Porque sim, mulher! Lado a lado.

Foto de autor desconhecido

Poderá entender-se que é um dia comercial, com flores, uma prendinha, um jantar, não é!
Poderá entender-se que é um dia que nem faz sentido, porque não faz falta marcar esta diferença, pois, também não!
Não é preciso recuar muito, a geração da minha mãe não podia abrir conta bancária, obter passaporte ou viajar sem autorização de macho, pai ou marido, em último dos casos, um “chefe de família”, irmão, cunhado, filho mesmo.
Não há muito tempo as mulheres nem sonhavam a ser professoras universitárias, engenheiras, motoristas de transportes colectivos, militares e outras coisas.
Na geração anterior, as enfermeiras e professoras primárias, não podiam casar, ou se dedicavam à carreira ou à família, tive uma tia-avó assim.
Usar calças, fumar (eu sei faz mal à saúde), sair sozinhas, ir a um bar, ser dirigente de um Clube era práticas proibidas a mulheres.
Mas pronto, é passado? Nem por isso!
O Fórum Económico Mundial, no seu último relatório, 2016, constata um retrocesso, contra as previsões de se atingir a paridade entre géneros a nível mundial, que o mesmo organismo estimava em 2015 para daqui por 115 anos, em 2016 a diferença cresce para 170 anos!
È obra!
Significa que num ano, a nível mundial regrediu-se algo como 55 anos na igualdade entre homens e mulheres no planeta, as mulheres continuam a ganhar globalmente 59% do que os homens, são apenas 23%  as mulheres a ocupar cargos de topo em empresas ou cargos políticos, apesar de existirem cada vez mulheres mais habilitadas e de nível de educação a diferença ser só neste campo ser apenas de 95%, e o resto?
Um pouco por todo o mundo as mulheres são penalizadas: por ter filhos, por engravidarem, por se encarregarem elas dos filhos em caso de doença, porque continuam a assumir o maior peso de gestoras domésticas, ainda que trabalhem, de cuidadoras dos idosos, em caso de conflito entre progenitores é mais comum serem as mulheres a arcar sozinhas, fisicamente, emocionalmente e financeiramente com os filhos.
Continuam a ser as vitimas preferenciais: trafico sexual, violência doméstica, assédio sexual ou violação, e não estamos a falar dos confins do mundo, é ao redor!
Podia falar na excisão que continua a ser praticada, uma forma bárbara de transição para a vida adulta que consiste em remover com uma porcaria qualquer cortante, desde uma lâmina da barba a uma lata, a possibilidade de prazer sexual às mulheres, uma coisa selvagem, pois.
Tão selvagem como num debate sobre demografia no Parlamento Europeu, em 2017, um deputado ter afirmado ““As mulheres são mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes” do que os homens e por isso “devem ganhar menos”; ou em Outubro quando foi eleita uma mulher como primeira-ministra na Nova Zelândia lhe perguntarem exaustivamente se seria capaz de desempenhar as suas funções e ser mãe, não estou a ver esta questão ser colocada a um homem, ou o recente caso do Tribunal Português que achou que um ataque planeado por um ex-marido e ex-amante a uma mulher, com a intenção de a matar, onde amarrada lhe bateram com tábuas com pregos, que preparam antes, ser justificável, porque afinal ela era adultera, tratava-se de uma questão de honra.
Mais longe, mas nem tanto, no Brasil, uma menina de 13 anos foi brutalmente espancada pelo pai por ter iniciado vida sexual, quase morreu, o Tribunal absolveu o pai, afinal estava a aplicar-lhe uma medida correctiva, por ser rapariga…
Depois há os sítios onde ainda as mulheres são trocadas por gado, casadas ainda crianças sem conhecerem o marido, 28 por minuto, há mulheres obrigadas a andar cobertas, como se ser mulher fosse um estigma, ou as que são obrigadas a prostituir-se, as raparigas Sírias obrigadas a trocarem favores sexuais por ajuda humanitária.
Em média 3 milhões de mulheres morrem por ano, ainda adolescentes, por mutilação genital, “crimes de honra”, praticados por familiares, TRÊS MILHÕES! Pura e simplesmente por serem mulheres, nada mais que isso.
Portanto há muito caminho para percorrer de modo a que este fosso, estimado em 170 anos, chegue ao zero, porque não queremos ultrapassar os homens ou ser iguais aos homens, queremos ser pessoas de pleno direito e apenas caminhar lado a lado, já que somos metade da humanidade.

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