Bairrismo?!


O Barreiro é fértil em história peripécias e outras curiosidades.
Ao “falar” com outro pessoal na blogosfera dou conta da má imagem da minha terra, o Barreiro é conhecido como um dormitório, feio cinzento, outrora povoado de fábricas e de fumo, nada mais.
Eu sou suspeita, como quase todos os Barreirenses adoro a minha terra, vemos os defeitos, claro, por vezes somos os mais críticos, mas isso é para consumo interno, quando nos dizem mal do Barreiro, salta a veia bairrista, mais que isso registo com agrado que muitos Barreirenses por adopção partilham da mesma atitude.
O Barreiro não nasceu há 150 anos com o Caminho de Ferro ou há 100 com a CUF, convém esclarecer, tem mais de cinco séculos de Foral, mas antes disso já se sabe que era povoado em tempos pré históricos, que o Romanos chamaram a Coina Aqua Bonna, água boa, que aqui existiu um Convento Franciscano, dos mesmos Franciscanos do Convento da Arrábida ou do de Mafra, que aqui se construíam Naus para os Descobrimentos e não só, as formas de biscoito e pão de açúcar levados nas mesmas Naus, e os biscoitos propriamente ditos, que era daqui e de toda a Margem Sul do Tejo que saiam legumes, lenha, peixe, água potável para abastecer Lisboa, em barcos á vela, Fragatas, Varinos e Muletas, que aqui se moía o grão em Moinhos de Vento e Moinhos de Maré, que aqui existia a Real Fabrica do Vidro e salinas a perder de vista.

Mais recentemente foi aqui também que se fixaram várias fábricas de transformação de cortiça, arrastando no século XIX, milhares de portugueses em busca de uma vida melhor, tarefa facilitada cm o Caminho de Ferro, tarefa que continuou com a CUF, e assim o Barreiro cresceu, muito mais do que se esperava.
Desse crescimento resultou também uma população diferente, Anarco Sindicalistas, centenas de Colectividades de Cultura e Recreio com tudo o que concretizaram: Alfabetização, Grupos de Teatro, Bibliotecas, Bandas, Desporto, produzindo várias figuras de destaque nacional das diversas áreas, todas elas aliás, escritores, artistas plásticos, actores, desportistas, músicos, tanta gente.
Não vivemos só de passado, continuamos, todos, espero e penso, a construir um Barreiro com futuro.
Por fim dizer que sim, durante muitos anos o ar era quase irrespirável, com um cheiro a enxofre e de cor cinzenta, costumo dizer que a poluição foi mais uma prova, como todas as provas aquilo que não nos aniquila só nos torna mais fortes.

(fotos roubadas ao Ferreira da Luz)

Comentários

Paulo Lontro disse…
E eu tenho uma visita guiada prometida... essa é que é essa ...
Anónimo disse…
Adoro os moínhos de maré...são espectaculares !!!

Abraço!
Fernando Samuel disse…
Eu também sou assim: a minha terra (que tem algo a ver com o Barreiro) é a mais bonita... a mais minha...

Um beijo.
Diogo disse…
«aquilo que não nos aniquila só nos torna mais fortes»

Espero que não seja esse o desfecho do caso Freeport-Sócrates!

Beijo
Anónimo disse…
Olhando o passado, sempre a perspectivar o futuro... Belo artigo.
Beijos Moça.

(Amanhã é Dia D)
Anónimo disse…
Vou-te pedir que faças um pequeno exercício: percorre os rios de norte a sul e vê qual das margens é sempre a mais pobre, a mais desprotegida. Repito, de norte a sul, mesmo nos rios mais pequenos.

Vais ver, sem sombra de dúvidas, que em todos os casos é a margem que temos no coração, a esquerda e isto não é bairrismo.

Abreijos.
Anónimo disse…
Ana,

O bairrismo é inerente a todos nós, que amamos nossa terra e não deixamos ninguém falar mal dela, nunca.

Também temos um Barreiro aqui em minha cidade. É um dos nossos bairros.

Uma pergunta pessoal, posso?
Se não, nem precisa responder, ok?
Qual o dia do seu aniversário? (dia e mês, apenas).
Simples curiosidade, também vou perguntar ao M.

Um beijo,
Sandra
Anónimo disse…
Desde criança que tenho uma grande ligação ao Barreiro, pois muitos familiares meus aí vivem.
A imagem que tinha manteve-se até há pouco tempo, uma cidade cinzenta e triste. Mas das ultimas vezes vi uma cidade diferente, mais "luminosa", não sei explicar... Talvez porque estejam todos a construir um Barreiro com futuro.
Anónimo disse…
É isso mesmo amiga, eu não sou do Barreiro mas já adoptei esta terra como minha, e não permito que digam mal da terra e das gentes que me receberam tão bem.
Retornar ao Barreiro no final do dia é uma bênção, os fins-de-semana são revigorantes.
Quem diz mal não conhece, tenho descoberto e aprendido os lugares, as pessoas e a história e cada dia que passa me identifico mais com esta cidade em mudança. Obrigada por também tu me ajudares a descobrir.
Beijos
Anabela
Ana Camarra disse…
Paulo Lontro - Prometido é devido.

Mugabe-Os Moinhos são uma maravilha.

Fernando Samuel-Eu sou muito do Barreiro e o Barreiro é muito meu.

Diogo-Também espero que não.

Ludo Rex-O futuro sempre, claro que sim!

Salvoconduto-Não tinha visto as coisas assim, mas sem duvida.

Sandra- Podes fazer as perguntas que te apetecer, 3 de Abril, ás 8 da manhã que sou madrugadora e acho que os dias têm de ser aproveitados.

AP-Mesmo para quem tem uma perspectiva diferente da minha, gosto e opto por pensar que tentamos todos construir o futuro.

Anabela-Loura! Nós também já te adoptámos!


Beijos
Anónimo disse…
Ana,

Vou lembrar-me do seu dia pra te enviar parabéns. O meu é 23 de julho, mês de férias pra quem estuda, o que não é mais o meu caso.

Obrigada por me responder.

Um beijo,
Sandra
Zorze disse…
Crescemos com esta fumaça toda, e talvez, seja por isso que somos assim.

Meio não sei quê...

Beijos,
Zorze