La grande bouffe (A Grande Farra) é um filme de 1973, realizado por Marco Ferreri, a acção é simples, quatro homens de meia idade, magistralmente representados por fabulosos actores, Marcello Mastroianni, Michel Piccoli, Ugo Tognazzi e Philippe Noiret, juntam-se numa vivenda para um fim de semana de excessos, gastronómicos e sexuais, com um bando de prostitutas contratadas para o efeito. Os excessos pretendem única e exclusivamente provocar o final da vida numa fase em que a decadência física ainda não tomou conta dos seus corpos e partirem assim em estilo.
Depois há reviravoltas. Não é um filme fácil, quando o vi fiquei incomodada, a principio até parece uma comédia semi-erótica, mas depressa uma miséria moral, um vazio de objectivos, uma tristeza camuflada, uma falta de determinação e coragem, entre outras coisas se sobrepõe à imagem que aqueles homens fazem de si próprios, bem como ao final que querem dar ás suas vidas.
O que se passa em Portugal lembra-me esse filme chocante, inquietante, uma tragédia a querer mascarar-se de comédia, um excesso de tanta coisa que só pode conduzir a uma espécie de morte. Seja ela real, económica ou então outra a morte de princípios, de valores e de integridade.
Nos últimos tempos sucedem-se escândalos envolvendo figuras públicas, mais do que figuras públicas, pessoas que têm vindo a ocupar, a desempenhar, cargos governativos, falo pela rama naquilo que me ocorre assim ao correr do teclado: O Caso Casa Pia, a consequente morte da carreira do Juiz que ordenou as detenções de figuras politicas, o caso Portucale, o Caso Felgueiras, o Caso Isaltino Morais, o Caso dos submarinos, o Caso Freeport, o caso BPN, as implicações de um conselheiro de estado no mesmo, a pseudo inocência e autismo do Presidente do Banco de Portugal, por último o caso Face Oculta.
São casos, muitos casos, com grandes implicações, são milhões debaixo das mesas, negócios de águas turvas, vendas de favores políticos, inconclusivos, arquivados, mas mais que tudo impunes.
O pior, o pior é que para além da impunidade este tipo de noticia, de caso, de processo, começa a ser banal, usual, corriqueiro, uma população desempregada, com emprego precário, com reformas baixas, a viver do biscate, a achar isto tudo natural, começa a difundir a opinião que os políticos se não “se encherem” são parvos, que se lá conseguissem chegar fariam o mesmo, que não importa pagar a luz ou comer apenas flocos de cereais, desde que se vista roupa de marca, que é normal adquirir um BMW que não se tenciona pagar, porque isto é mesmo assim.
Para além de me indignar com esta morte na casca de tantos e tão graves processos judiciais envolvendo governantes, banqueiros, ex-governantes e afins, assusta esta pobreza moral, esta morte de princípios, esta imensa farra em que este país se tornou onde alguns se intoxicam, excessiva e impunemente e outros aspiram a fazer o mesmo.
Depois há reviravoltas. Não é um filme fácil, quando o vi fiquei incomodada, a principio até parece uma comédia semi-erótica, mas depressa uma miséria moral, um vazio de objectivos, uma tristeza camuflada, uma falta de determinação e coragem, entre outras coisas se sobrepõe à imagem que aqueles homens fazem de si próprios, bem como ao final que querem dar ás suas vidas.
O que se passa em Portugal lembra-me esse filme chocante, inquietante, uma tragédia a querer mascarar-se de comédia, um excesso de tanta coisa que só pode conduzir a uma espécie de morte. Seja ela real, económica ou então outra a morte de princípios, de valores e de integridade.
Nos últimos tempos sucedem-se escândalos envolvendo figuras públicas, mais do que figuras públicas, pessoas que têm vindo a ocupar, a desempenhar, cargos governativos, falo pela rama naquilo que me ocorre assim ao correr do teclado: O Caso Casa Pia, a consequente morte da carreira do Juiz que ordenou as detenções de figuras politicas, o caso Portucale, o Caso Felgueiras, o Caso Isaltino Morais, o Caso dos submarinos, o Caso Freeport, o caso BPN, as implicações de um conselheiro de estado no mesmo, a pseudo inocência e autismo do Presidente do Banco de Portugal, por último o caso Face Oculta.
