Relembra

Relembra-me por favor essas histórias de mares revoltos
Ou aqueles frémitos de asas etéreas de pássaros migrantes
Relembra-me aquelas músicas que te encantaram
Ou o sorriso de outra mulher que te apaixonou
Relembra-me porque resolveste mergulhar nos meus olhos
Nos meus braços
Relembra-me a primeira gargalhada que partilhámos
Ou pelo contrário a primeira vez que o nosso olhar mergulhou no olhar do outro
De forma firme, de forma frágil ainda, mas trazendo consigo
Um reconhecimento
Relembra-me se foram os meus cabelos suados ou pelo contrário molhados
Com ar de algas marinhas, que te cativaram ou assustaram
Se foi um franzir de sobrolho que fiz
Ou o ar compenetrado com que corto os vegetais
Ou pelo contrário o ar abstraído quando mergulho no fundo dos meus pensamentos
Relembra-me como se estivesses a contar um conto a uma criança
Relembra-me o sabor do sal, do vento na face
Das carícias tímidas, dos abraços desesperados
Relembra-me essas coisas imperfeitas e conta-as
Como foram, porque a criança que guardo em mim
Precisa assim de um história de encantar

Comentários

Paulo Lontro disse…
Andas muito nostálgica, ou é impressão minha?
J. Maldonado disse…
Fiquei sensibilizado com este poema tão intimista. É da tua autoria?
Terrivelmente belo, este poema...
Anónimo disse…
Espero que ele oiça o pedido,porque a forma como esta escrito é uma pena que se perca no ar.
Anónimo disse…
Soubera eu uma história perfeita e aqui te a deixava ficar. Enquanto isso, abreijos.
Ana Camarra disse…
Paulo- Ando a precisar de mimos, talvez. Nostálgica, não sei.

Maldonado-È meu sim.

António-Obrigado, amigo.

Conde-Sabes que a poesia tem uma faceta especial é inspirada em muitas coisas, em muitas facetas, nem sempre num "ele".

Salvoconduto-O que peço no poema é uma história imperfeita, as coisas perfeitas são muito chatas.

beijos
Zorze disse…
Ana,

Estás nostálgica, sim!

Envio-te um mimo energético (energias mágicas de paz e serenidade) daqui para aí, para ti.

Beijos,
Zorze
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel- Obrigado amigo.

Zorze-Pois estou assim em baixo, agradeço essas energias.

beijos
Diogo disse…
Um belíssimo poema.

Beijo
Sunshine disse…
Lindo, mt lindo mesmo e sentido.

Bjs Ana.
duarte disse…
anita
sorry não ter aparecido mais cedo.
os sentimentos estão lá...procura-os e verás,que a memória está como o sentimento ligado a uma sensação , que o tempo relembra...
belo texto, sentido , como sempre.
um forte abraço
Ana Camarra disse…
Diogo-São umas palavras que se alinham na minha cabeça, caem pelos meus dedos.

Sun-Sentido é.

Duarte-Não tens obrigação de cá vir, amigo, os sentimentos são assim andam a boiar em nós.

beijos
LuisPVLopes disse…
Era uma vez, um principe encantado, que de tanto encantamento se esfumou para se transformar de seguida num sonho, num sonho lindo, praias e céu a perder de vista, cortado pelo horizonte brilhante onde o azul celeste se funde com o verde esmeralda do mar, onde o sol baila em reflexos na agitação das águas claras....

Pode começar assim essa história de encantar?!... Só que esta será perfeita, pois é a nossa tendência imperfeita que nos faz necessitar assim tanto da perfeição.

Xôxos

Ouss