Se Deus existe tem um mau feitio do caraças Parte 4


Falei do Velho Testamento, prometi a mim própria que não era para estar assim a hostilizar os meus amigos crentes, que mais valia passar á frente.
No entanto quanto mais aprofundo os meus conhecimentos nesta matéria mais me aflige.
Hoje debruço-me muito pela rama pelo Novo Testamento.
Vamos por partes, Deus é omnipotente, tudo pode, tudo comanda.
Para dar um novo impulso de fé decide trazer ao mundo um Messias, seu filho.
Eu adoro os meus filhos, a coisa que me faz mais aflição é pensar na possibilidade de eles sofrerem, um filho mais do que um descendente é um depositário da nossa esperança, do nosso amor, por quem tenho um amor incondicional, por quem faria tudo.
Mas deus não age assim, o filho nasce, com uma mãe perseguida, a quem Deus deixa que seja levantado um véu de suspeição, com um pai substituto engajado á má fila, nasce numa manjedoura.
Pronto recebe prendas e é o depositário de esperança e amor.
Mas depois, Deus deixa que esse filho sofra, insultos, impropérios, chibatadas e por fim a crucifixação.
È severo este pai!
Mais ainda permite a coisa estranha que durante séculos, todos os que acreditem em si sejam perseguidos, muitos chacinados, torturados das formas mais maquiavélicas.
Depois os inimigos convertem-se e passam a acreditar.

Mas vai daí passam a fazer o mesmo aos outros, matam, prendem, torturam, perseguem.
Esta fé de amor é imposta a cacete, chicote e muita porrada.
Portanto a existir Deus é um sádico, porque se acreditam nele, levam porrada, depois se não acreditam levam porrada.
Permite ainda que a imagem do seu amor eterno seja a do seu filho, torturado e crucificado para toda a eternidade.
Entretanto o mundo continua a ter fomes e guerras, injustiças várias, e Deus parece apenas preocupado com estas questões comezinhas, com crucificações, autos de fé e pombas que fecundam mulheres, só para as fazer passar vergonhas...

Comentários

Anónimo disse…
Para mim as religiões é como as opções sexuais, cada um sabe de si e come do que gosta.

Eu não acredito em Deus(es)e não chateio ninguém com aquilo que desacredito, mas também não permito que me venham impingir as crenças alheias!!

beijinhos :)
Anónimo disse…
Já alguém disse que a religião é o ópio do povo. Causa-me confusão esses movimentos em favor da despenalização das drogas, é que há muito algumas delas estão despenalizadas...

Abreijo
Fernando Samuel disse…
O desgraçado do filho, lá do alto da cruz, ainda perguntou: «Pai, por que me abandonaste?» - mas o velho, mau como as cobras, por isso Deus, nem resposta lhe deu...


Um beijo amigo.
duarte disse…
creio que vejo sempre o lado bom das coisas,quando da minha filha recebo um sorriso...aí sim,essa sensação transcede muitas outras...
quanto a deus(es)...a crença sempre foi acompanhada pelo medo...
abraços do vale
Sunshine disse…
Tens razão.

Eu vou crendo numa entidade superior (?) entretanto pergunto-me como é possível que deixe acontecer tantas coisas tão trágicas. Aflige-me especialmente as situações que envolvem crianças, como é possível deixar que aconteçam ... enfim creio, descrendo.

Bjinhos
Anónimo disse…
Ana
Eu nem perco tempo com isso, os que acreditam que se entendam.
Bjos
sagher disse…
mas quem precisa de deuses? já basta a realidade para que as coisas sejam como são
Diogo disse…
Que grande bofetada em «Nosso Senhor». Pois o Tipo enviou o Filho em missão suicida para nos salvar. Mas Ele e o Filho são um só (mais o Espírito Santo). Portanto sabemos que a crucificação é uma tanga, pois como Omnipotente só sofre se quiser e como Omnisciente já sabia de tudo. E dizem que é infinitamente bom...
Anónimo disse…
pois, Cristo, ao que tudo indica terá existido e terá sido mesmo sacrificado... quanto ao pai, como diria o outro "começa a cansar-me"...
beijinhos
pbruno
Zorze disse…
Ana,

O antigo e o novo testamento são a junção de livros (evangelhos) que foram escritos à medida da interpretação que cada um dos autores entendeu o que vivia.
Outros ficaram de fora, os que não serviam.

Daí fizeram uma Bíblia uma espécie de código que deveria ser obedecido sem ser posto em causa.

Ainda nos dias de hoje, pô-la em causa é muito complicado.

Não retrata a vida da época, mas sim, uma forma de controle eficaz das consciências que infelizmente perdura.

Beijos,
Zorze
J. Maldonado disse…
A concepção de Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento, é baseada nos arquétipos da cultura judaica, na qual a figura do pai é vista com severidade e temor. Ou seja, na família judaica antiga o pai é alguém que tem poder de vida e de morte sobre os seus membros.
Se formos a ver, a Bíblia é quase um tratado de cultura judaica...
Ana Camarra disse…
Korrosiva-Eu também não chateio ninguém o pior é que me chateiam e muito…Quanto ás opções sexuais penso como tu.

