As primeiras tentativas ou carapaus engessados!



Hoje sou uma boa cozinheira, quando estou de maré, descontrai-me produzir refeições, petiscos, bolos, continuo a achar a culinária uma espécie de alquimia, na qual doseamos o doce, o salgado, o acido, o picante, pintamos com especiarias e vegetais, esculpimos coisas aparentemente simples, como a farinha, para criar coisas fabulosas, como um chiffon de chocolate.
O importante na culinária é faze-la com amor, mas isso é quase tudo na vida, qualquer coisa temperada com amor sai muito melhor.
Aprendi a cozinhar só a ver, basicamente a minha avó, que me incentivava a experimentar a minha mãe, tias e primas, regra geral tudo boas cozinheiras e as memórias são aquecidas pelo aconchego das cozinhas, o cheiro a canela ou vinagre, os rituais da cozinha.
Torna-se difícil por vezes explicar como faço certas coisas, porque o medidor que uso mais é olhometro, ou seja sei, porque sei, por intuição, experiência, que já chega de coentros ou que tenho que juntar mais noz moscada…
Mas nem sempre foi assim, deveria ter uns 12 anos quando em casa de uma amiga recebemos a chamada telefónica da mãe, estava atrasada, como tal deu ordens para que procedêssemos à fritura de carapaus, não na variante jaquinzinhos, mas na outra média.
As instruções eram simples debaixo do fogão estava a farinha, era coloca-la num prato, passar os carapaus, sacudi-los e fritar em óleo.
Não vale a pena falar nas normas de segurança, nem vale a pena pensar que hoje ninguém manda gaiatas fritar peixe.
Assim foi, acontece, que o pacote da farinha era daqueles de papel pardo, comprados na mercearia, farinha avulso, começámos a preparação, a farinha era alva, mas os carapaus em contacto com o óleo ficavam com um ar estranho…Eu alertava “Isto não está bem!” “Oh Ana, quando arrefecer ficam melhor!”
Até que chegou a Dª Eduarda e constatou que aquilo não estava bem, em vez de farinha tínhamos passado os carapaus por gesso, vendido avulso em pacotes….
Uma receita que nunca mais repeti “Carapaus engessados”

Comentários

Akhen disse…
Ainda estou a rir dos "carapaus engessados"....
De qualquer maneira, deve ter sido mais fácil do que fritar pescadinhas "com o rabo na boca".
É que os salpicos do azeite, sempre poderiam deixar marcas indeléveis nas faces de tão jovens aspirantes a cozinheiras.
Jovens "Harry Potter"'s na "Cozinha da Tortura".
Lol....
Eric Blair disse…
ha ha, e tiraram o gesso ao fim de quantos dias?
Olha, ontem experimentei pargo no sal. É facílimos; estás preparada pra tomar nota? Então cá vai: enterras o peixe em sal e atiras com ele para o forno. Difícil, ein?!
ahahahaha, essa da farinha pelo gesso está muito boa,..mas olha Ana por mim, irei só à procura do afamado e propalado doce de tomate. Tu prometeste ou não ? já não me lembro, de qualquer modo vou cobrar !!!

Abraço!
Maria disse…
Memórias que nos fazem sorrir...
Ao menos provaram os carapaus? será que estavam fritos, mesmo?
Hehehehehehehehe

Beijos, Ana
Ana Camarra disse…
Akhen-Não lembra nem ao Voldemort...


Eric-Pargo, Robalo, Dourada, Imperador, ficam optimos assim, sempre é melhor que carapau com gesso.

Cidadão-Está descansado, prometido é devido.

Maria-È claro que foi tudo para o lixo...

Beijos
CRN disse…
Ana,

Pela idade que te suponho nesse momento, isso era um "5" assegurado em trabalhos manuais ou educação visual.

Abraço.
Zorze disse…
Ana,

Carapaus engessados, caramba!

"O importante na culinária é faze-la com amor, mas isso é quase tudo na vida, qualquer coisa temperada com amor sai muito melhor."

É que é isso mesmo.
Até os alimentos ficam mais nutridos. A sério!

Beijos,
Zorze
PDuarte disse…
há uma portugalidade em ti que perfuma o que escreves com um aroma silvestre e doce.
é...
e olha que fiz esse reconhecimento no meu blog há uns dias.
vai lá.
Fernando Samuel disse…
Assim se vai aprendendo... e o mais importante é que nos sejam dadas oportunidades para aprender.

Um beijo.
Ana Camarra disse…
CRN-Pelo menos era creativo...

Zorze-Pois é, não tenhas dúvidas.

PDuarte-Eu vi que me deste um prémio, já é o segundo daqueles que me dão, sou uma ingrata.

Fernando Samuel-Hoje o peixe frito é à confiança...

beijos