Li algures que quando a medula óssea entra na circulação sanguínea temos várias alterações, vómitos, ataques de cólera, até delírios e estados depressivos, isto para além da dor horrorosa e dos suores frios.
Não tenho tido delírios embora hoje tivesse sonhado que andava, ataques de cólera também não, vómitos tive e os tais suores frios, no instante em que trucidei o tornozelo, mas passou, mas estado depressivo tenho, imenso, não sei por cento e cinquenta mil coisas que tenho guardado no meu peito, nos últimos tempos, não sei se por pensar nos transtornos que esta paragem vai trazer, profissionalmente, pessoalmente, à família e a terceiros, se é por me sentir assim tão só, em mais uma cama anónima, num serviço trocado porque nem existia vaga no certo, a ter de solicitar ajuda para tudo…
Portanto pelo segundo dia de lágrimas inexplicáveis ou não e acima de tudo outra forma de estar só, porque de facto o Hospital está cheio, a enfermeira até achava que a colega tinha feito penso, lá expliquei que não, os médicos devem de se ter esquecido de mim…mas eu cá estou.
Entretanto leio, veio gaivotas que se passam por aqui a fazer-me pirraça da sua liberdade, fixo a grade da lâmpada florescente cheia de pó, ouço restos de vida lá fora que as visitas e o pessoal hospitalar trás consigo, invejo profundamente a hora da saída de alguns e o adeus apressado e risonho de quem tem alta.
Não tenho tido delírios embora hoje tivesse sonhado que andava, ataques de cólera também não, vómitos tive e os tais suores frios, no instante em que trucidei o tornozelo, mas passou, mas estado depressivo tenho, imenso, não sei por cento e cinquenta mil coisas que tenho guardado no meu peito, nos últimos tempos, não sei se por pensar nos transtornos que esta paragem vai trazer, profissionalmente, pessoalmente, à família e a terceiros, se é por me sentir assim tão só, em mais uma cama anónima, num serviço trocado porque nem existia vaga no certo, a ter de solicitar ajuda para tudo…
Portanto pelo segundo dia de lágrimas inexplicáveis ou não e acima de tudo outra forma de estar só, porque de facto o Hospital está cheio, a enfermeira até achava que a colega tinha feito penso, lá expliquei que não, os médicos devem de se ter esquecido de mim…mas eu cá estou.
Entretanto leio, veio gaivotas que se passam por aqui a fazer-me pirraça da sua liberdade, fixo a grade da lâmpada florescente cheia de pó, ouço restos de vida lá fora que as visitas e o pessoal hospitalar trás consigo, invejo profundamente a hora da saída de alguns e o adeus apressado e risonho de quem tem alta.
Comentários
Quando li este post fiquei preocupado e desatei a ler o post anterior para saber mais do teu estado quando li o teu "malabarismo" ...!
Desejo-te as melhoras rápidas e aproveita para a leitura em dia ...!
Bjks da M&M & Cª!
PS: E não abuses da NET ...!
Beijo
Abreijo solidário.
Agora é recuperar e ter paciência.
Os teus não merecem que os faças sentir ainda mais impotentes do que aquilo que já se sentem, por isso vê lá não sejas mariquinhas e pára de chorar.
Acredito que choras pelas saudades de estar em casa com quem amas, mas eventualmente segunda-feira se tudo correr bem, terás alta e com este pensamento, os teus suportam melhor quando lhes dizes que tiveste ataques de choro compulsivo.
Podes também esconder e não dizer que os tiveste, mas aí ainda seria pior!
Olha, li este e gostei, por isso deixo-to aqui:
POEMA
Título: Coragem
Que a coragem não me falte, ao acordar
Que o olhar não se turve, se chorar
Que os ombros não se curvem, se pesar
Que o sorriso não esmoreça, se gelar
Que o meu passo não vacile, se doer
Que o sonho não desista, se sofrer
Que as mãos não se fechem, se perder
Que o medo não me vença, se vier
Que, enfim, o dia nasça devagar
E a lua, devagar, vá descansar
Que eu preciso de mim para viver
E não passo sem aquilo que sei ser.
Autor(a): Maria Carrilho
Data: Primavera de 2003
Ouss
Inevitavelmente já estás e passarás por vários processos mentais e físicos.
Pensa apenas que os terás que percorrer e fica tranquila.
Nem antecipar, nem atrasar passos. O corpo trabalha por nós. Cicatriza e solidifica.
Beijos,
Zorze
Vá, fica boa depressa!
Um beijo
As melhoras e, apesar da dor, aproveita para tentar descansar :)
Beijo
O contentamento que apaziguava a ansiedade, declarou-se pela hora do almoço, a expectativa era muita e a tranquilidade do lar exultava a paz de quem a adora, nenhum esforço era demasiado, porque a paz e a harmonia regressavam ao lar, convalescente sim, mas ali na paz do ninho familiar.
O choque foi duro!
A paz e a harmonia gerados na ansiedade de uma alegria declarada, esfumaram-se na impossibilidade de um edifício com 60 anos que não oferece as viabilidades requeridas para uma ascensão em cadeira de rodas, sequer pela força braçal, para chegar a uma mísera distância de 1 segundo andar.
Afinal a harmonia e a tranquilidade, na paz do ninho familiar teve de ser adiada.
Desta vez foram as minhas pernas que quebraram, assim como o sorriso na face dos filhos se converteu num traço.
Ao menos não está no hospital! Exclamaram!... Pois, ao menos isso!...retorqui!
Afinal um bom amigo é sempre algo muito reconfortante, mesmo que signifique o adiar da harmonia familiar tão desejada e do conforto que só a nossa casa nos dá. É também um 2º andar, mas o elevador fez toda a diferença.
De facto, um bom amigo e ou amiga, que é o caso, é sempre um reflexo daquilo que somos e como o somos.
Bjs
Ouss
Venho engordar a lista dos que estão aqui...
Detesto ficar de cama e imobilizada. À princípio fico irritada, depois deprimo, mas logo em seguida me resigno e tudo fica mais fácil.
São as tais pausas forçadas que às vezes nos surpreendem...
Seja paciente que logo estará bem :o)
um beijo.
Eu sei que é fácil falar e escrever ainda mais fácil é, mas só posso dizer-te que é natural a ansiedade e um pouco de revolta de quem fazia da velocidade na execução de qualquer tarefa o seu lema, estar agora obrigada, por imponderáveis causas, a estar presa num hospital.
Ana, que tenhas força para ultrapassares todos os teus medos.
PAZ E LUZ na tua casa