Bom Dia, pois!



Foto Carlos Matos
Começa de manhã, encontra-se um jovem, com a idade do filho, ele cumprimenta, até convida para fumarmos um cigarro os dois, ali no cais, passam conhecidos, há a troca de cumprimentos, conversamos sobe a politica internacional, entramos no barco, passamos para outras coisas, com um café pelo meio, parcerias publico privadas, o domínio dos media, o Macartismo, recomendo uns filmes, por fim dou conta que temos uma assistência atenta, quando nos separamos é com um sorriso.
No metro encontro alguém amigo, não sabe muito bem onde fica o local para onde precisa de ir, dou indicações e dou por mim divertida por em tão pouco tempo já desembaraçar linhas de Metro.
Na paragem há caras conhecidas daquela hora, falta a senhora já com uma certa idade mas um ar motard, que não respeita a ordem de chegada à paragem, apenas e só quando está a outra senhora com ar de professora primária antiga, que comenta em voz alta as roupas dos turistas, os hábitos dos jovens, a saudades de certas coisas, perante os acenos de um marido que eu tenho a sensação que se não é mudo, sofreu uma mutação genética e tem pálpebras nos ouvidos e a espaços regulares limita-se a fazer os acenos.
A motard desrespeita a ordem deliberadamente, só se a outra estiver, com um sorriso cúmplice para mim, e levamos todos com a ladainha da educação e boas maneiras, hoje nem uma nem outra!
O percurso é do costume e como de costume passamos junto ao cemitério britânico, de altos muros, portões e o brasão no topo, nunca consigo deixar de pensar que talvez a terra tenha sido importada da Grã-Bretanha e talvez em noite de lua cheia os mortos bebam chá e joguem bridge a comer scones fantasmas.
Há a paragem, a loja de mercearia gourmet com latas de sardinhas a preços alucinantes, a primeira drogaria, com alumínios e vassouras penduradas na porta e as montras com desodorizante Lander, creme Tokalon e outras preciosidades, a empregada sorri sempre, logo a seguir há loja de roupa de cerimónia onde se entra por marcação, seguida de outra drogaria que junta ao rol solarina coração e pomada calicida São João, depois as especiarias a granel, de onde vem um cheiro de sementes e viagens, a loja de roupa para bébés, que pelos preços, deve ser só para crianças que os pais se tenham casado com roupas da outra loja, segue-se outra drogaria, com tudo igual às outras mas gerida por um indiano ou paquistanês afável, que sorri sempre e diz “Bom DIA!”, o agente da Policia que guarda a joalharia também dá um aceno de cabeça, segue-se a frutaria, o restaurante onde já se escuta barulho, a pastelaria com as mesmas pessoas na esplanada independentemente da hora.
Chego a pensar que estão colados às cadeiras e que são recolhidos à noitinha para estarem lá no dia seguinte, como os manequins das lojas.
Faltam poucos passos, a loja de roupa interior, batas, cuecas de “gola alta” na esquina oposta à da lingerie da moda, os sapatos de criança e pronto, entre noutro local cheio de gente onde há colegas que sorriem, cumprimentam e clientes que murmuram “Bom dia!”.
Bom Dia, pois!

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