São casos, muitos casos, com grandes implicações, são milhões debaixo das mesas, negócios de águas turvas, vendas de favores políticos, inconclusivos, arquivados, mas mais que tudo impunes.
O pior, o pior é que para além da impunidade este tipo de noticia, de caso, de processo, começa a ser banal, usual, corriqueiro, uma população desempregada, com emprego precário, com reformas baixas, a viver do biscate, a achar isto tudo natural, começa a difundir a opinião que os políticos se não “se encherem” são parvos, que se lá conseguissem chegar fariam o mesmo, que não importa pagar a luz ou comer apenas flocos de cereais, desde que se vista roupa de marca, que é normal adquirir um BMW que não se tenciona pagar, porque isto é mesmo assim.
Para além de me indignar com esta morte na casca de tantos e tão graves processos judiciais envolvendo governantes, banqueiros, ex-governantes e afins, assusta esta pobreza moral, esta morte de princípios, esta imensa farra em que este país se tornou onde alguns se intoxicam, excessiva e impunemente e outros aspiram a fazer o mesmo.
Comentários
DAVA O MEU REINO ...
Bom, dava "uma parte" do meu reino a quem me dissesse onde posso encontrar um filme do Marco Ferreri que se chama "La Dernière Femme de 1976".
Vi este filme em 1984 e desde aí ... perdi-lhe o rasto.
Com Gérard Depardieu, Ornella Muti, Michel Piccoli.
A oferta continua válida !!!
:)
lembro-me também de ter ficado chocada com outro, "Feios,Porcos e Maus" É assim?
Pois não estaremos a ser governados por uma cambada de "Feios, Porcos e maus"?
Estás recordada, nem a reforma da avó escapava?!!
Não foi por acaso que passaste pelo cineclube do Barreiro,ficaram esses conhecimentos e o vicio do cinema, não é aninha?
Paulo, na Cinemateca de Lisboa, não haverá o filme?
Se o B. da Costa, fosse vivo, ele saberia muito provavelmente, onde poderias encontrar o filme.
Abracinho
Lagartinha de Alhos Vedros
Este, do Marco Ferreri, ficou-me na cabeça, dos poucos que só vi uma vez...
Talvez se alguém souber me dê uma dica. Vou contactar a Cinemateca, aqui no Porto já perguntei a meio mundo…
Quanto aos "outros" quando é que o Vara e os Penedos continuam com ordem para roubar ? quais criminosos de colarinho branco que há anos se passeiam pelas altas esferas do poder a raspar milhões. A justiça portuguesa, que faz ???
Beijos
Quanto a filme, devo dizer-te que gostei, mas saí de lá com um sentimento enorme de revolta.
Tanto no filme, como na realidade actual, fica provado uma coisa.
A natureza humana é capaz de fazer coisas do caralho. Essa é que é essa!
Ainda ontem, vieram me pairar aos ouvidos segredos de colegas, pelas quais metia as mãos no fogo.
Certo, é que nesta vida, muito pouco já me surpreende.
Beijos,
Zorze
Abreijo.
Vi o filme e na realidade o que se passa hoje em Portugal parece a cena quase final em que, não me recordo qual o actor come o puré de batata porque sofria de aerofagia e pensava que poderia morrer.
Isto por cá não é "A Grande Farra", parece-me mais Cuba na época do Batista, que foi viver para a Madeira, infectando com o seu virus o lider da "Républica das Anonas".(diga-se que o tal lider já tinha predisposição para...)
No entanto, por cá, também me parece "A Real Caçada do Sol", filme que só esteve em cena não chegou a semana e meia.
Quando me perguntam de onde sou eu digo que sou do Deserto. Sim, não sou tuaregue, sou o camelo.
Paz e Luz na tua casa
Um beijo.
Sinceramente não sei onde te safas…
Lagartinha
Os Feios, Porcos e Maus, só consegui ver uma vez, atormentou-me imenso. Ao longo da minha vida conheci várias famílias que podiam encaixar no filme.
Mugabe
A Justiça pelos vistos faz parte da farra.
Carlos Barbosa de Oliveira
Essa mentalidade assusta!
Zorze
Pois, eu ainda me surpreendo muito.
Samuel
Há uns dias que só pensava que isto está a ficar um grande forróbadó, mas triste, muito triste.
Akhen
Bom, acho que sou da mesma manada!
Esse que referes não vi.
Fernando Samuel
Uma decadência moral, assustadora!
Beijos