As minhas férias de infância




Prometido é devido este texto é dedicado ao meu amigo Paulo (el niño), amigo de sempre, que partilhou muitos destes momentos comigo e com os meus primos e outros amigos. A foto da nossa Árrabida, sempre, a música Beatles, cantada por Ringo Star, música que todos sabiamos cantar em coro...

Guardo gratas recordações das férias de infância, a Escola acabava em Maio e começava em Outubro.
Assim que acabava as aulas começava a loucura da Rua, tardes a andar de bicicleta, pescarias na muralha, noites no parque, podíamos estar no parque sozinhos até ás onze da noite, a andar de balouço, a jogar á semana, ao prego, ao lá vai alho, ás escondidas, á cabra cega, ao berlinde, campeonatos de pião e caricas.
Depois ia com a minha avó para as termas, Hospital Termal das caldas da Rainha, velhos de fartura e eu a única criança, mimada por todos, doentes, médicos e enfermeiros.
Ainda guardo uma colecção de bichos em louça, entrava em todos os gabinetes e bebia copos de água a cheirar a ovos podres.
Voltava das Caldas ia para o Algarve, Tavira ou Vila Real de Santo António, pais irmã, e sempre um grupo de amigos dos pais onde se incluía o meu amigo Paulinho.
Dias inteiros de praia, bolas de Berlim na areia, camaleões, á noite geladinho, e cair na cama dormir de um sono só.
Joelhos esfolados e gargantas roucas de sal.
Depois subia e ficava ali logo na Costa Alentejana, com os tios e os primos, primeiro a dormir no chão, depois acampados os três primos com base de apoio na pensão onde os tios estavam, o grupo do acampamento ia crescendo, todos os amigos lá iam parar, noites de fogueiras na praia, com o pão quente a sair do forno, dias a apanhar percebes e burriés, visitas á lota, conversas com os pescadores…
No entretanto fins-de-semana na Arrábida, uma vez suprema aventura uma semana sem regras, os seis netos acampados só com a avó, comíamos dentro de água…
Para remate rumava-mos a Seiça, perto de Tomar, casa da Tia Maria, velhota doce e humilde, numa casa senhorial, sem luz eléctrica, onde dormíamos no sótão, e contávamos histórias de casas assombradas á luz candeeiro de petróleo.
Ai subíamos ás arvores, nadávamos na ribeira, víamos os ovos nos ninhos a eclodir, apanhávamos rãs que despejávamos na pia da água benta, íamos para desfolhadas do milho, participávamos na procissão da aldeia, jogávamos bilhar e matraquilhos no único estabelecimento da terriola, bebíamos leite da vacaria…
Voltávamos e acabávamos o Verão com o parque, as bicicletas, a Festa do Barreiro que era em Outubro…
Férias de sonho!

Comentários

Anónimo disse…
Glorifiquei-te no eterno.
Eterno dentro de mim
fora de mim perecível.
Para que desses um sentido
a uma sede indefinível.

Para que desses um nome
à exactidão do instante
do fruto que cai na terra
sempre perpendicular
à humidade onde fica.

E o que acontece durante
na rapidez da descida
é a explicação da vida
Anónimo disse…
Linda Querida Miuda da minha alma

ESTOU FELIZ!
E A MUSICA CARAGO.
PORRA!

ERA ASSIM MESMO!

Só faltam as outras patifarias que faziamos.
Os gelados Luna mix partilhados.
Sacadas de pevides.

OBRIGADO OBRIGADO OBRIGADO

És uma estupida e eu adoro-te mais que o meu irmão...


EL Niño
Abrenúncio disse…
Férias de sonho mesmo! Isso era quase um périplo nacional!
Saudações laborais de quem ainda lhe faltam 2 meses para ir de férias.
Anónimo disse…
Anita

Que belas recordações.
Agora percebo o carinho fraternal do Paulinho, só podia.
De facto férias de sonho como os miudos de agora não sonham.
Também deve ter contribuido para a bela pessoa que é.
(Tem outro poema...)

beijo

Augusto
Anónimo disse…
Fofinha

Parece que estou a ver de bicicleta com os joelhos esfolados.
Confundida com os rapâzes sempre de cabelo curtinho e queimada que nem um tição.
Eu já era mais velha (agora não sou que deixei de fazer anos para o próximo apanhas-me) mas lembro-me.

Bela Arrabida.

O Paulinho hoje está derretido.
Eu também...

beijão

Lena G.
Ana Camarra disse…
Anónimo da Poesia - Natália Correia, também gosto, gostava muito que se identificasse, não me glorifique o nome é Ana, não Glória....
Ana Camarra disse…
Paulinho meu menino

Merec~ias, grande amigalhaço
Tinha te prometido e sou uma mulher de palavra.

beijo na testa

És um maluco mas eu respeito-te muito e tu também apoesar de ninguem perceber isso...
Ana Camarra disse…
Marreta a mim ainda me falta um mês, mas vingo-me...

beijo
Ana Camarra disse…
Augusto sempre uma simpatia. Pois tenho outro poema, não sei quem manda já me anda a fazer confusão.

