Parece que o nosso tempo em comum está a acabar.
Apesar da força anímica que sempre demonstraste, apesar de olharmos para ti e te ver corroída e responderes sempre que estás bem, apesar disso acho que o nosso tempo em comum está a terminar.
Olho para ti e vejo sempre o mesmo, outra mãe, uma amiga, cumplicidades.
Alguém que nunca se valorizou o suficiente, alguém que sempre tudo fez para ajudar os outros, alguém que despendeu do seu tempo, horas, dias, meses, anos até a lutar a prol de outros.
Alguém que sempre foi um exemplo, de dignidade.
Alguém que me levava pela mão a manifestações, que me deu a primeira bica, alguém que nunca me censurou por acender um cigarro, pelo contrário, dava-me um, alguém que me ensinou a usar tampões…
Alguém que vejo em fotos antigas, com um cabelo e olhos que se adivinham claros, um sorriso radioso, um corpo de sereia.
Alguém que nas minhas fases de maior solidão, de maior perca, estava lá sempre, naturalmente, sem dramas, sem espalhafatos, estava lá, a consolar-me com coisas simples, aparentemente insignificantes, mas importantes, um abraço, uma mão no ombro, umas luvas para o frio, um bilhete de cinema, um chocolate negro, uma almofada, coisas assim pequeninas, mas importantes.
Tricotavas-me camisolas, queixando-se sempre do comprimento dos meus braços, a ultima foi à uns escassos meses, fazíamos suspiros, castelos de claras com açúcar despejados para forminhas de papel plissado, eu tinha de subir para um banco, vimos filmes importantes as duas, caminhamos para o Coliseu, para a Voz do Operário para tanto sitio, ou para perto do Rio ou do mar por vezes, caminhadas importantes que aprendi contigo.
Cumplicidades, afinidades, duas mulheres que se reconhecem para além da idade, dos laços familiares, pelas opções comuns de vida, da alegria imensa de dar, sempre dar, que olham com surpresa para quem lhes faz um elogio, que acreditam imenso num mundo melhor, na ternura infantil, na música alegre, no cinema mágico, nos sapatos rasos e na roupa acima de tudo confortável, nos relógios certos, nos cacos antigos, nos trabalhos manuais que nos ocupam mãos e espírito, que servem para dar, ainda mais um pouco de nós.
Portanto não me pesa agora caminhar para te dar um pouco de conforto, um cheiro de rua, uma anedota, um abraço, assim coisas pequeninas e importantes.
Antes que o nosso tempo em comum termine.
Apesar da força anímica que sempre demonstraste, apesar de olharmos para ti e te ver corroída e responderes sempre que estás bem, apesar disso acho que o nosso tempo em comum está a terminar.
Olho para ti e vejo sempre o mesmo, outra mãe, uma amiga, cumplicidades.
Alguém que nunca se valorizou o suficiente, alguém que sempre tudo fez para ajudar os outros, alguém que despendeu do seu tempo, horas, dias, meses, anos até a lutar a prol de outros.
Alguém que sempre foi um exemplo, de dignidade.
Alguém que me levava pela mão a manifestações, que me deu a primeira bica, alguém que nunca me censurou por acender um cigarro, pelo contrário, dava-me um, alguém que me ensinou a usar tampões…
Alguém que vejo em fotos antigas, com um cabelo e olhos que se adivinham claros, um sorriso radioso, um corpo de sereia.
Alguém que nas minhas fases de maior solidão, de maior perca, estava lá sempre, naturalmente, sem dramas, sem espalhafatos, estava lá, a consolar-me com coisas simples, aparentemente insignificantes, mas importantes, um abraço, uma mão no ombro, umas luvas para o frio, um bilhete de cinema, um chocolate negro, uma almofada, coisas assim pequeninas, mas importantes.
Tricotavas-me camisolas, queixando-se sempre do comprimento dos meus braços, a ultima foi à uns escassos meses, fazíamos suspiros, castelos de claras com açúcar despejados para forminhas de papel plissado, eu tinha de subir para um banco, vimos filmes importantes as duas, caminhamos para o Coliseu, para a Voz do Operário para tanto sitio, ou para perto do Rio ou do mar por vezes, caminhadas importantes que aprendi contigo.
