Assuntos por classificar


Estar rodeada de livros dá vontade de escrever, em frente há os periódicos á esquerda a ficção/romance, autores portugueses e estrangeiros, do outro lado outras coisas, teologia, religião, medicina física, filosofia, culinária, há livros em francês e em inglês, há a coleção Cosmos inteirinha, há uma sala ao lado só com livros infanto-juvenis.
Faço uma “perninha” nessa sala depois de colocar os livros em ordem exactamente no local certo, enquanto o Santiago espalha peças de um jogo com cães e ossos, que afinal arruma depois da minha insistência em por os cães a fazer ó ó, enquanto o colega apanha ar e fuma um cigarro delicio-me com um livro da Mafalda, sem conter sorrisos o Santiago ri.
Há a Carminho e o Rogério que todos os dias fazem daquele espaço a sua casa, há o senhor muito surdo que tenta falar baixo mas grita, que todos os dias lê mais um pouco do livro sobre teorias de conspiração e corrupção, há a senhora que quer livros sobre um Abade que não existem em nenhuma das bibliotecas, excepto numa faz-se o pedido, mas não se faz o cartão, afinal a senhora quer ver o livro e se lhe agradar adquire cartão de leitora, embora se queixe da ergonomia dos sofás e há o Manuel (chamemos-lhes assim) que é, perseguido por teorias da conspiração mas que me achou exótica e “muito querida” a recordar uma amiga de infância que foi missionária, vou sempre sorrindo e respondendo com calma, disserta sobre a reserva de milhões que sabe onde está, contra o KGB e a CIA que o perseguem, contra os sindicalistas, os políticos, os policias, os ladrões, a família que lhe roubou a herança, o Instituto Português de soldadura que é talvez a melhor faculdade do mundo, confessa rezar pelo menos três terços por dia pelo país, diz que o mundo se salva com amor, requisita livros que entrega na hora porque depois de desfolhar descobre que não lhe interessam.
A conversa ou melhor, as conversas, porque volta quatro vezes só têm fio condutor na sua cabeça desarrumada, e eu que aprendi as siglas das cotas recentemente acabo por catalogar os vários assuntos que ele mistura: Teologia, economia, politica, engenharia, poesia, ficção estrangeira e nacional…
Despedem-se quase todos com um “até amanhã”, pois será até amanhã!


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