Estou cansada e olho para as minhas mãos como se não as conhecesse.
Como se fossem de outra!
Olho e vejo pequenas coisas:
Os nós dos dedos muito escuros, as mãos tisnadas, uma cicatriz profunda no indicador direito (tinha seis ou sete anos e tentei abrir uma lata de qualquer coisa com o dedo, fiz um corte profundo que esguichava sangue, que sacudi ao sacudir a mão espirrando paredes de púrpura, azulejos, a cicatriz ficou cá para sempre, marcada até no BI); cicatrizes pequenas, um toque de caramelo a ferver a fazer um pudim num almoço de família, pequenos cortes de quando corto legumes á pressa, de folhas de papel, umas unhas rosadas, raramente muito raramente mascaradas de verniz, uns sinais, as linhas profundas na palma da mão, mapa da vida para alguns.
Estas mãos fizeram muita coisa.
Como se fossem de outra!
Olho e vejo pequenas coisas:
Os nós dos dedos muito escuros, as mãos tisnadas, uma cicatriz profunda no indicador direito (tinha seis ou sete anos e tentei abrir uma lata de qualquer coisa com o dedo, fiz um corte profundo que esguichava sangue, que sacudi ao sacudir a mão espirrando paredes de púrpura, azulejos, a cicatriz ficou cá para sempre, marcada até no BI); cicatrizes pequenas, um toque de caramelo a ferver a fazer um pudim num almoço de família, pequenos cortes de quando corto legumes á pressa, de folhas de papel, umas unhas rosadas, raramente muito raramente mascaradas de verniz, uns sinais, as linhas profundas na palma da mão, mapa da vida para alguns.
Estas mãos fizeram muita coisa.
Estas mãos falam quando estou exaltada, seja feliz seja contente.
Estas mãos batem nas mesas, quando estou zangada, a reafirmar tudo o que a boca diz.
Estas mãos tamborilam com os dedos, impacientes, quando o resto de mim está expectante.
Estas mãos batem palmas ao compasso das músicas que gosto.
Estas mãos amassam, com carinho, coisas, açúcar e canela, ovos e farinha….sabem a medida exacta do sal, dos orégãos, do açafrão, a medida exacta, mesmo.
Estas mãos também ensinam, a fazer, tanta coisa.
Estas mãos fazem outras coisas porque não gostam de estar quietas, bordam, pegam em lãs, em pincéis, em flores, na terra, na areia da praia, em conchas, ajudam-me a nadar.
Estas mãos embalam bebés, mudaram fraldas, adormeceram, aquietaram dores de quedas de balouços, ensinaram a acompanhar canções, a lavar os dentes, a segurar a colher.
Estas mãos seguraram firmemente para que pudessem pequenos pés aprender a andar. Seguraram pequenas mãos com confiança de mão grande, para que não tivessem medo de atravessar a rua, de entrar na escola, mas também já foram pequenas e agarraram outras maiores à procura dessa confiança
Estas mãos apertam outras, em reconhecimentos, efusivos e circunstancias.
Estas mãos já agrediram, também, pouco, que são de paz.
Estas mãos carregam pesos, enormes, ás vezes estão tão vazias que doem de estar vazias.
Estas mãos já se despediram muitas vezes.
Já se despediram com carinho, com carícias leves na testa, nas mãos de pessoas que sabiam que iam partir, e ajudaram a mudar outras fraldas, cateteres, lençóis, dar comprimidos.
Estas mãos saturam o único dedo que bate furiosamente nas teclas do computador, elas sabem usar os outros, mas este é mais rápido!
Estas mãos falam por mim, quando escrevem, escrevem, escrevem.
Estas mãos já namoraram muito, trocaram juras de carinho mudas, tremeram de ansiedade, acariciaram com fervor.
Estas mãos fazem amor, também!
Comentários
;)
Bom fim-de-semana!
Carlos barbosa de Oliveira - São as mãos e os olhos, para mim.
beijos
(E, assim sendo, estou em crer que muitas vezes se fecharam, também, em punhos cerrados de luta e de confiança...)
Um beijo.
Estas mãos são umas ferramentas que tenho, de nascença felizmente.
Por vezes parece que têm vida própria!
Sim cerram-se muitas vezes em punho de luta e confiança.
Também pousam no ombro do camara do lado naquela comunhão única.
beijos
Também gosto muito de mãos.
Não escondem a idade por muitas plásticas.
Tão bonito o que escreves!
Já vi que ontem isso não estava bem, espero que nada de grave.
Um beijo muito grande
Bom fim de semana
Zé Manuel
Eu a pensar que vinha aqui falar sobre o casamento que os rabicholas já não podem fazer!
As mãos da menina, pois são assim, também jogavam bem ao berlinde e ao pião e era perita em beliscões.
Também eram umas mãozinha de plata, que deixavam cair muitas coisas, ainda é assim?
Beijaças
Paulo el niño
Abreijo
Paulinho, meu menino - deixam cair muitas coisas, são de plata ainda.
salconduto-o que conta é a intenção, considero o aperto de mão entregue. Obrigado.
Abreijos
Este teu espaço está cada vez mais delicioso!
As tuas mãos são fantásticas, toda tu és fantástica!
Obrigado
Lena G.
beijos
Chocalas!
Abraço.
A revolução é hoje!
As minhas mãos também fazem a revolução!
beijos
Ana
Fiquei sem palavras, ou melhor sem letras.
Reduzo-me, e saio de fininho.
Um passou bem do Marreta.
Passou bem recepcionado.
Muito agradecida!
beijos
Kiss
Este blog já se tornou para mim um espaço incontornável.
Volto a perguntar: porque não arrisca um livro?
Bjs
Diogo - tenho de pensar nisso!
beijos
Mãos de uma vida!
beijo
Ausenda
obrigada, bem vinda.
beijo
Quando li vei-o á memória:
"COM MÃOS DE FAZ A PAZ SE FAZ A GUERRA...
COM MÃOS TUDO SE FAZ E SE DESFAZ"
Bem vindo!
Obrigado
Xôxos
Ouss