Hoje o serviço nacional de saúde comemora 30 anos e eu já estou como o outro, Marx morreu Cristo também e eu própria não me estou a sentir muito bem, escrevi isto há cerca de ano e meio, depois de uma cirurgia, acho que vou ter de passar por isto outra vez, parece-me adequado:
“Dia 2- Sou acordada ás 6h00, com calma e gentileza, pedem-me o favor de colocar a bata e as meias. Quase 9h00 levam-me para o bloco, sou recebida com gracejos que visam descontrair, o cirurgião faz-me uma festa na testa, pedem-me o favor de virar, de me esticar, de me despirem, de me colocarem sensores que fazem pensar nos Monty Pyton e na fantástica máquina que fazia blip. Apagão. Quando acordo não sei muito bem onde estou, falam comigo, perguntam o meu nome, dizem-me que informaram a família. Um pedaço do meu corpo foi prensado com vidros e pregos com certeza…
Uma face amiga aparece “Ana sabes quem eu sou?”, murmuro que sim, é um amigo enfermeiro, explica-me pausadamente que as coisas complicaram-se um bocadinho.
Sou transportada, no limbo da anestesia ouço o comentário, “nunca tinha visto entubarem nesta situação”, medem-me mais coisas, depois uma visita, totalmente inesperada, um colega de reuniões formais, em vez de fato e gravata ostenta a bata e touca verde. O pai está ali na cama em frente, ligado a sensores variados. Outra visita, a garganta está toda ferida (também me devem ter despejado vidros) explicam-me que foi um pouco mais difícil, houve uma complicação, mas pronto. Fico nauseada de falar, os enfermeiros assustam-se, ainda explicam “com a sonda não vomita” lamentavelmente resolvo contrariar a lógica (que mania) e vomito, sem me poder levantar, completamente dependente, limpam-me e tentam fazer aquele momento o menos desconfortável possível (como se fosse possível). Registam todas as quantidades e medidas, falam com uma certa ternura, tranquilizam. Estamos quatro naquele quarto, em todos pressinto um sono pouco profundo ou inexistente como o meu, todos temos máquinas, fios e sensores, ninguém se atreve a mexer, queixar, ou mesmo respirar fundo, talvez se ficarmos muito quietos tudo passe.”
“Dia 2- Sou acordada ás 6h00, com calma e gentileza, pedem-me o favor de colocar a bata e as meias. Quase 9h00 levam-me para o bloco, sou recebida com gracejos que visam descontrair, o cirurgião faz-me uma festa na testa, pedem-me o favor de virar, de me esticar, de me despirem, de me colocarem sensores que fazem pensar nos Monty Pyton e na fantástica máquina que fazia blip. Apagão. Quando acordo não sei muito bem onde estou, falam comigo, perguntam o meu nome, dizem-me que informaram a família. Um pedaço do meu corpo foi prensado com vidros e pregos com certeza…
Uma face amiga aparece “Ana sabes quem eu sou?”, murmuro que sim, é um amigo enfermeiro, explica-me pausadamente que as coisas complicaram-se um bocadinho.
Sou transportada, no limbo da anestesia ouço o comentário, “nunca tinha visto entubarem nesta situação”, medem-me mais coisas, depois uma visita, totalmente inesperada, um colega de reuniões formais, em vez de fato e gravata ostenta a bata e touca verde. O pai está ali na cama em frente, ligado a sensores variados. Outra visita, a garganta está toda ferida (também me devem ter despejado vidros) explicam-me que foi um pouco mais difícil, houve uma complicação, mas pronto. Fico nauseada de falar, os enfermeiros assustam-se, ainda explicam “com a sonda não vomita” lamentavelmente resolvo contrariar a lógica (que mania) e vomito, sem me poder levantar, completamente dependente, limpam-me e tentam fazer aquele momento o menos desconfortável possível (como se fosse possível). Registam todas as quantidades e medidas, falam com uma certa ternura, tranquilizam. Estamos quatro naquele quarto, em todos pressinto um sono pouco profundo ou inexistente como o meu, todos temos máquinas, fios e sensores, ninguém se atreve a mexer, queixar, ou mesmo respirar fundo, talvez se ficarmos muito quietos tudo passe.”
Comentários
abraço longo do vale.
dai-me noticias
Calma, isto foi a anterior, a próxima vai correr lindamente, tenho a certeza, até já pedi ao medico para colocar um fecho eclair, era mais simples!
beijos
Eu tenho a certeza que irá tudo correr bem.
Agora tens um Bruxo a cirandar outras envolvências, que se colocam nestas situações e que não deixará qualquer tipo de energia negativa chegar ao pé.
E de borla...
Logo, o momento é adequado!
Beijos,
Zorze
Brincando com coisas sérias; se os enfermeiros tivessem dito que podias vomitar com a sonda, o mais certo era não vomitares.
Agora falando de coisas sérias.
Não sei a que tipo de intervenção cirurgica vais ser submetida. Apenas sei que vai tudo correr bem.
Lógico que nada é facil. Mas não vais ter problemas de maior com a operação e a recuperação pós-operatória vai ser rápida.
Podes ter a certeza.
Depois, pensas no livro.
Prometes?
Aken
Vamos lá a ver eu não os quero assustar, são uns tumores já tiraram uns quantos mais metade da tiroide, agora parece que tenho tumores novos. Vou experimentar um tratamento até Janeiro, depois logo se vê se preciso de levar outra facada ou outra coisa qualquer.
Nada que me impeça de viver o dia a dia, de andar sempre á procura daquele lado das coisas, o bom, de lutar pelo que acredito e disso tudo.
Nada mais.
Nada de grave.
Beijos
Amo seus textos.
:)
Até lá vamos continuar a encontra-nos aqui e a carregar as tuas baterias só de energia positiva e limpa.
Abreijos.
Um beijo.
:)
M.
Obrigado!
Amigona avó
Às vezes é só isso que queremos escutar.
Salvo
Ès um amor!
Fernando Samuel
Obrigado, camarada.
M.
Essa do stress é que é mais difícil
:)
beijos