Histórias de Amor muito mal contadas – Branca de Neve



A primeira noção que temos de amor para além do ninho familiar é dada através das histórias, contos de Fadas, histórias da Carochinha, os ingredientes básicos são quase sempre os mesmos: Princesa ou menina linda, madrasta ou bruxa má, um, ou mais, personagem auxiliar simpático, um príncipe, um beijo e o final “viveram felizes para sempre!”, embora eu não acredite!

Por exemplo a Branca de Neve, linda, perseguida por uma madrasta vaidosa, acaba por fugir com a conivência do caçador que estava encarregue de a matar, refugia-se no meio da floresta com sete anões mineiros, caí na armadilha da maçã (outra vez as maçãs) e fica num sono eterno e é despertada por um beijo apaixonado.

Para já o Príncipe no mínimo era parvo beijar um cadáver e apaixonar-se pelo seu aspecto parece-me digno de patologia mental, olha um filho meu chegar a casa e dizer “Vi agora uma morta que é a mulher dos meus sonhos!”

Depois, nunca percebi a madrasta, com as facilidades da Corporacion Dermoestetica fazia um facelift, porque a outra na floresta a lavar roupa de mineiros e a limpar a casa, depressa deixava de ser tão radiosa. Depois essa coisa dos anões é estranha, eram sete e da mesma mina tiravam diamantes, esmeraldas, rubis, o que já por si é esquisito, mas viviam assim numa cabana, desconfio que sem água canalizada, saneamento ou electricidade, escondidos na floresta, cá para mim eram contrabandistas ou de um ramo da Al Qaeda.

A Branca quando se instalou ocupou só as sete camas, ou eram anões muito pequenitos ou ela era rapariga que dava para jogar na NBA, depois disso onde passou ela a dormir? Já agora os anões não foram muito bonzinhos ela ficou mas foi em troca da lida doméstica.

Depois já se sabe, morde a maçã envenenada, também não devia muito á inteligência, fica-se, fina-se, estica o pernil, apaga-se. Os anões constroem um caixão de cristal (outra coisa estranha) o Príncipe encantado aparece beija-a e ela acorda, borrifa-se para os anões e vai embora!

Também nunca percebi os maus se as querem matar, assumam, um tiro, uma flecha ou uma facada, agora é só coisas tortuosas: uma roca ou uma maçã envenenada, coisas pouco práticas, parecem as coisas que fazem ao 007, um acido a corroer uma corda para cair num fosso de tubarões, está-se mesmo a ver que aquilo acaba por não dar.

Falta contar o resto, ela tinha um tom de voz irritante, o Príncipe passava o tempo que podia a andar a cavalo pelas florestas, ela recriminava-o sempre “O Atchim acompanhava-me a todo o lado” “O Rezingão servia-me o pequeno almoço” “O Feliz trazia-me uma jóia nova todos os dias….” “ÈS GRANDE MAS NÃO ÈS GRANDE COISA”

Comentários

Fernando Samuel disse…
Realmente, vistas as coisas assim...

Um beijo.
Cah. disse…
ah que é isso, eles viveram felizes para sempre!!! sihiaushuias
mugabe disse…
São as conhecidas estórias da carochinha.

Abraço Ana, o pézito vai melhor ??
Anónimo disse…
Aninha como vai o pezinho?

Já agora porque não a história "A casinha de chocolate"?

Um beijo


Lagartinha de Alhos Vedroa
Anónimo disse…
Adorei ler! O post diga-se...

Eu vejo algumas destas histórias como autênticos exemplos de psicologia infantil, se reparares estão lá quase todos os traumas e complexos da infância de que Freud fala. Os Grimm sabiam-na toda.

PS: estou de regresso com nova morada blogosférica.
Ah e bom ano de 2010!
Anónimo disse…
Oh Ana, que análise gira....
É por causa dos traumas de Freud presentes na História que ainda acabamos, hoje, por acreditar que um sapo pode virar um Princípe, seja lá o que for que isso signifique.
As melhoras.
Dulce
Zorze disse…
Ana,

Esta história retrata os vários aspectos comportamentais do ser humano.
A questão do ego - espelho, espelho meu...
Ser-se muito boazinha e humilde.
O príncipe encantado e viver feliz para sempre.
Esta como outras inculque nas mentes, logo de criancinhas, a ideia do ser feliz.
Quando na realidade, não nascemos para ser felizes, nem para viver contos de fadas.
A coisa é mais séria do que se pensa, pois muitos de nós definimos Proéxis antes de nascer.

Beijos,
Zorze

P.S.: Também existem versões cinematográficas da Branca de Neve e os sete anões com bolinha vermelha.
É ver o Rezingão em bicos de pés em cima da cadeira, a coiso e tal...
Anónimo disse…
Julgava que tinham sido felizes para sempre!
Como vai o pernil?
Beijo
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel

Esta mania de ver as coisas de outra forma...

Poppy

Dizem que sim mas não devemos acreditar em tudo.

Mugabe

A da Carochinha é outra. A perna está quase!

Lagartinha

A da Casinha de Chocolate apesar do nome doce é um história de terror!
A perninha está quase.

André

Para já manda o novo endereço, depois já viste o filme dos Irmãos Grimm? Fabuloso!

Dulce

O que vale é que as mulheres tem vindo a aprender que a salvação reside nelas próprias não nos encantados homens, sejam sapos ou de outra qualidade.

Zorze

Os contos ditos de Fada têm muito que se diga, essas versões que mencionas não me interessam.

Carlos

Pois, não consigo acreditar que foram felizes para sempre.
A perninha está quase a voltar á função.

beijos grandes
PDuarte disse…
há algo de perverso em todas os contos infantis.
em todos.