Memórias de Luta!





Estas duas fotos pertencem ao espólio familiar.
Como fui quem o digitalizou, também o tenho.
São fotos tiradas ás escondidas da carga policial ao Manifestantes do Congresso da Oposição Democrática em Maio de 1973, Aveiro.
Foi o fim da chamada primavera Marcelista.
Já não existia Salazar, mas era assim que o Regime, que hoje se tenta branquear, tratava os homens e mulheres que se reuniam, com pedidos de autorização prévios, apenas e só para dizerem que queriam eleições e que a democracia seria o único caminho.
Os meus familiares que participaram e que até nalguns casos pertenciam à organização, eram e os que estão vivos, são comunistas.
Mas nem todos os participantes o eram.
Havia católicos ou simplesmente pessoas que viam a evidência.
Um dos meus familiares foi puxado por mãos desconhecidas e solidárias para dentro de uma casa, outro não se safou sem umas nódoas negras, justificou-se no emprego dizendo que tinha ido a uma largada…
Costumo centrar as minhas memórias noutras coisas, brincadeiras de infância, familiares, etc.
Mas ao ouvir uma vez mais uma tentativa de branquear o regime anterior ao 25 de Abril de 1974, de tentar passar a imagem que Marcelo Caetano seria um homem brando, um humanista, eu não podia ficar assim quieta, como os meus não ficaram.
Com muito orgulho!

Comentários

Anónimo disse…
Como já disse estive lá.
Fiquei arrepiada com as fotos!
Senão fossem as pessoas que nos abriam as portas não sei o que seria.
Depois no cemitério, na homenagen a Mário de Sacramento, foi outro momento terrível.
Tive muito medo, porque era assim eu ia, mas depois morria de medo, aliás não era para menos eles metiam medo!

Para arrumar a Boleira do Parque, que saudades da D. Zulmira, sempre impecávelmente arranjada, lá no fundo do balcão, ainda te lembras?

Ana vais reconhecer-me quando me vires com uns brincos iguais aos teus.

Abraços da Lagartinha de Alhos Vedros
Ana Camarra disse…
Lagartinha

Não fostes ver o meu texto das Bolas de Manteiga...
A Dª Zulmira era uma amiga de familia, tive os bolos de aniversário mais lindos do mundo!
As fotos tenho mais.
Vou começar a colocar algumas cá para fora mas tenho mais com o Congresso de Aveiro.
Vou estar a pau com os brincos!

beijos
Zorze disse…
Ana,

Naquela época ainda estava no extrafísico, mas, era mesmo assim. Porrada Manel!!!
Que não deixemos que isso nunca mais aconteça.

Quanto à Boleira do Parque. Como o mundo é pequeno!
Não sei como aquilo está agora. Conheci o dono, a mulher e o filho (o Cardoso, foi meu colega no liceu), estive para lá trabalhar numas férias de verão para ganhar uns trocos.
Actualmente, pelo que soube à uns tempos a família desmembrou-se. Divórcios e tretas pelo meio.

Beijos,
Zorze
Ana Camarra disse…
Zorze

Eu já cá andava!
Pequenina um nico de gente.
Não podemos deixar que volte, nunca, mas também não podemos deixar que se diga que nunca existiu!

Quanto á Boleira, quando falo dos donos falo dos originais, não o Cardoso, falo da Dª Zulmira e do Ti Armindo, magos da pastelaria, pessoas de um tracto superior no tempo em que na Boleira existiam tertulias.

O Cardoso matou o que restava daquele espirito, nunca mais lá entrei!

beijos
J. Maldonado disse…
É uma excelente foto que retrata um momento único da nossa história contemporânea.
Não vale a pena branquear a ditadura, pois foi a pior época da nossa história. Aliás, grande parte do nosso atraso deve-se ao Estado Novo, que deixou Portugal orgulhosamente só na Europa e no mundo.
Tens um background familiar impressionante! Não queres casar comigo? :))
Anónimo disse…
E é mesmo para não ficarmos quietos, nem nos calarmos...
Kiss
Eric Blair disse…
queremos ver mais dessas fotos. Do 24 não me lembro, mas do 25 sim. Do 26 prefiro nem falar...
Ana Camarra disse…
Maldonado - Subscrevo tudo o que dizes. Quanto á proposa, a bigamia é crime....

