Ainda...


Tínhamos quê? Qualquer coisa entre 18 e 25 anos de idade.
Folhas em branco, víamos coisas que por vezes os outros não viam, procurávamos sentido diferente em coisas com o limite demarcado, pertencíamos, multiplicávamo-nos em dádiva de nós próprios e no egoísmo de querer absorver o mundo.
Não vagámos os sonhos, amigo.
Os sonhos foram são crescendo connosco, adaptando-se ás múltiplas situações, aos contratempos, ás contingências, à vida.
Hoje sonho tanto como nessa altura ou talvez mais, estou sempre numa efervescência de querer conquistar e entregar-me em simultâneo, também sou mais prática, só, mais eficiente, escolho sempre um sonho possível, desunho-me para o concretizar, quando consigo é quase como me dar à luz a mim própria.
Dói e é doce!
Por vezes dá-me vontade de rir olhar para trás e ver o que consegui erguer assim quase só da minha vontade, é um riso feliz.
Guardei muito dessa menina, só que cresci, continuo a espantar-me com o voo dos pássaros, a pasmar-me com os afectos, a cultivar carinhos, laços, nós, a aprender sempre e acalmar-me com o mar, continuo a sentir-me segura num local qualquer desde que rodeada de amigos.
Agora tenho eu de fazer com que outros se sintam seguros, por vezes finjo muito bem que sim, que estou segura, mas no fundo estou sempre em busca.

Comentários

A experiência acumulada não termina com a insegurança do dia a dia, mas permite a aprendizagem de tirar partido da mesma...
Diogo disse…
É o envelhecimento, minha cara. Deixámos de receber presentes para passar a dá-los. Mas os sonhos mais profundos mantêm-se actuais. E continuamos a lutar por isso.
Tem que ser assim, fazermos das fraquezas forças..e darmos segurança uns aos outros.

Abraço!
Fernando Samuel disse…
Um texto bonito: tão bonito como dizer que «o sonho comanda a vida»...

Um beijo.
anad disse…
Minha amiga, vou de férias e só volto no início de Agosto. Uns dias luminosos para ti.
Anad
entremares disse…
"Tínhamos quê? Qualquer coisa entre 18 e 25 anos de idade..."

Tudo era uma conquista, tudo era um desafio. As montanhas só exitiam para ser escaladas, não precisavam de ser belas, de ter vida própria ou sentido. O sentido das coisas era serem possuidas.

O tempo não esmaga os sonhos, quando muito muda-lhe as cores, como quem coloca os óculos pela primeira vez e só então percebe que as árvores tem folhas, e que o verde não é todo igual...

Agora... apesar de continuar sempre em busca... aprendi que a maçã mais vistosa não é forçosamente a que tem o melhor sabor...

Mas para isso, precisei de a provar, em tempos idos, talvez entre os 18 e os 25 anos...


Uma óptima semana para ti.
Ana Camarra disse…
Opinião próoria-Partilho da tua opinião.

Diogo-È o crescimento…

Cidadão do Mundo-Que remédio, há outra forma?

Fernando Samuel-Comanda mesmo.

Anad-Ainda falta muito para as minhas, boas férias!

Entremares-Uma boa idade para aprender muita coisa.

Beijos