Lena-Querias, dê para onde der tens mais 5 anos que eu, quando nasci já comias muito pão com codea. Mas quando estibveres de bengala eu estou de cajado....

beijos
Mac Adame disse…
Um excelente retrato do que era uma infância que já não existe. Havia liberdade, sem que os pais se tivessem de preocupar muito e sem serem acusados de desleixo (agora chama-se negligência). Vivia-se e deixava-se viver. E esses mesmos pais que não eram acusados por ninguém também não acusavam os professores por só haver aulas de Outubro a Maio. Afinal, os filhos desse tempo aprendiam mais na escola de Outubro a Maio (4 ou 5 horas por dia) do que aprendem os de agora, metidos na escola quase todo o ano umas 8 horas por dia, gastas em actividades espudificantes. E toda essa vivência de rua era muito mais saudável (para o corpo e para o cérebro) do que a sociedade idiota e castradora que, entretanto, "conseguimos" construir. Como é que não se há-de ter saudades desse tempo? Beijinhos.
Anónimo disse…
Anita

Rica Arrábida
Ricas férias
Teve uma infância feliz, por isso é uma mulher assim.
Como adivinhamos, todos os leitores creio eu.

Também tive essa vivencia de rua, agora os miudos estão sempre agarrados a qualquer coisa electrónica, nós também não lhes damos tanta, redea, os tempos são outros...

beijos
LuisPVLopes disse…
Pois é verdade, nesse tempo é que eram férias, mesmo vivendo eu que tenho mais alguns anitos, poucos e, vivendo ainda sob a pesada mão do regime dos pés de chumbo, lá ia para o Sobral de Monte Agraço ou para Manteigas, correr pelos campos, banhar-me nas ribeiras e tanques, comer fruta das árvores e passar tardes na casa de banho, fruta quente e sem ser lavada era o que dava, rainhas Cláudia, abrunhos, figos, peras, meloas e melão comidos à mão, partidos com uma pedra, bebia água nas fontes e fontanários, águas geladas nas tardes de verão, que até doía nos dentes, mão sujas do doce seco da fruta, lábio gretados do leite dos figos, joelhos também num esfolanço que durava os 3 meses de férias, amigos da pedrada, de passeios no burro, dos furtos nas hortas de cenouras e nabos para que o burro continuasse nosso amigo e nos seguisse incondicionalmente, pelos carreiros da aventura, empunhando espadas de pau, feitas pelas nossas mãos de pequenos artífices, desbravávamos terras inóspitas de silvados para colher os seus frutos, que tanta luta davam, em picadas sem fim das silvas, como se procurassem defender um bem precioso, que no fim nos enchiam os bolsos, manchados irremediavelmente de uma cor tinta com auréola, descíamos até ao riacho, junto dos xistos talhados com regos ondulados onde as mulheres da aldeia, esfregavam as suas roupas e, aí consumávamos a vitória obtida, ainda que curta pois em casa a nalgada era certa pelos calções perdidos. Mas no dia seguinte...repetíamos tudo senão mais.
Como eu tenho uma profunda pena que os meus filhos não tenham levado umas nalgadas por feitos idênticos.
Ana Camarra disse…
Mac Sensei e Eduardo

Pois é hoje os putos não brincam assim.
Por um lado tem outras coisas, tantas, coisas a mais por vezes.
Por outro lado o mundo tornou-se menos seguro para deixar esta redea solta.
Mas ainda bem que somos cotas sufientes para ter vivido a infância assim.

beijos
Anónimo disse…
Ai Ana

Dás conta de mim.
Pois nessa altura eu mais crescido e betinho, andava na vela e no montanhismo.
A Serra da Arrabida pois claro e a praia do Portinho.
Lembro-me de vocês de bicicleta todo o dia á volta da estatua do Alfredo da silva a disputarem o espaço com quem andava de skate.
A rua era a nossa casa, não nos misturavamos, pois que nós tinhamos a mania que eramos crescidos.
Olha fica como canta aí a Diana Krall, não mudes, gosto de ti assim como és, Just the way you are.

Olha lá ainda despertas aí alvoroços não, um poeminha por dia?!

Malandra!

Qualquer dia o teu homem chateia-se a sério, mas para estar casado contigo há tanto tempo, de certeza que também gosta de ti assim tal qual como és!

E sempre é um orgulho ter uma mulher quarentona que ainda desperta essas atenções....eu no lugar dele tinha, falam para aí que a gaja é minha (dele).