Cumplicidades, afinidades, duas mulheres que se reconhecem para além da idade, dos laços familiares, pelas opções comuns de vida, da alegria imensa de dar, sempre dar, que olham com surpresa para quem lhes faz um elogio, que acreditam imenso num mundo melhor, na ternura infantil, na música alegre, no cinema mágico, nos sapatos rasos e na roupa acima de tudo confortável, nos relógios certos, nos cacos antigos, nos trabalhos manuais que nos ocupam mãos e espírito, que servem para dar, ainda mais um pouco de nós.
Portanto não me pesa agora caminhar para te dar um pouco de conforto, um cheiro de rua, uma anedota, um abraço, assim coisas pequeninas e importantes.
Antes que o nosso tempo em comum termine.
Comentários
Abraço-te, Ana
tem sido com aluma intermitencia que o tenho sentido, mas isso sou eu, que esqueço o que de bom me dá a vida...
obrigado por lembrar-me que nunca caminhos sós.
abraço
Que bela ilustração,Álvaro Cunhal? ou António do Carmo?
Um beijinho
Lagartinha de Alhos Vedros
filipe-Muito obrigado pelas tuas palavras camarada!
duarte-É, nunca caminhamos sós.
Lagartinha-Pablo Picasso!
beijos
Também é verdade que para mim, o máximo são Álvaro e António do Carmo!!!
E assim vou aprendendo, em cada dia de vida com os meus amigos.
Um abracinho
Lagartinha
Um beijo.
Um bj
Fernando Samuel-Eu também!
Menina Idalina-è, mas as partidas as despedidas custam muito.
beijos
How can I say goodbye when I rather say hello?
That broke our hearts and many tears did flow.
Our lives have been shattered and sadness filled our days;
We miss your smile, your jokes, and unique playful ways.
The poem isn't mine. But, what more can I say?
Beijo
Nunca estamos sós e devemos sempre presentear, quem nos acompanha, com as coisas mais simples e importantes da vida...
Bjs
Sinto nas tuas palavras, uma espécie - apesar de muito levezinho - de baixar os braços e de uma culpa que não tens.
As mudanças, lentas ou bruscas fazem parte da nossa vida. A vida não é estática e contraria o nosso lado emocional conformista que mais gostamos. À primeira vista pode ser muito complicado, mas temos de entender que tudo se altera, não é a nossa vontade que determina.
Queremos muito que a vida às vezes seja uma foto parada no tempo. Uma imagem.
Beijos,
Zorze
Mesmo que não saibas se o reencontro alguma vez será possível.
AP-pois nunca caminhamos sós.
Zorze-Tu sabes que também não sou mulher de querer coisas paradas, antes pelo contrário. Mas há mudanças perfeitamente dispensavsis, estou cansada de me despedir de pessoas de quem gosto. Exausta!
Carlos-A vida obriga a tanta coisa!
Menina Idalina-Por acaso a ultima vez que falei com as pessoas de quem me despedi eternamente foi sempre com até já ou até logo.
beijos
Beijos Annielle,
Zorze
Abreijos
A mais velha, correu mundo, amou, sofreu, animou e desanimou, mas sempre transmitiu força, tinha uma fúria de viver como poucas, infelizmente deixou de conversar comigo e connosco, era um exemplo de força e coragem, tenho dificuldade em continuar, o teclado está turvo!...
A segunda, sempre lá esteve e, ainda está, para quem dela precisar, por quanto tempo?!... Não sei, apenas sei que, se calhar também em breve, estarei mais vazio, desprovido de mais alguém, que aprendi a amar como família íntima, falta-me a coragem, sim, falta-me a coragem de a ver assim!... Mas estarei presente sempre, mas sempre que ela sequer sonhe de mim precisar.
A terceira, essa, espero ainda poder continuar por muitos mais anos, mas não vai ser fácil, temos que fazer uma caixinha daquelas bonitas e onde todos estejamos sempre pacientes e voluntariosos, resguardando a última jóia de 3, procurando que brilhe tanto tempo quanto lhe for possível.
Caminhamos assim todos juntos, amparando-nos uns aos outros, sempre que um tomba, não podemos esmorecer, temos de que continuar, por nós e por eles, assim como pelos nossos descendentes, que no fundo, é em nós e neles, nos nossos descendentes que os que supostamente tombaram, continuam e continuarão vivos e, serão eternos.
Força miúda!... Força!
Xôxos
Ouss