Fresquinho também é bom...


Ontem completei mais um aniversário, bom sinal, sinal que cá estamos, embora comemoremos qualquer aniversário em todos os dias, o dia do nosso nascimento é especial, sempre o celebrei com uma espécie de ansiedade que com o tempo foi sendo mais equilibrada, não eram as prendas, nem sequer o dia com largueza para mais brincadeiras porque ainda assim a infância foi recheada de dias assim, também não era o bolo, embora tivesse na minha infância os bolos mais fabulosos e mágicos que se possa imaginar, se hoje se fazem esculturas e bonecos em maçapão, naquela altura, o Sr. Armindo, artista de pastelaria, fazia pianos, caravelas, aviões e bailarinas em nougat, a encimar bases de pão-de-ló e doce de ovos, eram bolos fantásticos e artísticos, fabulosos dos quais nunca mais vi iguais. Mas ainda assim não era bolo, nem as prendas, nem a brincadeira, acho que foi sempre outra coisa, que passei a fazer com os meus filhos o celebrar da vida, o carinho com que se rodeia cada humano que aqui chega, se bem que muitos humanos nunca tenham direito a essa celebração. Os pormenores das lendas pessoais da família relatam que eu ia nascendo num pic nic em Pinhal de Negreiros, num domingo, quando aquilo era um pinhal, mas que esperei por segunda-feira, pelas oito da manhã, hora em que as buzinas das fábricas anunciavam, estridentemente o começo de um dia, neste caso de uma semana de trabalho, só nasci eu, aquela hora, naquele dia, na Clínica da Dr.ª Laura, outra instituição Barreirense, o meu pai contrário ao espírito da época, entrou na sala de partos comigo acaba de chegar, beijou-me ainda suja da travessia, de seguida foram aparecendo outros familiares, amigos, inclusive um clandestino comunista escondido lá em casa, que mais tarde se veio a tornar dirigente de um partido de direita, as voltas que a vida dá… Parece que fui feita numas férias de recem casados na Arrábida e talvez isso tudo me tenha dado um personalidade matutina, com a paixão por pinheiros como os que existiam em Negreiros, pelo fascínio do mar transparente da Arrábida, com o começar quase todos os dias cedinho, pronta a trabalhar, aberta a coisas novas e sempre deslumbrada com as antigas e confortavél no ninho de carinho que fez meio mundo telefonar, enviar mensagens dos diversos tipos, almoçar comigo num convívio fraterno e ainda aparecer á noite equipados de bolo de aniversário e na falta de champanhe com vinho verde fresquinho, que também é bom.

Comentários

malinka disse…
Parabéns atrasados...

Mas como cada dia que passa fazemos anos...

Que sejas feliz.
Fernando Samuel disse…
Um beijo grande de parabéns.
Unknown disse…
Parabéns, atrasados. De uma Carneiro para outra carneiro. Do Montijo para o Barreiro.
Bj
Zorze disse…
Ana,

No essencial, também tens o hábito de fazer anos todos os anos.

No essencial dou os parabéns por haver uma pessoa como tu.
Houvesse mais e o mundo seria muito melhor, com toda a certeza.

Por isso é o mundo que está de parabéns...

Beijos,
Zorze
Oi Ana!
Felicidades pelo aniversário, que já passou...mas que ainda está valendo :o)