beijos

(Vê lá se fazes um texto sobre as noites no Alburrica e no Portão, já que fazes a pedido e noites no Seagull já agora)

mais um beijo para o caminho

Zé Manuel
Anónimo disse…
Pronto afinal a comuna é uma burguesa!
Teorias...
Anónimo disse…
Férias de sonho mesmo. Não era necessário ir para uma ilha paradisíaca da polinésia para ter férias de sonho.
Nunca tive férias assim porque comecei a trabalhar aos 11 anos mas só a liberdade de poder passar uma ou duas semanas (dantes não havia um mês de férias) a fazer o que não me era permitido o resto do ano, BRINCAR, poder saltar o gradeamento do Jardim Zoológico fora das enchentes de Domingo, dormir até mais tarde, com a “velhota” a moer-me a cabeça que queria arrumar o quarto, dar uns mergulhos em Santo Amaro, porque para Carcavelos o bilhete era mais caro e a Caparica era servida pelo barco da Trafaria, caro e sempre a abarrotar de gente, uns dias passados na casa da irmã do Porto Alto com umas escapadelas à pesca das enguias, eram as férias com que sonhava um ano inteiro.
Podem não ter sido as melhores mas ainda não tinha reumatismo, dormia a noite toda sem preocupações e tínhamos uma longa vida pela frente. Agora a que ficou para trás já é bem maior que a que sobra…
Enfim, mas não se pode ter tudo e as férias de sonho somos nós que as construímos na cabeça. Hoje, ir duas semanas para o Algarve com a saúde possível, até fazem esquecer os tempos de montanhista amador da década de 90.
Venha Agosto, que nós cá estamos para fazer férias de sonho.
Beijinhos.
Ana Camarra disse…
Zé Manuel

Obrigado por tudo.
Os poemas não sei quem é que manda, que se lixe, pelo menos são de bom gosto.
O meu marido até hoje tem demonstrado orgulho em mim e capacidade para não ligar a estas parvoeiras.

beijoca
Ana Camarra disse…
Anónimo das 16h52

Estou-me nas tintas para a sua opinião.
Burguesa pois se calhar, mas não são só teorias, tenho a convicção que se pode construir um mundo sem distinções, onde todos os meninos possam ter férias de sonho, casas confortaveis, sapatos, comida e essas coisas.
Luto por isso todos os dias.
E você?
Ana Camarra disse…
Amigo Atever

Sabes ás vezes somos muito felizes e não nos apercebemos disso.
Leio isso também nos teus posts quando falas com carinho da tua mulher e dos momentos partilhados, do orgulho na tua filha, no prazer das coisas simples.
Por vezes á distância vê-se melhor, até eu que sou miope, quando pego em fotos e cartas, postais, lembranças, vejo que tive momentos plenos de felecidade, a felicidade das coisas simples.
Mesmo com maleitas, também as tenho, com revoltas, temos de gozar o dia a dia, o nesperado, os amigos, os que nos são queridos.
Amanhã é sempre outro dia.
E ainda assim com teres de começar a trabalhar aos 11 anos, tens gratas recordações dessa liberdade de duas semanas, dos teus campismos, dos teus passeios de motoreta a dois...
E é bom não é?

beijo muito grande com muito carinho
Anónimo disse…
Belas Férias... Kiss
Rei da Lã disse…
Então é na boa!
Cumprimentos pois ao Sr. Paulinho.
E uma beijoca à autora do blogue.
E cumprimentos aos restantes!

E agora tenho de ir ver as batatas...
Anónimo disse…
Ana, eu penso que a felicidade é mais um estado de alma.
Qualquer pessoa que já tenha estado perto da morte pode encontrar a felicidade no simples facto de estar vivo por mais um minuto.
Por isso é que eu ainda mantenho algumas reservas quanto à eutanásia desde que decidida por terceiros.
A felicidade de quem tem dinheiro para grandes cruzeiros em paquetes de luxo não será muito diferente da minha como campista, o modo de a atingir é que é diferente.
É difícil quantificar estas coisas, principalmente porque eu nunca estive do outro lado mas tenho a forte convicção de que, dentro das minhas possibilidades, eu já fui tão feliz como qualquer milionário.
Se estivéssemos à espera de sermos ricos para encontrarmos a felicidade, com toda a pobreza que por aí vai, este Mundo devia ser uma coisa ainda mais deprimente do que é, e já não é pouco.
Beijinhos.
bivolta disse…
Anicha... não, não é contigo. É aquela ilhota onde ia muitas vezes, a nado. Ao fundo a Figueirinha, antes Galápos e logo ao fim do Portinho da Arrábida a seguir às rochas era a Praia dos Coelhos, o melhor e mais intimo bocadinho de areia, só a nado porque pelas rochas era muito dificil.
Vida que passou. Bela, mas sem revivalismos serôdios.
Anónimo disse…
Como eu te invejo Ana, por não ter praias na mimha meninice, mas tive muitos amigos e jogávamos a muitas coisas, menos "ao lá vai alho", suponho eu, que não sei o que é, a menos que para os meus sítios tivesse outro nome.

Continuo a adorar a música!
Ana Camarra disse…
Ludo Rex- Semopre bom um ar da tua graça

Atever -ès mesmo uma alma grande e milionário sem dúvida

Bi volta - Anicha eu sei o que é muito campeonato a nado até lá, e ir com saco de plastico com um livro para ler na melhor das reclusões, espectaculo.

Salvo Conduto- O lá vai alho é um jogo maluco uma especie de moche colectivo onde antes de saltarmos se grita "Lá Vai Alho", um fica de pé de costas para uma parede ou arvore e os outros vão se apoiando com alguém fosse saltar ao eixo para cima deles, e lá se saltava, até tudo de desmorronar com joelhos e cotovelos esfolados e muuita gargalhada. Ainda bem que gostas da música

beijocads