Pronto o desconforto é total: os corredores, o cheiro, o medo, os tubos, os líquidos, os fios, as máquinas, os enfermeiros, os doentes, os médicos, os jardins e as visitas, nada a fazer!
Depois de ouvir o médico, jovem, a gaguejar um pouco, com olhos cansados, a explicar de forma perceptível o delicado balanço de cateteres, bypass, intervenções, circulação tratamentos.
Coloco eu as perguntas, parece que percebo, mas fica um monte de dúvidas juntas com outras de outra espécie, de todas as espécies que me atormentam, em catadupa.
Depois o tal passo acelerado.
Depois a rua, cheira a chuva!
Depois de ouvir o médico, jovem, a gaguejar um pouco, com olhos cansados, a explicar de forma perceptível o delicado balanço de cateteres, bypass, intervenções, circulação tratamentos.
Coloco eu as perguntas, parece que percebo, mas fica um monte de dúvidas juntas com outras de outra espécie, de todas as espécies que me atormentam, em catadupa.
Depois o tal passo acelerado.
Depois a rua, cheira a chuva!
Há crianças a brincar num recreio de um colégio, vozes infantis, alegres, uma golfada de vida. Logo ali em frente.
O Metro, eficaz e impessoal, com um conjunto de idosos ás voltas com a máquina, explicamos, exemplificamos, por fim resolvemos nós, com a falsa segurança de quem está familiarizado, mentira, pura mentira, quando nos vendiam um bilhete trocava-se um Boa Tarde! Obrigado!, junto com as moedas...
O Metro, eficaz e impessoal, com um conjunto de idosos ás voltas com a máquina, explicamos, exemplificamos, por fim resolvemos nós, com a falsa segurança de quem está familiarizado, mentira, pura mentira, quando nos vendiam um bilhete trocava-se um Boa Tarde! Obrigado!, junto com as moedas...

O Barco, não gosto destes barcos, tenho saudades dos outros mais lentos mas onde os bancos eram frente a frente e se podia juntar o grupo diário, com o jornal da tarde, também já não há jornais da tarde, pois não?!
Era o Diário de Lisboa, e um grupo juntava-se no meu sítio favorito: a varanda!
Da varanda cheirava ao rio, via-se o cais das colunas, as gaivotas, o rio com um tom de prata dado pela despedida do sol, via-se a ponte, o Cristo Rei, a Lisnave, depois os meus moinhos em Alburrica, a sombra da Serra da Arrábida.
Eu sei que demorava mais tempo, mas deviam ter deixado uns assim para pessoas como eu.
Em vez do jornal da tarde a minha irmã abre uma revista dita cor-de-rosa, pessoas de caras esticadas, diminutivos parvos, exposições da vida privada de uma qualquer actriz de novela, uma receita perfeitamente absurda: Sardinhas recheadas com maçã….
Comentários
Beijo
Que mal te fizeram as sardinhas?
Hoje só te faço perguntas, estou cheio de pressa pois tenho que dar a volta a todos.
bjocas
Abreijos.
Diogo-Digamos que a minha vida está no mesmo estado que a economia nacional.
José-Ando por onde tenho de andar, as sardinhas com maçã não me parecem grande espingarda.
Salvo-Aquelas torturas médicas não são para mim, são para alguém muito próximo.
Beijos
(obrigado pelo vosso carinho)
Que você esteja bem, é o que desejo.
Sempre gosto do que você escreve, mesmo quando é algo triste.
Preocupo-me mas são textos lindos, cheios de sensibilidade.
Beijos,
Sandra
Força moça. Kiss Grande
Que belos textos aninha!
Falamos depois!
Um abracinho
Lagartinha de Alhos Vedros
Sem dúvida que continua a ser difícil familiarizar-nos com a teimosia em mostrar-nos a solidão dos alienados entre milhões de semelhantes, na voz amanteigada - uma espécie de mistura entre massa consistente e limalhas - de uma maquina com uma função que em pouco difere de um autómata alimentador para gado.
A revolução é hoje!
Conde-E tantas coisas que ficam por dizer!
Ludo-Há sim!
Lagartinha-Também tinha saudades tuas.
CRN-Mas recuso-me a fazer parte dessa engrenagem!
Beijos
Também tenho muitas recordações desses barcos.
Ainda foram uns anos para lá e para cá.
Beijos,
Zorze
Um beijo.
Carlos-Sardinhas recheadas com maçã deve ser tão como melancia com ovos.
Fernando Samuel-Sim parece-me uma bebida ao nivél se bem que no outro dia vi um Sumol de laranja e chocolate....
beijos