Salvoconduto-Boa perspectiva!

Capitão Merda-Não tenho dado por isso…

Fernando Samuel-Que raio de pai.

Duarte-Sim essas coisas são divinas, o sorriso dos filhos, o acordar da floresta, o mar, o resto é como dizes.

Sunshine- Esse é um paradigma, um Deus pai de bondade e amor não podia permitir certas coisas.

José(Poesia)-Percebo-te mas não deixa de ser curioso.

Sagher-Pelos vistos muita gente ainda precisa.

Diogo-Essa de serem todos o mesmo ainda me deixa mais baralhada. “E dizem que é infinitamente bom…”

Pbruno-Se existiu não sei, cruificados foram muitos naquela altura, seriam todos filhos de Deus em ultima instancia, não é?!

Zorze-Basicamente concordo contigo, é uma grande tanga!

Maldonado- Cristo seria Judeu não é?!

Beijos
Ana Camarra disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse…
O Maldonado tirou-me as palavras da boca.
Eu sou crente, mas tenho consciência e livre arbítrio, o que me permite fazer a minha própria interpretação do que se escreve na Bíblia. Aliás toda a Bíblia é uma enorme metáfora, com algumas passagens históricas, e triste daquele que a levar à letra! Já Tolstoi dizia para não aceitarmos tudo o que a Igreja nos diz, mas para seguirmos Deus segundo a nossa consciência.
Para aprofundar um pouco a coisa recomendo a leitura do "Anticristo" de Nietzsche, não é sobre como o invocar, mas antes uma excelente análise dos "pecados" do cristianismo e dos erros cometidos pelo mesmo na forma de divulgar a fé, incutindo um perverso sentimento de culpa nos fiéis.
Bjs
Anónimo disse…
Como dizia Milan Kundera
(...) "se Deus existe, só pode ser fascista...!"

Beijo
Patti disse…
Para os cristãos, o nascimento de Jesus e a sua morte na cruz por nós é a maior prova de amor dada por Deus, a nós.
"Este é o meu filho muito amado. Escutai-O"
"E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos Céus".

Eu, que fui católica, apostólica e romana e hoje sou quase ateia, não vejo nada de complicado em entender isto.
Crê-se ou não se crê.

A religião, qualquer que seja ela, é simplesmente uma questão de fé e de aceitação de dogmas, que vão desde o mais simples e ignorante ser humano ao mais intelectual de todos.

E com toda a sinceridade, acho mesmo que é o único assunto que não se discute.
Anónimo disse…
O que eu aprendo com esta mulher, ele é mitologia, ele é religião...
Pois é amiga, não bastava escreveres tão bem ainda tinhas que ser culta?!

Um abracinho da Lagartinha de Alhos Vedros
Ana Camarra disse…
AP-È claro que sei que não é para levar a letra tudinho, mas a verdade é que as grandes religiões em geral, a católica em particular tentaram impor-se pela força, quando deveriam de pregar o amor, mais ainda a Igreja Católica enquanto instituição pactuou com grandes barbaridades, até muito recentemente, no século XX. A mim custa-me profundamente ouvir como ouvi há poucos meses numa cerimonia de Baptizado, de uma criança da família à qual assisti respeitosamente, um jovem Padre dizer que a Felicidade só estaria ao alcance dos Católicos, exclusivamente, que todos os não crentes não a alcançariam.
Isto para além de retrógrado para mim é chocante.
Esta semana aconteceu outra coisa que me perturbou, morreu um velhote camarada de partido e católico, sim porque existem muitos comunistas católicos, o Padre proibiu que o corpo fosse coberto com uma bandeira do PCP, ultima vontade do falecido que demonstrava o mesmo respeito pela bandeira da sua ideologia como por os símbolos católicos.
Eu respeito a fé, eu respeito qualquer opção religiosa, não respeito o resto, não consigo.


Ausenda-Pois é uma opinião, não me parece muito progressista.

Patti-Desculpa, mas para mim discute-se, nunca tentei encaixar à força as minhas ideias na cabeça de ninguém, mas tentaram fazer-me a mim.

Lagartinha-Estou sempre em processo de aprendizagem.

Beijos
Patti disse…
Encaixar à força não será apanágio só das religiões, seitas e afins mas sim também de ideologias políticas.

A última religião que ultimamente encaixa ideias à força física, é a muçulmana, que na sua base é uma religião bastante pacífica.
Mas à mão de fanáticos ...
Ana Camarra disse…
Patti

Infelizmente encaixar á força é coisa não exclusiva das religiões, mas de facto as religiões prolongam essa acção por longos periodos de tempo na história da humanidade.
Tens razão, na sua base o Islão é um religião de amor, como o cristianismo.
O fanatismo ou a loucura da Intifhada é o mesmo da Inquisição.

Beijos
Anónimo disse…
Pois Ana, eu isso também não respeito! Portanto estou solidário com a tua indignação. Eu também ficaria.