Na minha toca




Um buraco onde se cai, qual toca de coelho

Não o bicho fofo, manso, branco

Mas o bicho traiçoeiro que nos leva a

Uma toca feita com os restos das

Coisas que deixamos de usar

Deixei de usar aquele casaco

Num Inverno

Deixei de usar aquele sentimento

Porque deixei de ter espaço

Deixei de usar aquele sorriso

Porque o outro lado do espelho

Reflecte outra que não reconheço

Deixei de usar o tempo da mesma forma

Deixei de usar o corpo por puro prazer

Passei a usar coisas demasiado pequenas

Esqueci-me de usar as grandes

Guardo o amargo sabor do que devo

Comer e Beber

Caio assim na vertigem de

Agarrar algo

Comentários

Zorze disse…
O caminho da sabedoria tem ratoeiras que a mente não se apercebe à primeira vista.

E quando vislumbra... vê que todos fazemos parte disto.

São mais de trezentas e cinquenta milhões de coisas separadas e entrelaçadas entre si... Acredita em mim.

Beijoca.
LBJ disse…
Procura bem dentro do buraco, remexe e remexe e volta a remexer, deverá haver por lá um louco chapeleiro ou outra coisa qualquer que te fará voltar a sorrir e o resto importa mas pouco.

Beijos Vizinha
Manuel Jesus :P
Fernando Samuel disse…
Quando se «deixa» algo, sente-se necessidade de procurar algo...

Um beijo.