Fim do Mar




Olhando muito o mar penso na loucura ou no desespero que levou homens a atravessa-lo assim para um horizonte que a olho nu acaba em nada.
E os barcos eram feitos de troncos de árvores, coisas terrestres com os pés, neste caso as raízes enterradas no fundo da terra, só assim vivem, mas vivem depois disso em tábuas compridas, com cheiro a resina, e pregos longos feitos com fogo e minerais também tirados da terra, as velas também feitas de fibras terrestres, fios de plantas, só com esta terra toda se podia ir até ao fim do mar…
Assim somos nós presos por coisas aparentemente diferentes, mas nem por isso.

Comentários

Zorze disse…
Ana,

"Assim somos nós presos por coisas aparentemente diferentes, mas nem por isso."
Em que é que ficamos?

Na realidade, estamos presos mental e fisicamente nos somas que envergamos e neste espaço físico que ocupamos. Essa prisão que não entendemos bem, e por sermos muito mais que a nossa óptica permite, dá azo, a pensamentos transcedentais.

É a nossa consciência que sub-liminarmente sabe que somos muito, muito mais do que pensamos na vigília física.

Beijos,
Zorze
mugabe disse…
Ana,..tu és uma inspiração profunda !

Abraço
Unknown disse…
GOSTO de pássaros a voar sobre o mar.....pois é !!!!

Abraços!
LuisPVLopes disse…
AGORA FIZESTE-ME LEMBRAR ESTE POEMA DE ANTÓNIO GEDEÃO, CANTADO QUE FOI PELO MANUEL FREIRE.

A PEDRA FILOSOFAL

"Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer

como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos

como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azul

eles não sabem que sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
que fuça através de tudo
no perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel
base, fuste ou capitel
arco em ogiva, vitral

Pináculo de catedral
contraponto, sinfonia
máscara grega, magia
que é retorta de alquimista

mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim

passarola voadora
pára-raios, locomotiva
barco de proa festiva
alto-forno, geradora

cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
e que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança"

Beijo

Ouss
Diogo disse…
Os teus textos somados às fotografias (soberbamente escolhidas) e à música de fundo, compose a stunning poem.

Beijo
salvoconduto disse…
Deixo-me prender facilmente, como por exemplo pela Ana aqui ao lado na tua playlist e pelas suas "pequenas mentiras"

Abreijos.
duarte disse…
estranhamente concebidos para sermos passaros sem penas, e com pequenos voos conquistamos o espaço com nichos de nós em cada nuvem, em cada gota de água em cada grão de areia...
abraço do vale(ainda em obras)
Fernando Samuel disse…
Nem por isso... bem pelo contrário...

Um beijo.
Ana Camarra disse…
Zorze-Ficamos assim….

Mugabe-Brigadito

António-Pois é mesmo!

Sensei-Bom poema.

Diogo-Até fico embaçada!


Salvo-As pequenas mentiras até fazem falta, principalmente estas.

Duarte-Tens razão pássaros sem penas, mas com asas.

Fernando Samuel-Talvez vice versa?!

Beijos