O Sexo e a sinceridade Capitulo sétimo


Sinceramente estou a tentar acompanhar a tua conversa sobre as coisas que neste momento não me interessam, com muita dificuldade, apenas vou fixando palavras soltas e retendo os gestos da tua mão, a mão que quero sentir nas coxas, a mão que quero que me pese os seios, com o entusiasmo da conversa sorris como um miúdo pequeno e acenas com a cabeça com os olhos brilhantes de entusiasmo, compartilho desse entusiasmo, de uma forma retorcida, recordando apenas como a calma se tornou urgente no momento que os nossos corpos colidiram depois algum tempo de tensão, em cada toque, ocasional ou nem por isso, provocava espasmos de dúvida e de receio, acho que estou a sorrir sem te ouvir de facto e podes estar a falar numa língua inventada, porque só retenho o som da tua voz o mesmo que me murmurou incitamentos e nomes secretos enquanto os nossos corpos se baralhavam, sinceramente não preciso nem pretendo esta espécie de amizade após o sexo, preciso apenas de provar-te outra vez, desta vez desfrutar-te com calma, como uma iguaria nova, depois, não sei, geralmente procura-se um certo alimento de alma, afinidades, cumplicidades, uma música favorita, um local emblemático, coisas que arrastam consigo depois dores e mágoas, que nos levam por caminhos pantanosos onde se tenta confundir o desejo com o amor, desta vez não, não te quero conhecer mais que isto, o teu cheiro, o teu toque, o teu sabor, sentir o teu corpo, por isso vou levantar-me calar com a minha boca a tua e provar-te outra vez, com calma!

Comentários

Unknown disse…
Provar outra vez com calma e como se fosse a primeira vez. Certo, Ana?
Jorge disse…
Grande texto ! do melhor que conheço,...!

Beijo
João Norte disse…
Belo texto.
Será solitário ou faz parte de algo maior?
Diogo disse…
Pela milionésima vez: alinhava um conjunto de textos para publicação.

Beijo.
LBJ disse…
:)

às vezes mais vale deixar as palavras na gaveta... Gostei vizinha.

Adoro a tua banda sonora.
Anónimo disse…
Adorei, dos melhores dos teus melhores!
Obrigada pela musica da Rita Lee, "nada melhor do que não fazer nada"
"meu bem você me dá água na boca" é musica do meu namoro, que não foi bem por telepatia.
Aninha passei aqui um momento feliz na companhia do teu texto.

Beijo

Lagartinha de Alhos Vedros
Ana Camarra disse…
Ana

Sempre como se fosse a primeira!

Fernando Samuel

Obrigado amigo.

Jorge

Thanks

João Norte

Faz parte deste ciclo sobre o sexo e a sinceridade.

Diogo

No dia que o fizer tens direito a autografo e dedicatória.

LBJ

Existem alturas que as palavras estão a mais, a Banda Sonora, também gosto.

Lagartinha

Ainda bem, mas existem muitas formas de telepatia.

Beijos
Zorze disse…
Ana,

Estas nossas cabecinhas loucas, procuram instintivamente e às vezes com sofreguidão, marcadores tipo post's-its no cérebro. Uma espécie de "para mais tarde recordar".
E por muita ciência e por muito que a psico-análise esteja desenvolvida são formas mentais que não se controlam.

Beijos,
Zorze
Ana Camarra disse…
Zorze

Quando a cabeça não tem juízo...

Beijos
Um belo texto, sem dúvida. Sou um leitor ocasional, olhei e parei um pouco por aqui. Disse um comentarista deste post que gostaria de ver "publicados" este e outros textos daqui. Mas, então, estes textos não estão já publicados? Se não estivessem publicadios eu não os teria lido. (E com prazer). Ah, publicar é publicar em livrinho? Pobres cabecinhas! Publicar é isto. E nada mais que isto...
Viva a blogosfera, quando ela publica coisas destas, quando ela é feita assim...