A ver se a encontro!


Pronto, depois como isto tem dias, há dias assim.
Dias em que apesar do sol brilhar quase nada me aquece, antes pelo contrário, fica tudo coberto de uma gelatina fria e viscosa.
Tudo o que decido fazer esbarra em obstáculos, obtusidades, vazios, becos sem saída, labirintos irracionais, de pedra. Escuros e frios, muito frios.
Sinto-me absolutamente perdida, incrédula, cansada, espremida.
Tudo difícil, muito difícil.
Frustrante, frustrante.
Por muito que não queira só sinto um apelo de mar, de ir vê-lo, cheira-lo, se possível navegar ou entrar nele só.
Um amor antigo, confortável retemperador.
O mar nunca me falha.
Sinto-me outra vez pequena, infantil, perdida, um pouco abandonada, assim como um bicho sem afagos, uma planta colocada á sombra, com raízes expostas sem terra que chegue.
Quero tirar esta casca de mulher crescida, quero arrumar os compromissos, as obrigações, a agenda, os telemóveis, os pedidos diversos de apoio, sempre a pedirem raramente a oferecer, num baú daqueles que se guardam nos sótãos, que criam pó e teias de aranha, feitas pacientemente na certeza que ninguém as vai quebrar.
Fugir de mim, isso seria interessante, fugir de mim.
Apesar de saber de antemão daqui a pouco alguma coisa irá mudar tudo, alguém que telefona só para saber se estou, ou que tem saudades minhas, que sente a minha falta.
È tão bom saber que alguém sente a nossa falta.
Ou então outra coisa qualquer, uma flor num sítio inesperado, uma recordação qualquer reconfortante, uma nuvem com um ar estranho, uma certa luz a bater na água, uma música que já não me lembrava no rádio do carro.
Pronto vamos ver se até ao final do dia encontro a outra Ana.

Comentários

Anónimo disse…
Ana

Passo aqui todos os dias, por vezes leio e depois tenho que reler.
Não comento porque acho que deve ser cansativa a minha ladainha de te dizer, que tens razão, que escreves muito bem, que és fantástica.
Ainda por cima tens aqui comentadores permanentes muito bons.
Vejo que hoje não estás bem.
Não se isto te serve para aquecer mas olha, fazes-me falta!
Faz-me falta vir aqui todos os dias a esta ilha de bom senso, dde alegra, de memórias doces, ideias firmes, palavras bem conjungadas, boas músicas.
È bom ver a menina que vi crescer ser assim uma mulher tão completa.
Espero que isto te aqueça um pouco a alma, mesmo que seja um bocadinho pequeno.

Um beijo muito grande

Zé Manuel
M. disse…
:)
Aproveita o que é bom.

Sei que falar é fácil mas mesmo que o dia não traga nada de jeito... É tirar o melhor possível.

M.
Ana Camarra disse…


Sempre aquece um bocadinho.

M.

Pois terá de ser, vou tentar.


Beijos
Capitão Merda disse…
Hás-de encontrar, com certeza!

;)
Anónimo disse…
Não são reais, são virtuais, faço o que posso, envio-te um ramo de margaridas e outro de magnólias.
Nunca fujas de ti, que é contigo que nós estamos bem. Até mais logo, amiga.
Ana Camarra disse…
Capitão

Irei encontrar, sim.

Salvoconduto

São lindas, obrigado!


beijos
Anónimo disse…
Não vale a pena fugir de nós. Tenho a certeza que vai encontrar o que pretende, apesar deste Outono doentio que nos puxa insistentemente para baixo!
Anónimo disse…
Moça, então o que isso? Espero que te tenhas encontrado hoje e sempre.
Força Amiga, se precisares de alguma coisa avisa... A malta anda por aqui...
Beijinhos Fortes
Ana Camarra disse…
Carlos - Vou encontrar-me é claro que vou e sim este clima não me ajuda.

Ludo-Este dia tinha sido mais proveitoso, feliz e gratificante se tivesse sido o Dia Anual de ficar a dormir da Ana.
Muito mais.
O pior é que ainda não acabou!

Beijos
Diogo disse…
Além de te achar uma pessoa muito inteligente, penso que escreves muito bem, Ana. É um prazer ler este blog. Volto a dizer – devias tentar publicar alguma coisa. Sentimo-nos presos pelas tuas palavras.

Um amigo meu disse-me, certa vez, que um texto de Miguel Sousa Tavares a descrever um passeio ao Alentejo lhe deu uma vontade irresistível de fazer o mesmo. A tua escrita tem este efeito.

Beijo
Ana Camarra disse…
Diogo

Sempre uma simpatia.

Beijos
Anónimo disse…
Deixa que passe...
serenamente
encontra a tua trova
outra vez
e loucamente!!!!

Beijo amiga
ausenda
Anónimo disse…
Calma, é preciso é calma e descontracção.
Uma boa noite de sono costuma resolver a situação. Se preciso for daquelas até à 1 da tarde, a ouvir a chuva a bater na vidraça...

Saudações e ânimos do Marreta.

P.S.: Isto está a precisar é de uma revolução gastronómica...
Zorze disse…
Ana,

Quando te sentires perdida, não precisas de seguires atalhos.
Segue o caminho que te relançe naquilo que entendes por verdade, mesmo, que outros em seu argumentário te ludibriem com a sua razão.

Segue aquilo que te parece o melhor.
Nas tuas palavras também se sente algum cansaço. Até o cansaço pode ser enganado.

Vai com calma, menina. Este mundo foi feito para nos stressar.

Beijos,
Zorze
Ana Camarra disse…
Ausenda-Por muito que por vezes não se queira, existem situações, atitudes, pessoas que nos conseguem momentaneamente derrotar, depois passa….

Marreta-Se calhar tens razão!

Zorze-Deixa eu stresso e destresso…

Beijos
LuisPVLopes disse…
Olha!... Afinal estás aqui!

Ouss
Ana Camarra disse…
Sensei

Pois estou!

beijos
Fernando Samuel disse…
Estou em crer que quando acabaste de secrever este texto já tinhas encontrado a «outra Ana»...


Um beijo amigo.
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel

Não, não tinha, ainda á pouco a perdi outra vez, a vida teima em castigar-nos sempre.

beijos
Karine disse…
É engraçado...talvez irônico...ou destino mesmo...tentei buscar uma imagem de uma mulher triste no google e acabei descobrindo seu cantinho...é ruim sentir-se perdida dentro de si mesma...sem saber p/ onde ir...sem ter p/ onde ir...triste é querer voar e sentir q suas asas estão aqui, mas falta coragem...compartilho de sua dor... de sua angústia... de sua tristeza... e o q nos resta... aguardo dia-a-dia a tão sonhada coragem, p/ q eu possa voar... e vc Ana?