Uma certa irmandade....

Voltar a encontrar-te faz trabalhar os carretos da memória, de repente lembro-me de pequenos episódios.
Lembro-me de passares os intervalos da Secundária a falares de Bakunin ou Trosky, das tuas teorias envolvendo explosões, de uma rebeldia inata que tinhas, que muitos atribuíam ao facto de seres “acelerado”, alcunha que se te colou.
Lembro-me de me introduzires em Romances de Ficção Cientifica que me emprestavas, sempre num ambiente Medieval Fantástico, que acabou por definitivamente me empurrar até me apaixonar pelas Lendas Arturianas como passatempo e o papel das mulheres nelas.
Lembro-me que na segunda feira a seguir à Festa do Avante depois de um fim de semana de alguns excessos etílicos e experiências gastronómicas, vinhas entusiasmado com o prato de carne e esparguete que a tua mãe preparava, sempre nas segundas feiras da Festa do Avante.
Lembro-me de outras coisas, discussões eternas, filosóficas, musicais, com gente muito diferente, horas no tal banco de jardim, num café, na muralha.

Eu era a mais nova, absorvia tudo como uma esponja!
Lembro-me de partilharmos certos gostos musicais, de ver o Dune por tua causa (filme que tenho e revejo), mas de não ter percebido nada da primeira vez que o vi, porque fui vê-lo ao Teatro Cine a um domingo o que significava que a máquina já tinha trucidado desde quinta feira uns bons quarenta minutos de película. Não faz mal, vimos juntos, com explicações tuas, no Fritz Bar, a mandar toda a gente calar-se porque o filme, cassete Beta, não tinha legendas.
Há muito mais coisas que me lembro, de te ter forçado a ver Xutos e Pontapés à torreira do Sol na Ajuda e teres sido o único que achou que sim, enquanto o resto gritava que a miúda era maluca que o Grupo tinha um nome que não lembrava a ninguém…
Um último episódio, também na Ajuda, não sei se te lembras, de um fulano perdido de bêbedo que se acoplou ao nosso grupo e tentava desesperadamente emparceirar com uma das raparigas. Não sei porquê baptizamo-lo de Zebra e a cada uma para qual ele avançava, havia um membro do grupo que o enxotava dizendo “É a minha namorada!”, quando chegou a minha vez, o meu namorado já tinha reclamado outra, tu disseste “É a minha irmã!
Só um ébrio para acreditar que os teus olhos azuis e cabelos louros fossem irmãos dos meus castanhos escuros….
Mas sim, de certa forma temos uma certa irmandade, e é muito bom reencontrar-te.

Comentários

sagher disse…
e do sonhos nascia a loucura do momento, o celebrar a vida e uma amizade que nunca se perde, porque é um diamante precioso.
beijos
mugabe disse…
Ana,..isto é ficção ou é um roteiro verdadeiro ?

Abraço!
Ana Camarra disse…
Sagher-Preciosissimo!

Mugabe-Verdadeiro, há muitas testemunhas, a começar pelo comentador que te antecede.

beijos
Anónimo disse…
Ana

Pois era!


Sr. Mugabe, nada disso é ficção, falta dizer que a Ana era a miuda mais gira do bando, com os olhos muito abertos a sorver o mundo.
Acho que a determinada altura estavamos todos um bocadinho apaixonados por ela....
salvoconduto disse…
São as amizades sólidas que dão mais sentido à vida.

Abreijos.
sagher disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
sagher disse…
anónimo estás convidado para uma tarde de revisitas um dia destes, só tenho de saber quem és lol
e outra coisa, a mana, a mana da ana quando cresceu era....
o fruto da bananeira

LOL
Fernando Samuel disse…
É destes reencontros que é feita a parte boa da nossa vida - eu insisto: a amizade é tudo.

Um beijo.
Zorze disse…
Ana,

Isto faz parte da mesologia de cada um. A nossa história nesta vida.
Faz com que sejamos o presente da soma dos passados.

Beijos,
Zorze
Diogo disse…
Quando a verdade ultrapassa a ficção.

E que foi feito da Zebra?

Beijo
Ana Camarra disse…
Anónimo-Assim é dificil!

Salvo-As amizades são fundamentais.

Sagher-Quando descobrir o anónimo digo-te.

Fernando Samuel-Como dizes outra forma de amor.

Zorze-Tens de me explicar mais essa (acho que as escolhes de propósito para eu fazer perguntas...)

Diogo-DO Zebra, atenção, DO...
Não sei não faço a minima ideia andou esse dia todo atracado a nós depois perdemos o rasto de tal bicho!

beijos