Pontas soltas


Volto a pegar nas pontas soltas da minha vida, coisas que deixei inacabadas com um estalar de ossos, nada parou, é obvio que não fui insubstituível, uma tentativa de voltar á normalidade pouco normal, porque uma coisa é certa os meus dias raramente são monótonos, calmos ou pacíficos e por outro lado esta semana de regresso deu-me a noção clara que existem razões pelas quais ainda não tive alta, se por um lado continuo a estar dependente, não para tomar banho ou vestir-me, mas para ser transportada, não consigo fazer ainda aquelas maratonas de multiocupações a encher todos os minutos e todas as horas, tenho mesmo que parar de vez em quando é o meu corpo que me grita quando o tornozelo incha e se torna dolorosamente perceptível a existência de costuras cirúrgicas recentes e a existência de coisas aparafusadas aos meus ossos, nesse momento nada a fazer, tenho mesmo de pedir encarecidamente a boleia a um dos prestimosos amigos ou familiares e parar.

Está frio, não ajuda de todo, continuo com esta alma de andorinha que prefere seguir o Verão, aborrece-me solenemente pedir ajuda, reconheço que a oferecem de boa vontade, volto lentamente (muito lentamente para o meu feitio) a regressar ao mundo que no fundo escolhi, a pequena perspectiva de mudar a realidade, o sentir-me útil, a participação activa, a convicção que a vida é feita assim de pequenos nadas, mas que esses nadas são feitos de múltiplas coisas, já tenho os compromissos pendurados na agenda, voltei a usar relógio, voltei a usar-me a mim e por acaso apesar dos inchaços e dores ocasionais sabe-me bem.

Comentários

Zorze disse…
Ana,

Não queiras as amarrar todas de uma vez, as pontas soltas.
Vai com calma ...
Apesar do livre arbítrio ...

Beijos,
Zorze
Maria disse…
Re.começar sim, mas lenta.mente.
Olha só os pontos que aqui deixei...

:))

Um abraço, Ana
Fernando Samuel disse…
«Saber-te bem» é o que conta!...

Um beijo.
Unknown disse…
Um dia de cada vez, parece ser o segredo.
Força para juntar todas essas pontas. E, já agora, um conselho: deite o relógio fora.
Akhen disse…
Olá Ana

Tenho vindo aqui. Leio, mas não escrevo nada. Tu caiste da escada e partiste a extremidade da perna, ou como diria um amigo meu que já se foi, "um amendoim".
Eu, levantei-me da cama, depois quando regressei ao sitio de onde tinha partido, sobrou espaço e faltou cama. A mesa de cabeceira que está ao lado fez a traição de abrir a ultima gaveta, gaveta essa onde eu bati com o manancial onde nascem as ideias. As ditas ficaram baralhadas e só agora voltei ao pc.
com as ideias mais ou menos arrumadas.
Pelo que verifico muitas coisas aqui se passaram, seja "isto tem dias" e o romance da coxinha ainda não tem o fim à vista. O que me parece que se está esgotando é a tua paciência.
Pensa, porque tu podes pensar bem, que tudo requer o seu tempo para consolidação. Mas sabes, contrariando o que disse agora, não foi necessário muito tempo para ir do sitio onde eu pensava sentar-me até aquela gaveta e depois para o chão. Uma coisa é certa. Comecei a cair e acabei.
Ana, espero que as melhoras sejam rápidas. Que a paciência se sublime em ti, como virtude.

Paz e Luz na tua casa
Anónimo disse…
É bom ver que estás a recuperar, pois se te sabe bem, isso só pode ser bom!
Ana Camarra disse…
Zorze

A minha tendência natural é agarrar tudo de uma vez.

Maria

Deixa, que por muito que eu queira, os tais pontos metem freios...

Fernando Samuel

Sabe pois!

Akhen

Primeiro espero sinceramente que esteja tudo bem, depois não era preciso seres tão solidário...


André Miguel

È bom voltar à vida.


Beijos