outras Medidas


Alturas estranhas em que de tanto pensar, mexer, fazer, sinto-me estranhamente vazia, estar parada dois meses foi um tormento, voltei ao meu ritmo mais ou menos inebriante com uma volta num carrossel demasiado rápido, não existem sábados nem domingos, apenas dias, com mais ou menos coisas penduradas nos riscos da agenda e do relógio, coisas escritas de modo indelével outras a com a tinta invisível dos percalços, dos inesperados, das surpresas não planeadas, nos intervalos dedico-me a outras coisas, planos diversos (este ano quero férias a sério, podem ser menos dias, mas melhores), uma exposição (a ver se tiro um tempo só para mim, para escrever a história que se desenha na minha cabeça), as plantas para um jardim, (os girassóis que plantem em vasinhos e coloquei no parapeito da janela da casa de banho ao lado das primulas reguei-os á pouco e as sementes estão todas rebentadas com uma pontinha verde a espreitar entre a terra), as medidas de uma vedação (encho o sofá com uma montanha de roupa interior, as peúgas dos meus bebés estão enormes, deixaram de ter boneco e coisas antiderrapantes, são de homem como os boxers como as camisolas que passo a ferro e estendo) uma distribuição de tarefas (enquanto a carne está apurar num lado e o tamboril no outro, os bolos no forno, descasco legumes para uma sopa, nabo, curgete, alho francês, cenoura, fica adiantado), um cartaz para terminar (estou a gostar deste livro, é diferente, mas estou a gostar desta história passada noutro tempo e noutro lugar), acabar de arrumar números num orçamento (ainda falta pagar mais uma tranche das propinas, tenho de ir ainda ao multibanco, amanhã almoçam os dois na escola, esperei por receber para comprar a camisa que gostava, já não está lá), tenho de fazer uma confirmação por telefone logo de manhã (já não posso ligar a nenhuma das minhas tias para artilhar certas coisas, do livro que li, do filme que vou ver, uma gargalhada cúmplice, um desabafo que só podia ter com elas), tenho de ler aquele decreto com calma (não me apetece de todo ler os decretos e ouvir as noticias, revoltar-me e sentir aquela onda a crescer dentro de mim, acre, surda, que se lixem todos com mais as mentiras que publicam como verdades oficiais) acabei a reunião de domingo, a oficial e a seguinte troca de ideias, vamos ao cinema?

Comentários

Fernando Samuel disse…
Faz tudo o que tens a fazer mas não te esqueças de tirar o tal tempo para escreveres a tal história...

Um beijo.
Ana disse…
Tem momentos que me sinto assim como vc colocou no inicio do post. O dias são iguais e nesta roda viva, a vida passa e tem horas que me pergunto que dia é esse...
Amei o seu blog, estou passeando neste blogsfera e conhecendo novos lugares. Sou nova por aqui e estou amando por conhecer este mundinho virtual.
Beijos
Zorze disse…
Ana,

Reunião ao Domingo? Para a próxima marca uma para 25 de Dezembro à noite. Na arrábida e à noite.

Os tais dois meses espero que te tenham aberto a consciência para outras questões.

Cinema sempre!

Beijos,
Zorze
Jorge disse…
É sempre bom ir ao cinema.

Beijo
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel

Já ando a conviver com as pessoas que moram na tal história!


Ana

A vida é mesmo isso.

Zorze

Olha na Arrábida é boa ideia, ao domingo?! Qual o espanto?!

Jorge

Por acaso foi muito bom!

Beijos