Deus está nos detalhes!



Não sei onde li ou ouvi essa frase, até tendo em conta a minha posição de não crente, com dúvidas muito grandes quanto ao divino, continuo a achar divinos ou pelo menos extraordinários pequenos detalhes, pormenores.
Nos últimos dias a minha vida tem estado com o tempo, chuvosa, um pouco fria, incerta. A vontade que tenho é de fugir para um sítio muito quente ou fugir para dentro de mim, uma espécie de hibernação.
Não consigo!
Continuo agarrada a pequenos detalhes, seja uma música que de repente, apesar de a ter escutado milhares de vezes parece apenas que foi escrita para mim, seja um livro de que me transporta não sei muito bem para onde, seja os pardais com sua azafama em busca de migalhas e aquele ar reguila, um cheiro de sândalo que se desprende de uma gaveta, o conforto e sim um pouco de vaidade naquela lingerie nova, que ninguém vai ver, mas que me assenta bem, que tem um toque atrevido (as mulheres contentam-se com estas coisas apesar da fama e exigentes), uma voz que atravessa torres de comunicação não para me apresentar problema nenhuma chatice, só para se fazer ouvir e ouvir-me, porque sim, pequenos nadas uma erva que cresce no meio do cimento e dá flor, assim sem ser regada, adubada, transplantada, que consegue aquele pequeno milagre de crescer e florescer sem ser pisada e apresentar uma corola perfeita, de pétalas simétricas, ou nem por isso porque as coisas muito perfeitas são frias e sem alma, de qualquer das formas é nesses pequenos detalhes que reside o único Divino.

Comentários

Anónimo disse…
Ana, escreve mas é lá o livro...!!!

Abraço
Anónimo disse…
Estou com o Jorge, escreve o livro.
Começa já, mesmo agora.
Abracinhos
Lagartinha
samuel disse…
Os pormenores mudam tudo... por vezes divinalmente.

Abreijos
Paulo Lontro disse…
Devido ao cansaço e saturação vês o caos mas a soma desses pequenos detalhes é na verdade o cosmos que define a tua vida com o que tem de bom e de mau.

Este espaço não é intemporal como um livro, não é para ler num momento qualquer, entendo-o como bocados de ti num determinado momento, muitas vezes momentos tão infinitesimamente curtos que não fariam sentido quando escritos ou lidos noutro momento.
Um livro não faz por isso sentido, mas é apenas a minha opinião.
Fernando Samuel disse…
E o Redondo Vocábulo é a «ilustração» perfeita para o teu texto...


Um beijo.
Anónimo disse…
É nos detalhes que todos nós nos revelamos, para o bem ou para o mal.

Abreijos.
Maria disse…
Quantas vezes o detalhe é o mais importante....

Um beijo
M. disse…
Ana,

obrigado pela resposta.
E votos de melhores dias... Aparecem sempre.

:)

M.
Diogo disse…
A fotografia do pássaro a lavar a cara está extraordinária. Tens tanto jeito para escrever como para escolher as imagens e as músicas que acompanham o texto.

Beijo
Zorze disse…
Ana,

Nada é trivial, nunca te esqueças.

O divino existe, está dentro de nós e à nossa volta, todos os dias e a todos os momentos. Não folga e é presente.

Quase tudo é divino, até as nossas existências.
Como a lingerie nova também o é. Divina.

Beijos,
Zorze
Anónimo disse…
E ELE revela-se.
Ana Camarra disse…
Jorge-Isto não é uma juke box!

Lagartinha-Não é mesmo uma juke box!

Samuel-Pois mudam!

Paulo Lontro-Percebo o que queres dizer e em certa medida tens razão, a maior parte dos meus escritos é temporal. Para construir um livro terei de ter um esboço de história, construir um enredo, que obviamente poderá reflectir experiências pessoais, memórias e sem duvida a minha forma de ser.

Fernando Samuel-O redondo vocabulo é uma música muito especial para mim.

Salvoconduto-Exactamente, para o bem e para o mal.

Maria- E assim deixam de ser detalhes.

M.-Aparecem sempre e eu dou sempre resposta.

Diogo-Eu acho os pardais reguilas e achei uma maravilha, esta.

Zorze-Sim as pequenas coisas são fundamentais, a lingerie é um acessório, mas não divinal.

Secreto Segredo-Pois será!

Beijos
J. Maldonado disse…
Eu também aprecio as pequenas coisas do dia-dia, pois sem elas a minha existência torna-se absurda... ;)
Anónimo disse…
Ao contrário de ti sou crente, mas não posso deixar de concordar contigo acerca deste texto.
Por isso mesmo eu creio que as pequenas coisas da vida, os pormenores, são ao mesmo tempo as melhores. A megalomania só traz infelicidade, e por isso mesmo já Epicuro aconselhava pequenos prazeres.
São os pequenos detalhes que marcam as grandes diferenças.