Na quadra Natalícia somos bombardeados com iniciativas “solidárias”, é a Popota, os jantares para os sem abrigo, os brinquedos distribuídos, etc.…
No entanto todas estas acções são no mínimo descabidas, quem não tem abrigo não o têm 364 noites por ano, quem não tem jantar, o mesmo.
Vivemos um momento estranho de uma sociedade desumanizada que vai aplicando pequenos pensos rápidos para estancar grandes hemorragias:
Os velhos estão sozinhos! Estão sozinhos porque as famílias foram desmembradas ao máximo, porque os familiares directos lutam com dificuldades económicas, porque fazem o turno da noite como segurança do último templo do consumo e bico calado, porque não existe uma rede de apoio condigna à terceira idade. Porque um velho (não um sénior, um velho) é um empecilho, alguém que esgotado e gasto pela vida, privado de algumas faculdades, físicas e mentais, ainda têm de descobrir como subsistir à tona da miséria, seja a comer comida de gato para poupar nas fraldas, seja sentando-se ás escuras para ligar o aquecedor, seja tomando o comprido diário em dias alternados.
As crianças não têm prendas, as famílias não têm ceias, algumas não têm abrigo! Porque o desemprego cresce, porque o emprego precário também, porque os salários são ridículos e por mais que se fale na retoma e da luz ao fundo do túnel o que se vê são as luzes frias e postiças de algo que já foi de todos e agora é privado.
E não é solidário o Natal é solitário, porque cada um de nós se sente mais só, porque uns dias de brindes não acalmam um ano inteiro de insuficiências, de mentiras, de prepotências, de injustiças, de histórias mal contadas, de cabalas que não serão equídeos, mas que nos fazem sentir mais bestas de carga, porque no meio disto tudo existem computadores com nome de descobridores fabricados por quem descobriu o último Brasil, pacotes económicos de farsa, cimeiras onde depois de dias a fio se compra o direito a poluir, doenças mal explicadas, ceias de Natal gourmet vendidas prontas, actores de novela a dançar no gelo, um programa de TV que acolhe uma família no desemprego e a expõe a troco de um dia na neve e um abastecimento de mercearias, o cumulo do luxo e da miséria em paralelo, negócios mal explicados, lucros fabulosos em falências apoiadas, a noção clara e exacta que não isto que queremos, eu por mim quero algo diferente, onde solidariedade não seja caridade mascarada de Popota, onde as causas identificáveis e evidentes destas doenças sejam erradicadas, onde o brilho maior das luzes de Natal seja apenas o reflexo de uma sociedade justa.
Comentários
Um beijo e um abraço, Camarada!
A insustentável hipocrisia do Natal que até mete nojo com os seus aproveitamentos.
Temos cá tudo outra vez e ainda com mais força...os 3F´S a Caridadezinha,etc...!
Beijo solidário dum solitário.
Depois de passar esta revista, a revista que entra em cena é a que estava anteriormente.
Engraçado é nas entrevistas que fazem aos comerciantes eles dizerem que aproveitam esta quadra para salvar o ano.
Para o ano, continua tudo mais na mesma. e lá para o fim do ano que está mesmo a chegar, vamos lá ver quem se salvará.
O 25 de Dezembro era uma festa para comemorar o solestício do inverno. Nem havia o pai Natal vestido de vermelho! Esse apareceu com a Coca-Cola. Já viste que serviu para alguma coisa. Diminui o numero de desempregados em determinada epoca do ano.
Natal feliz para ti.
Queixarmo-nos aos políticos, aos jornalistas, aos juízes? Estão todos a soldo do Grande Dinheiro (que, entretanto, vai enchendo ainda mais).
Penso que está na altura de enveredar por soluções mais radicais. Em nome de todos.
Feliz Natal.
Um beijo.
Como é que estás do teu pé?
Sobre o teu post, recorda-me as palavras, do nosso saudoso camarada
ALVARO CUNHAL «eles fazem o mal e a caramunha»
As tuas melhoras camarada.
Beijo
Um bom Natal e um 2010 cheio de esperança.
Anad
Um abraço da
Lagartinha de Alhos Vedros
Subscrevo na íntegra! Excelente!
Beijos,
Zorze
Melhoras para ti e que passes um Natal tranquilo e um final de ano em franca recuperação!
Beijo, Ana
Obrigada por este bocadinho tão cheio de conteúdo, triste, mas bem apresentado.
Maria Letra
não incomoda ninguém e é tua.
um grande Natal...amiga.
Bj
Pelas razões que sabes eu passei o Natal sozinho por ai, aliás acho que se tivesses vindo à janela me tinhas visto à esquina a fumar um cigarro, mas é como dizes o Natal é a absolvição do homem e podemos passar mais um ano a fazer m...
Espero que estejas no bom caminho para andar...
Um Beijo vizinha