Final de Tarde!


Acabei por estar entre quatro paredes todo o dia, não dei pelo cinzento do céu se tornar em nevoeiro, nem pelo dia se tornar noite, agora dou por isso quando espreito á janela, despachei quase tudo o que tinha para despachar, para não perder a embalagem acontecem sempre uns imprevistos, que lá se consegue resolver, via telefone chegam-me outras coisas: a paisagem de outro sítio, o que outros comeram ao almoço, a chegada a casa de amigos, a chatice da escassez de açúcar com o Natal a bater á porta, conversas de trocos de algibeira e outras coisas mais.
Agora agarro-me a uma pausa, nem sei porquê ainda à pouco me ocorreu concluir que sou uma besta, que nunca consigo dizer exactamente o que sinto, ou porque posso ser mal interpretada, rejeitada ou simplesmente porque outras razões me impedem, o decoro, a educação, o espírito democrático e a estúpida mania de conciliar o mundo. Geralmente consigo escrever o que não consigo dizer, hoje o cesto dos papéis está cheio de rascunhos, folhas impressas que por um motivo ou outro foram rejeitadas e que recuso a deitar fora sem as gastar até ao último pedaço em branco, hoje acumularam ideias inacabadas pensamentos não concretizados, mas ainda assim consegui cumprir o que tinha delineado.
Agora estico o pescoço, dá esta sensação de estalinhos, uma coisa que se arruma, há uma dormência boa, daqui a pouco tenho de orientar qualquer coisa para comer.
Ocorre-me que se fosse outra eu, talvez fosse menos contraditória, mas se fosse outra eu não esta.

Comentários

Fernando Samuel disse…
Nem penses em ser «outra»!... e não estejas tanto tempo sem dar notícias...

Um beijo.