Pronto as rotinas entram em nós, habituei-me a começar a dormir lá para a meia noite depois da troca de turno a acordar ás três da manhã com a medição de tensão arterial, uma injecção na barriga, a ligação na veia que entupia sempre a meio do analgésico, não só prolongando o período de dor como ainda provocando um ardor incomodo na veia obrigando a tocar à campainha chamar a enfermeira que faz manobras de avanço e recuo até a veia estar bem, isto com soro, fluxo e refluxo, “é só um tirinho”.
O tirinho espalha-se pela mão e pronto....
Descobri os sítios secretos onde é tolerado que mulheres de pijama e camisa de noite, em cadeiras de rodas e suportes de soro olhem pela janela a mirar o rio ao longe e até o trabalho com um olhar guloso enquanto fumamos um cigarro estacionadas no símbolo vermelho que proíbe o fumo.
E a rotina é assim, entranha-se, conhece-se as enfermeiras e auxiliares as voltas do pé coxinho da cama para a cadeira de rodas, da cadeira de rodas para a sanita, é uma dependência estranha, que nos faz agradecer muitas vezes, muitíssimas, pensar baixinho “isto passa”.
Depois chega ao médico, explica coisas, diz que vamos para casa e não pensamos em mais nada, não pensamos que é um segundo andar só possível de subir de outra forma, que é impossível subir agora para amanhã descer de novo, tirar o rx, voltar a subir, para no dia seguinte descer outra vez, impossível, impossível...
Portanto, arranjam-se soluções alternativas, hoje fica-se numa casa, de uma amiga com quem se partilhou ensejos adolescentes, dores de jovens mães, queixas de mulheres crescidas, a casa tem elevador, no dia seguinte será outra casa de outra amiga, também com elevador da garagem para o piso, com quem partilho objectivos, magoas de gaja mais crescida com outra mais nova, projectos comuns e uma grande cumplicidade, transformei-me na andarilha da perna de gesso...
Por um lado fica o velho adagio de que não há sitio como a nossa casa, as saudades do nosso cheiro da nossa almofada, das coisas nossas no nosso sitio, por outro lado a vaidade de ter pelo menos duas pessoas a disputar em que casa é que fico com a agravante de enumerarem as vantagens da casa de cada uma....
O tirinho espalha-se pela mão e pronto....
Descobri os sítios secretos onde é tolerado que mulheres de pijama e camisa de noite, em cadeiras de rodas e suportes de soro olhem pela janela a mirar o rio ao longe e até o trabalho com um olhar guloso enquanto fumamos um cigarro estacionadas no símbolo vermelho que proíbe o fumo.
E a rotina é assim, entranha-se, conhece-se as enfermeiras e auxiliares as voltas do pé coxinho da cama para a cadeira de rodas, da cadeira de rodas para a sanita, é uma dependência estranha, que nos faz agradecer muitas vezes, muitíssimas, pensar baixinho “isto passa”.
Depois chega ao médico, explica coisas, diz que vamos para casa e não pensamos em mais nada, não pensamos que é um segundo andar só possível de subir de outra forma, que é impossível subir agora para amanhã descer de novo, tirar o rx, voltar a subir, para no dia seguinte descer outra vez, impossível, impossível...
Portanto, arranjam-se soluções alternativas, hoje fica-se numa casa, de uma amiga com quem se partilhou ensejos adolescentes, dores de jovens mães, queixas de mulheres crescidas, a casa tem elevador, no dia seguinte será outra casa de outra amiga, também com elevador da garagem para o piso, com quem partilho objectivos, magoas de gaja mais crescida com outra mais nova, projectos comuns e uma grande cumplicidade, transformei-me na andarilha da perna de gesso...
Por um lado fica o velho adagio de que não há sitio como a nossa casa, as saudades do nosso cheiro da nossa almofada, das coisas nossas no nosso sitio, por outro lado a vaidade de ter pelo menos duas pessoas a disputar em que casa é que fico com a agravante de enumerarem as vantagens da casa de cada uma....
Comentários
Eu acho que o Blog também pode ajudar.
Beijo e as melhoras !
.
As melhoras e um beijo
A isso se chama Gestão do Momento e a capacidade de avaliação da realidade momentânea.
Quanto às casas a minha seria a primeira a ser riscada da lista - apesar de ter elevador -, por dispor de apenas uma cama de casal e como somos súbditos das regras sociais vigentes e normativas, não seria viável de todo.
Agora na questão da espiritualidade e multidimensionalidade não há quem a bata. Com incensos e magias...
Beijos,
Zorze
Um beijo de melhoras.
Quando regressar de viagm, volto cá para saber como estás.
bjs e as melhoras
O ambiente é o que descreves, com o sal extra de todos os habitantes da enfermaria terem noção de que durante mais de três horas estiveram com o peito aberto e sempre a um segundo de poderem não voltar. Por isso mesmo, quando se começa a dominar a rotina do lugar e a sentir que se está a entrar na curva ascendente, reina uma estranha boa disposição.
Agora, vais ver, é só mais um pouco... e já está!
Só que bem escusavae de ter acontecido...
Abreijo.
Para uma coisa no entanto não há mentalização que valha, a falta da travesseira, insónia pela certa...
Abreijos.
Afinal até deu para ver quem são na realidade os teus amigos e até que ponto te acompanham.
É aborrecido estares momentaneamente privada da tua mobilidade normal, é!
Mas Ana pensa que tudo tem uma razão de ser.
Há sempre algo de transcendente que nos coloca à prova.
A tua preocupação foi evitar que algo de grave acontecesse ao teu sobrinho, independentemente das consequências do que te acontecesse a ti.
Passaste essa provação, como outras.
Não será agora que perdes a paciência, é?
Não, reclamas mas porque é o teu feitio. -:)
PAZ e LUZ na tua casa