Jardim fingido



No outro dia, segundo um dos membros da equipa que se estreou nestas coisas, fui comprar paus, por paus entenda-se árvores para plantar, neste caso, uma tília, para repor numa caldeira onde o vizinho banco de jardim e mesa de jogos abriga um grupo de velhotes, desculpem cidadãos seniores, na aconchegante sombra de uma árvore, acontece que os últimos vendavais arrancaram a fornecedora de sombra, os tais cidadãos pediram encarecidamente a recolocação de uma árvore e falaram com olhos gulosos numa tília. Pois sim senhores, a tília não tem raízes invasivas, é suficientemente resistente, têm um preço que podemos comportar, vamos aproveitar e levar os meninos do jardim de infância a plantar a árvore, será assim uma ligação geracional, ainda por cima perfumada, com a vantagem da sua folhagem servir de chá calmante, que a população bem precisa, mas com calma, por enquanto a tília é um pau comprido com rebentos e mesmo quando der folha, não convém retirar toda, voltando ao principio existem pessoas que enlouquecem em perfumarias, em lojas de roupa, bijutarias ou lojas de lingerie, eu é mais livrarias e viveiros de plantas, decididamente passo-me dos carretos, e é claro que assim foi, existe em mim um apelo agrícola de menina da cidade, onde já nem geneticamente reconheço raízes rurais, só se recuar mais de quatro gerações, a minha família nas gerações anteriores é composta por gente da cidade, das vilas, de qualquer forma urbana, burgueses…Eu continuo a sonhar com um pedacito de terra onde possa semear qualquer coisa, uma laranjeira e um limoeiro, um gamboeiro de se existir espaço, canteiros de cheiros, uns legumes e flores, assim comprei um vaso já com o pacote de sementes de alfazema, terra e substrato, mais um conjunto de três mini vasinhos, com terra prensada que é só hidratar e três tipos de sementes de girassóis de jardim e dois vasos com plantas em flor, primulas, aninhadas em folhas rugosas como a hortelã, aninham flores como as dos meus desenhos infantis ou menos infantis, porque a meio de reuniões desenho na orla do papel flores, a dificuldade foi escolher a cor, acabei por optar por umas tom ciclame e outras brancas raiadas de amarelo estival, esperava as bocas de costume “onde é que esta mulher acha que tem tempo para as flores?”, mas apesar de tudo este meu desejo de plantar e fazer crescer não foi escarnecido, antes pelo contrário, verifiquei que os vasos das minhas primulas foram enriquecidos com taça por baixo de cada um, com água, assim florindo os meus dias, amanhã planto os outros…

Comentários

Diogo disse…
A fotografia é lindíssima, mas eu não percebo rigorosamente nada de botânica. Beijo.
Fernando Samuel disse…
Como eu gostava, também, de ter um pedacinho de terra, emprestado que fosse, aqui ao pé de casa!...

Um beijo.
Unknown disse…
Pois é, Ana, é Barreiro.
Quanto ao pedacinho de terra, tb não tenho, mas já tive, em tempos muto idos. Não calulas como é bom...
Agora, o único pedacito de terra que tenho esperança de vir a ter é, tal como tu, a terra dos vasos de plantas que me aventurar a comprar para minha casa (se me aventurar...)
Bj
Zorze disse…
Ana,

Li por aí 30% do post e há que ser rigoroso e transparente.
Hoje é domingo, quase segunda. Vou acender um incenso, ouvir uma música. A partir deste instante e a contar.
Se te disser que hoje vi um espírito às 5H30 da manhã, acreditas?
Pois é ...

Beijos,
Zorze
Ana Camarra disse…
Diogo

Eu também não, só sei que gosto de mexer na terra e ver as coisas a crescer.

Fernando Samuel

Um dia destes fazemos uma reforma agrária, os dois, vale?

Ana

Eui aventuro-me e a Primavera tem este apelo irresistivél.

Zorze

Tu viste um espirito e eu plantei coisas

Beijos