A Revolta


A Revolta é assim
Cresce devagarinho
Como um vento calmo
Que se transforma em furacão
Como uma mão dorida
Que amanhã é casca rude
De calos
Como a maré a encher
Quase que nem se vê
Mas cresce.
Como um fermento ázimo
A levedar em bolhas e silvos
Baixo, muito baixo
Quase, só quase em silencia
E a Revolta é mais
È um fragor
È o depósito de centenas de anos
De injustiças
Mentiras
Fraudes
E paciência
Muita Paciência
De fomes e sedes acumuladas
E depois não pára
Nunca pára
Fica como os furacões,
As Marés
As coisas fermentadas
A crescer sozinha
Incontrolável
Escuta!
Eu já ouço!
E tu?

Comentários

Anónimo disse…
Quem me dera...


Abreijo.
Anónimo disse…
Ouço sim... com fervor a revolta
A boca não quero calar
Cresce em mim como onda solta
Num grito que quero ecoar!

Temos esses direito amiga

beijos
ausenda
Anónimo disse…
Vai crescendo.
Anónimo disse…
Vai crescendo.
Anónimo disse…
Vai crescendo.
Anónimo disse…
Já se ouve, todos os dias na rua, em todo lado... «Esa ola irá creciendo, cada día que pase.[...]esa ola ya no parará más.»

Kiss
Ana Camarra disse…
Salvoconduto – Irá chegar!

Ausenda –Temos, é claro que temos.

João Norte – Vão, vão, vão….

Ludo-no parará más

beijos
Fernando Samuel disse…
«Cai, orvalho do sangue do escravo,
Cai, orvalho na face do algoz,
Cresce, cresce, seara vermelha,
Cresce, cresce, vingança feroz...»

Castro Alves.


Um beijo amigo.
Ana Camarra disse…
Fernando samuel

Esse verso fabuloso está na primeira folha, do velho livro, Seara Vermelha de Jorge Amado.
Um livro que li em miuda, como li o abecedário de Castro alves.
Obrigado por me lembrares.

um beijo
Anónimo disse…
Ana,
Uma questão de continuar a fazer que se ouça, cada vez mais, e, fundamentalmente, que se materialize.

A revolução é hoje!
Anónimo disse…
Ana,
Uma questão de continuar a fazer que se ouça, cada vez mais, e, fundamentalmente, que se materialize.

A revolução é hoje!
LuisPVLopes disse…
A física não engana!
Quanto maior for a compressão, maior será a reacção contrária.
E o que é uma compressão, senão uma forma de pressão ou opressão.
Apertemos um êmbolo de uma seringa, tapando o fundo.
Quanto mais comprimirmos o êmbolo, maior será a resistência a essa compressão, se soltarmos o êmbolo, ele salta e sai, enfim a liberdade para o ar que resistiu ao esmagamento, o qual, por mais real que se quisesse, jamais atingiria o seu propósito, sendo o contrário uma inevitabilidade.
Assim, quando vão apertando todo um povo, cada vez mais, o tempo fá-los esquecer, quão fortes e sangrentas são as revoluções, que brotam na força da opressão.
Lá chegaremos!... Lá chegaremos!... Continuem assim autistas, que seguramente cavam as suas próprias sepulturas.

Ouss
LuisPVLopes disse…
A física não engana!
Quanto maior for a compressão, maior será a reacção contrária.
E o que é uma compressão, senão uma forma de pressão ou opressão.
Apertemos um êmbolo de uma seringa, tapando o fundo.
Quanto mais comprimirmos o êmbolo, maior será a resistência a essa compressão, se soltarmos o êmbolo, ele salta e sai, enfim a liberdade para o ar que resistiu ao esmagamento, o qual, por mais real que se quisesse, jamais atingiria o seu propósito, sendo o contrário uma inevitabilidade.
Assim, quando vão apertando todo um povo, cada vez mais, o tempo fá-los esquecer, quão fortes e sangrentas são as revoluções, que brotam na força da opressão.
Lá chegaremos!... Lá chegaremos!... Continuem assim autistas, que seguramente cavam as suas próprias sepulturas.

Ouss
Lúcia disse…
Quem não ouve?!
Belíssimo post!
José Gil disse…
Ana a sua poesia é mesmo cortante. Começo a ficar fã das suas palavras.

Espero por ti.
numa qualquer rua só,
sob um candeeiro que me ilumina,
espero para te ver.

Nessa rua,
lavada da chuva que caiu,
testemunha muda de encontros e desencontros,
rezo para que apareças,
para que te possa ver só mais uma vez.

Só mais esta.
Só mais um trago do teu mel.
Só mais um tango nú,
Só mais um eterno minuto de presença.

Espero por ti.
Nessa rua nua,
Onde ainda hoje estou,
à espera de te ver,
só mais uma vez.

Beijos
Ana Camarra disse…
Sensei – Pois nem a física, nem o algodão!

Lúcia-Há quem não ouça!

José Gil – A minha poesia é o que sai no momento, tal como a prosa. Obrigado pelo seu poema, gostei, bonito

Beijos