Não era só senhoras! Felizmente...


Ao ter falado de uma trisavó, senhora, que colocava a família acima de tudo, para não ficarem com a ideia que esta pessoa tem só na sua arvore genealógica senhoras, sinto impelida a falar de outra avó, trisavó, de outro lado da linha paterna.
Parece que geneticamente herdei mais coisas daí.
O meu trisavô, Algarvio, de Silves, partiu para o Brasil em busca de uma vida melhor, foi trabalhar nas plantações de borracha, só me lembra a livro “A Selva” do grande Ferreira de Castro, a dureza de tal trabalho.
Não encontrou fortuna, aparentemente encontrou uma companheira, gosto de pensar que encontrou o amor.
Não sei de que tribo ela era, suponho que não era nenhuma Pochaontas, filha de chefe índio, apenas sei que era índia e que a trouxe no seu regresso.
Da descrição que me chegou já esbatida pelo tempo, seria uma mulher de cabelo liso e escorrido, ar grave e silencioso, lábios cheios e bem desenhados, que falaria de vez em quando numa linguagem estranha.
Fico a imaginar esta minha antepassada, grave e séria, nascida numa floresta mágica, de árvores a tapar o sol, de comunhão com a natureza a viajar assim, de barco, a cruzar o oceano, ao lado de um homem, provavelmente muito diferente dos homens que conheceria.

Não sei tão pouco como se chamava, sei o nome dos filhos, o nome português, não o nome que imagino, no seu intimo lhes atribuiu.
O meu trisavô não voltou rico do Brasil, mas trouxe essa riqueza familiar, talvez assim se explique que daquele quadrante da família surjam pessoas com cabelo liso escorrido, escuro, talvez assim se explique os nossos lábios cheios e bem desenhados, como uma marca família que vai passando de geração em geração.
Gosto de pensar que em mim subsiste um pouco dessa índia.
(Eu até não gosto muito do Roberto Carlos, mas fica bem!)

Comentários

Anónimo disse…
Minha Linda

Do lado do teu pai!
Pois só podia!
Todos vocês tem esses lábios.
De certeza que tens um pouco dessa india mágica, certezinha.

beijos
Anónimo disse…
pois, pois...

saiste-me cá uma índia!!
:)

beijo
vermelho disse…
Olá! Já te tinha apanhado por outras casas mas nunca tinha vindo à tua. Foi hoje. O meu bisavô também esteve muitos anos emigrado no Brasil mas, como se enamorou de uma portuguesa também emigrada lá, não tenho essa descendência de lábios grossos e bem desenhados... Porém, como a minha bisavó era uma mulher possante da alma, muita coisa ficou que veio do Brasil, tal como expressões orais, receitas, etc. Quando falamos dela é sempre com um sorriso nos lábios e uma chama no coração.
Beijinhos.
Ana Camarra disse…
Anónimo 1 - Por esse minha linda, soube logo quem eras!

Anónimo 2- Pois sou!

Vermelho-Esta não conheci, aliás só há relativamente pouco tempo soube da sua existencia.

beijos
Anónimo disse…
Ana
Podes não acreditar, mas quando te vi pele primeira vez, pensei nisso.Tens uma auréola diferente, agora está explicado.
Bjo camarada.
Ana Camarra disse…
José (Poesia)- Pareces o Zorze, sou uma pessoa vulgar!

:)

Beijos
Sunshine disse…
Ainda ontem estive lendo o post em que prestas uma homenagem ao teu tio e agora esta à tua trisavó, são sentidas as palavras que usas para nos dares a conhecer personagem que marcaram, uns por conecimento directo outros pelas histórias transmitidas.

Pessoas assim são um orgulho que sabe bem sentir e relembrar sempre.

Bjs
Anónimo disse…
Anita

Não sabia!
Vocês, do lado do teu pai têm de facto esse ar mestiço, mas não fazia ideia.
Deixa-me que te corrija, não és uma pessoa vulgar, és uma pessoa extraordinária!
E tens de certeza muito dessa india dentro de ti!

beijos

Zé Manuel

(Adorei ouvir o Caetano!)
Anónimo disse…
Grande trisavô, naquele tempo não era para todos !!

No entanto e em relação ás fotos a primeira índia é verdadeira, mas a segunda é estilizada,...parece-me !!!

Abraço!
Ana Camarra disse…
Sunshine-acho que estes pedaços de vidas dos nossos antepassados também fazem parte de nós.

Zé Manuel-Os amigos acham-nos sempre especiais.


Mugabe-As fotos como deves de calcular foi o que arranjei na net, tu saberás melhor.
Só ficou esta memória, que eu saiba não fotos dela. Só soube disto há meia duzia de anos.

beijos
Anónimo disse…
Ana, ontem estive no S.Jorge a assistir á apresentação das Obras escolhidas de Álvaro Cunhal.
Gostei muito,claro que naquele velho cinema onde vi em jovem o filme "Um Homem e uma Mulher" (ainda me recordo da música) chorei ao ver no ecrã imagens de um Álvaro sorridente e vieram as saudades dele e da minha juventude!

