Ai que saudades

Quando o mundo parece mais ou menos desaba ao redor de mim, não as grandes coisas só as pequeninas, mesquinhas e diárias, tenho saudades de mim.
De um outro eu, que vai desaparecendo lentamente, assim como aquelas fotos muito antigas que vão perdendo a cor, uma Ana que acreditava em tantas coisas, acreditava que as pessoas intrinsecamente eram todas boas (já me custa a acreditar) que acreditava que não lhe fariam mal deliberadamente, porque ela não é capaz de fazer, muito menos deliberadamente, que ninguém pode dizer assim, olhos nos olhos uma coisa e negá-la no instante seguinte, que acreditava que as boas acções só se reproduziam em boas acções, não em cálculos de fragilidade para ataques.
Tenho saudades de não me sentir sempre em falta, de sentir que falho, falho e falho, tenho saudades de ser alguém que acredita que sim, tudo se vai resolver, que a alegria, a calma, o carinho se podem reproduzir até ao infinito, que não precisa de se fechar para se defender, que não precisa de ser dura para não se magoar, que não se tem de justiçar constantemente.
Tenho imensas saudades minhas, tenho de marcar um dia para falar comigo.

Comentários

Anónimo disse…
Não adies, é muito importante reencontrarmo-nos com nós próprios. Há até quem diga que isso é uma arte.

Abreijos.
Diogo disse…
«Tenho imensas saudades minhas, tenho de marcar um dia para falar comigo»


Mas, Ana, este blogue não é isso mesmo? Um espaço de introspecção?

Beijo
Anónimo disse…
Tenho saudades da minha infancia, uma epoca que foi absolutamente perfeita!

beijinhoss
Ana Camarra disse…
Salvo- Vou marcar na agenda.

Diogo-è, também é.

Korrosiva-A minha foi tão perfeita como imperfeita.

beijos
Fernando Samuel disse…
Esse reencontro talvez talvez não esteja tão longe como pode parecer...


Um beijo.
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel

Já está na agenda!

Beijos
Paulo Lontro disse…
Ana, se necessitares do telefone dela ou morada do trabalho eu posso ajudar, ok?
Zorze disse…
Aninhas,

Acreditas que todas as pessoas eram boas? Tão fofinha!

A sério. Eu sei que sim, pois naturalmente acreditamos que os outros pensam como nós.
Só que a grande nossa professora, a Vida, vai-nos ensinando que não é bem assim.
E às vezes ensina-nos à força.

Beijos,
Zorze
duarte disse…
e se um dia te perderes , é só chamar , há muitos amigos à tua volta.
abraço
Ana Camarra disse…
Paulo-Obrigadinho!

Zorze-Por vezes com muita força!

Duarte-Obrigado, eu sei que sim.

Beijos