Modernices...





Nestes últimos vinte anos meteram-nos na cabeça que somos modernos e europeus (como se geograficamente a nossa localização tivesse sido alterada), vai daí foi um construir desabrido: auto-estradas, estádios, Centros Comercias, Super Centros Comerciais, Outlets, Festivais de Música.
Há vinte anos atrás a coisa mais parecida com um festival de música era só a Festas do Avante. È claro que se tinha a realizado o mítico Festival de Vilar de Mouros, Numa edição única e irrepetível.
Há trinta anos atrás um corredor com meia dúzia de lojas como era o Apolo 70 em Lisboa era um centro Comercial, para além disso havia o Grandela.
Os grandes Centros Comerciais eram as “baixas” a Baixa de Lisboa, Baixa do Porto, a Baixa de Setúbal…Locais aprazíveis com lojas a correr de vista onde ser empregado de comercio era uma profissão respeitada e como tal exercida com profissionalismo, quando se entrava numa dessas lojas éramos atendidos com deferência e muita atenção mesmo se fosse para comprar um par de meias.
Hoje existem vários Festivais de Música (Sudoeste, Super Bock Super Rock, etc.), todos tem grandes nomes como cabeça de cartaz, depois existe ainda o Rock in Rio, uma espécie de Festival de Rock para Betinhos, onde é tudo caríssimo e muito arrumadinho.
Estádios de Futebol é o que sabe, para um país que nunca tem apoios para qualquer tipo de desporto que não seja o futebol onde por acaso nunca se atingiu nenhum título, supostamente temos um leque de jogadores de luxo, que não devem de saber trabalhar em equipa (digo eu que não pesco nada sobre o assunto), e somos sempre quase campeões de qualquer coisa, até já devíamos de ter uma taça dessa condição.
Centros comerciais existem grandes, monstruosos mesmo. Todos quase iguais com as mesmas sandes de baguete, as mesmas lojas do Gato Preto, as Lojas de Roupa todas iguais, as mesmas empregadas tristes de olhar sofrido que não conseguem arrancar um sorriso depois das licenciaturas tiradas a ferros nas faculdades privadas que lhes servem para dobrar camisolas da Springfield.
Salazar deixou-nos como herança maior sermos um povo poucochinho, poucochinho ambicioso, poucochinho reivindicativo, poucochinho orgulhoso…
A modernidade dos últimos vinte anos tem vinda a descaracterizar-nos ainda mais: saímos para a rua a idolatrar um grupo de desportistas milionários, pagos com o nosso dinheiro em detrimento de Hospitais, Escolas e outras coisas, que são geridos por uma espécie de Cosa Nostra com apitos dourados; passeamos aos fins de semana, voando nas novas auto-estradas nos nossos carros de prestação eterna, pagando portagens infinitas para irmos a Centros Comercias todos iguais, como replicas de um admirável mundo novo, deixando na degradação as “baixas” das cidades onde se fecham as lojas com o café moído na altura e a camisaria com camisas feitas á medida, nesses Centros Comerciais pagamos com Cartão de Crédito com juros exorbitantes a roupa da Zara, que toda a gente vai usar igual, alimentado o ciclo infinito de garagens em Felgueiras onde trabalhadoras precárias recebem á peça para depois outros trabalhadores precários e mal pagos as venderem.
Esta modernidade aborrece, embrutece quase o mesmo que o ranço salazarista. Ou não?

Comentários

Anónimo disse…
Realmente mudaram as moscas.
Será preciso outra revolução?
VENHA
LuisPVLopes disse…
É PRECISO E É URGENTE UMA REVOLUÇÃO!

MAS DESTA VEZ QUE SEJA UMA REVOLUÇÃO A SÉRIO!
Capitão Merda disse…
Revolução?!
Contem comigo e com a minha guilhotina!