Os teus escritos Ana, são feitos a pensar em mim, pois é vou contar-te.
Hoje estou muito triste, partiu a minha amiga Madalena. Estava mal, estava no hospital mas quando chegava apertava-lhe a mão e sentia-a morna, abria os olhos, esboçava um sorriso mesmo que fosse para me dizer que ía partir.
A Madalena tinha a pele cor de canela,uns olhos meigos e um sorriso lindo.
Nasceu em África e de lá trouxe o calor da solidariedade,sabedoria, tolerância e respeito por todo o ser humano e pela natureza que sempre alimentaram a nossa grande amizade.
Agora diz-me, falares da tua tia India, não tem a ver?

Um Abraço da Lagartinha de Alhos Vedros
Anónimo disse…
Ana,
Uma india vermelha.

A revolução é hoje!
Anónimo disse…
linhagem guerreira de sangue e tupi... Maravilhada estou eu!!

beijo

Ausenda
Ana Camarra disse…
Lagartinha

Não sendo escritos a pensar em ti, temos muito mais em comum para dos ideiais, digo eu.
Que posso dizer, sempre que parte alguem triste ficamos com um buraco na alma.
De certeza que foste amiga até ao fim, que ela sabia, isso é que interessa, não tenhas nostalgia pela tua juventude, o nosso tempo é sempre.
Alvaro deixou este testemunho belissimo a sua obra, em todos os aspectos, portanto está vivo.

um beijo grande
Ana Camarra disse…
CRN - Pois, vermelha! :)


Ausenda-Não sei se era tupi, gostava que não fosse guerreira.

beijos
Diogo disse…
A América do Sul é dos poucos sítios na Terra que tem tribos que ainda vivem no paraíso. Longe das nove às cinco, da escola, da carreira profissional, dos salários, dos autocarros e das filas dos automóveis, das telenovelas, do futebol, do petróleo, dos juros, da solidão e dos lares de idosos.

Vivem, presumo que, e ainda, felizes. Parabéns por essa ancestralidade tão bonita.

Beijo
Eric Blair disse…
o sangue vermelho vem de longe...
Anónimo disse…
Com essa é que tu me deste do Roberto Carlos, espero que não sejam muitas as vezes, se não dás cabo da tua playlist...Vá lá que meteste logo a seguir o Caetano, apesar de tudo.

Um abreijo de quem também já foi "índio"
Anónimo disse…
Curioso, Ana! A minha avó também era índia do Brasil e , como já escrevi num post lá no CR, creio que lhe devo esta irrequietude andarilha que me acompanhou ao longo da vida.
A verão do RC não é a melhor, mas a música é fabulosa, até na voz dele!
Ana Camarra disse…
Diogo-Espero que sim, que ainda vivam assim por opção.

Eric-Não me digas que o teu sangue é azul?!

Salvoconduto-Não encontrei a musica cantada pela Gal Costa, só pelo Roberto Carlos, tb não sou fã, mas a seguir escuta o tatuagem da Ellis, que é uma coisa, divinal!

Carlos-Curioso de facto, o mundo é pequenino...

beijos
Anónimo disse…
Volto de novo,..porque ao ver o comentário da Lagartinha, bateu uma saudade....é que também vi "Um Homem e Uma Mulher" no S.Jorge

Abraço!
samuel disse…
Os tugas nem sempre acertavam nas coisas que faziam lá por fora... mas quando acertavam, acertavam! :-)

Abreijos
Ana Camarra disse…
Mugabe e Lagartinha - Vi lá outros filmes, conheço esse mas não faz parte do meus imaginário juvenil, sou um cadinho mais nova!
Vi no São Jorge o 1900, as duas partes de seguida!
Alucinante, acabou por ser a primeira vez que vi um homem nu no Cinema, o Depardieu e o De Niro...
Sei que quando acabei as quase 8 horas de filme estava a modos de bebeda, e desci a Avenida com a minha tia, como se andasse sobre nuvens, depois paramos num daqueles tascos de bifanas para comer e a minha tia "Percebeste o filme filha?"
Eu respondi "Percebi, temos de o ver outra vez!"
Tenho o filme, em dvd, em vhs, revejo-o tantas vezes...
pronto esta resposta é quase um post!

Beijos
Ana Camarra disse…
Samuel

de vez em quando enganavam-se....


beijos
Fernando Samuel disse…
A história da tua família dava um longo (e, certamente, excelente) romance.
Não achas?.....



Um beijo amigo.
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel

Não tenho dúvidas que dava e existem partes que me inibo de contar porque está tudo vivinho da Costa.
Mas existem coisas que por vezes parecem mentira, mas não são, que eu saiba tenho uma mistura de: ingleses, essa india, malta do norte de africa, judeus; isto tudo no espaço curto de tempo, século ou seculo e meio.
Esta trisavó soube á pouco tempo, achei uma delicia!

Beijos
M. disse…
Lindo.

Eu nem tenho grande coragem de investigar muito os meus antepassados... o pouco que já sei já é mais que suficiente :)

M.
Ana Camarra disse…
M.

Eu tenho sempre curiosidade em saber acho que faz parte de mim, saber de onde venho!

beijos
J. Maldonado disse…
Se calhar ganhaste dessa linhagem índia um carácter irreverente e a sede de liberdade, que estão implícitas nos teus escritos...
Ana Camarra disse…
Maldonado

È uma ideia bonita!

beijos