Ainda não é sexta-feira!


Sexta-feira é o dia novo em folha do ano novo em folha, ainda por cima com um fim-de-semana á porta.

Só o é porque o Imperador Constantino e mais uns maduros estabeleceram assim um calendário, uma tabela que nos rege os dias, os meses e os anos, pois para mim é Inverno e desconfio que a próxima sexta feira não me vá trazer grandes alterações ao meu dia a dia, o meu dia zero será a meio de Janeiro quando puder começar a colocar o pé no chão e retomar o meu dia a dia, a perna desinchou ao ponto de serem perceptíveis os parafusos atarraxados ao osso, parece que é bom.

Na cozinha, onde jantámos comer já feito, comprado pelo meu cara metade que voltou com febras grelhadas e votos de melhoras de vários conhecidos, os meus dois homenzinhos (homenzarrões) discutem o que é arte? A conversa é transversal, referem movimentos como o cubismo, fala-se de folclore entre outras coisas, dou comigo a pensar que não serão assim tantas as casas em que dois jovens adultos discutam arte enquanto arrumam pratos na máquina de lavar, afinal não tenho feito mau trabalho.

Amanhã debaixo da minha tirania vão alcançar a farinha, açúcar, chocolate e demais ingredientes para confeccionar um bolo, vão para a sua programação de fim do ano e eu não deixo de fazer balanços nas colunas de Deve e Haver do ano que acaba: perdi pessoas, ganhei pessoas, reforcei laços, abrandei outros, tive sobressaltos, alegres e tristes, o último trimestre veio como tudo com ondas de dor e carinho, assim como os meus filhos, o que não queria sair e demorou três longos dias para nascer, que ainda hoje pondera tudo infinitamente e desloca-se com uma lentidão exasperante, com o seu ar de pinheiro bravo, fino e apontado ao céu, o outro, que nasceu com a pressa que ainda hoje têm curioso e de olho aberto, a rir muito cedo, mas com o cordão umbilical enrolado no pescoço na sua pressa de viver, que têm o aspecto de um pinheiro, mas manso, só pelo tronco mais forte e a copa mais redonda, como balanço não é mau, um continua a estar teimosamente colado a mim silenciosamente, lento, mas por cá e o outro foge, corre para a vida parando amiúde para se esfregar em mim, soprar-me no pescoço, porque acho que nunca desenrolaram completamente o cordão…

Comentários

poesianopopular disse…
Tenho o previlégio de ser o primeiro a ler as tuas belas palavras, que me enchem de alegria por sentir nelas o orgulho de uma mulher inteira, camarada, mãe (Avestrus)Companheira,e guerreira de todas as lutas, pronto já chega!
Bom Ano, para essa família maravilhosa, beijinhos e as melhoras.
Anónimo disse…
Namastê, para si, minha linda senhora.
Fernando Samuel disse…
Que o teu dia zero chegue bem e depressa - falo do dia zero de Janeiro, porque esses dois jovens a discutir a Arte enquanto arrumam a louça na máquina... bom, isso é mesmo um grande dia!...

Um beijo - e um 2010 com muitas e fortes lutas.
Anónimo disse…
bem-vinda à luta!

1 beijo e 1 bom ano.
o teu vizinho
Zorze disse…
Ana,

Lindíssimo post.
Como sabes, o Amor de Mãe é das forças mais poderosas do Universo.
E essa energia está toda plasmada nas tuas palavras belíssimas.
A ideia do dia zero, desculpa-me minha linda, mas no meu modo de entender a vida, não existe, ou melhor, existiu algures em tempos, apenas uma vez.
Todos os dias são importantes, todos. Mesmo que "em primeiras vistas" não percebamos a sua profundidade, como experiência somativa de nossas existências.

Quanto ao Ano Novo, estou agora a preparar-me para o Reveillon.
Já me cheira a grelo e champagne!
Sabonete de Alfazema para abrir os portais multi-dimensionais.
Até amanhã de manhã, que oportunamente, será enfim, sexta. E mais um ano que se carrega...
Espero entrar, a entra-lo e não entalado ficar.

Um Bom Ano Novo,

Beijos,
Zorze
Mar Arável disse…
Tudode bom para si

e para o seu espaço

incontornável
Ana Camarra disse…
José- Tu é que és um amigo maravilhoso!

Anónimo-Igualmente!

Fernando Samuel-Já só falta uma semanita!

Meu menino vizinho-A luta nunca para!

Zorze-No expectations é melhor!

Mar-Obrigado.

Beijos