Ludo - Pois não podemos.


beijos
Ana Camarra disse…
Eric

Tenho mais, deste dia tenho uma quantas, mas tenho outras também.
Qundo considerar oportuno irei colocando, como sabes isto tem dias...

beijos
Zé Ferradura disse…
Olá Ana,

Foram momentos difíceis mas com sangue na guelra para os enfrentar.

Bj
Zé Ferradura
Ana Camarra disse…
Zé Ferradua

Momentos que não se pode deixar repetir.
Momentos que não se podem esquecer.
Momentos que não se pode deixar dizer que não existiram.

beijos
Anónimo disse…
Em Outubro desse ano fiquei com imensas nódoas negras à saída de uma sessão aqui no Coliseu do Porto, mas olha que mesmo assim as recordo com saudade.

Abreijo.
Anónimo disse…
torta amanhã ao final da tarde?
primeiro andar ou r/c?
convidamos a lagartinha ou ela convida-nos?

:)

beijos
do sítio do costume
Ana Camarra disse…
salvoconduto

Não tenhas saudades, recorda com orgulho, mas não com saudades.

Meu menino, me liga vai...


Beijos
Anónimo disse…
Anita

De facto as imagens são impressionantes.
Sei que a tua familia sempre foi assim, a minha nem por isso, tirando o meu tio, como sabers aliás.
És uma pessoa de uma fibra rara, acho que a maior parte das pessoas que aqui vem se apercebe disso, ainda assim penso que a maioria não tem o previlégio de te conhecer de facto.
Sorte a minha!
Continua assim linda, continua assim és uma estrelinha brilhante neste mundo escuro!
Esta música da Elis é um espectaculo.
Até uma proposta de casório!
Houve alguem que chegou primeiro, amigo Maldonado, houve parvos como que deixaram fugir a oportunidade!

Beijos muito amigos

Zé Manuel
Ana Camarra disse…
Zé Manuel

Estás sempre a tempo de ser combativo.
Não sou assim tão especial!
Também sabes que nunca me senti particularmente atraida por betinhos!
O Maldonado estava a brincar, como é obvio!

beijos
Fernando Samuel disse…
Esses mesmos branqueadores são os que dizem que o Salazar não foi um ditador fascista, mas sim um pai às vezes severo que, quando era necessário, dava um puxão de orelhas aos filhos mais rebeldes...


Um beijo.
Ana Camarra disse…
Fernando Samuel

Os mesmos, que lhe querem fazer o Museu, que dizem insistentemente que isto nem era mau!

beijos
Anónimo disse…
Ana

Aquilo em Aveiro em 1973 foi um puxãozito de orelhas que o regime deu aos opositores. O pior era depois, aquilo que não existe fotos, só sangue e lágrimas.

BJS
Ana Camarra disse…
Ferroadas

Por acaso existem fotos, tenho mais, mas como retratam pessoas de frente, inclusive pessoas muito próximas não as coloco.
Foi um puxão importante serviu para abrir os olhos ao resto da população, afinal todos tinham consciência que vidas jovens eram ceifadas, que Marcelo Caetano falava em abertura, que o mundo corria lá fora, não deixou de ser um choque ver malhar em pessoas que nada tinham feito a não ser reunir-se ordeiramente num Congresso organizado e autorizado.

beijos
J. Maldonado disse…
Obviamente que a minha proposta não poderia ser levada a sério, aliás como tudo o que digo neste e noutros espaços... :))
Porém, não poderia deixar passar em claro o meu apreço pelo que escreves, assim como por alguns aspectos da tua forma de ser e de estar, cujos indícios estão expostos no teu estilo intimista de blogar... ;)
Ana Camarra disse…
Maldonado

Eu acho que exoistem coisas que escreves, neste e noutros espaços, que são para ser levadas muito a sério.
Esta não, claro, é uma brincadeira, também a entendi como apreço.
Ainda bem que gostas!

Beijos