O Sexo e a sinceridade…



Para começar dizer que todos os raciocínios deste texto são meus, baseados na minha apreensão, não são baseados em nenhuns estudos ou estatísticas, provavelmente não serão uma verdade científica ou uma tese sociológica apenas mais uma reflexão inconformada.

Sexo e sinceridade são coisas que em termos históricos nunca foram parceiros comuns, se por um lado ao longo da história as mulheres foram vistas como seres inferiores, pouco dotados de inteligência, em contrapartida cheias de malícia, destinados a serem moeda de troca, parte de espólios de guerra e acima de tudo reprodutoras. Nem vale a pena referir o facto de as mulheres terem sido penalizadas por procriarem fêmeas em vez de machos (Ana Bolena que o diga), algo desvantajoso tanto para ricos, remediados ou pobres, porque um macho é um macho, também não vale a pena falar das inúmeras culturas onde o nascimento de uma filha a algo a equacionar se pode ou não ser corrigido…

Será bom relembrar que nas Guerras de conquistas da antiguidade importante seria matar os derrotados e violar as suas mulheres, de preferência deixando-as grávidas, Roma, diz a lenda foi formada assim com a morte dos Sabinos e o rapto das Sabinas

È claro que tudo isso se alterou, principalmente nos últimos 50 anos, particularmente no chamado mundo ocidental, as mulheres conquistaram terreno, não deixando na maior parte dos casos de continuar a desempenhar todas as tarefas anteriores, diga-se de passagem muito desvalorizadas, hoje espera-se que uma mulher seja boa profissional (tendo que provar o dobro que o colega masculino e correndo sempre o risco de correr o boato que chegou onde chegou á custa de favores sexuais), óptima dona de casa (fada do lar), excelente mãe, cozinheira gourmet e já agora um portento sexual.

Só se pode avaliar tal quando vencemos alguém numa argumentação e se houve em surdina “A gaja deve estar naquela altura do mês” ou quando se chega a casa depois de um dia de trabalho e fazem um ar de espanto “O jantar é isto?!”, isto para além das bocas foleiras sobre a condução feminina ou as múltiplas piadas sexistas.

Dizer ainda que múltiplas tradições ligadas por exemplo ao casamento, não são grande coisa depois de dissecadas, as noivas vestem-se de branco como símbolo de pureza porque só existiam dois tipos de mulher, as puras e as outras, era importante ser virgem entregue a um homem de maneira a garantir que todos os filhos fossem só dele, de preferência a noiva devia trazer um ramo de flores como qualquer criatura entregue em altar de sacrifícios, deve ser entregue pelo pai a marido como se não fosse mais do que um bem, o aro de ouro da aliança, ao qual é dado o simbolismo do amor eterno é uma reminiscência estranha de grilhetas impostas a mulheres capturadas, á medida que se habituavam ao cativeiro eram parcialmente removidas até ser deixado um pequeno aro, de preferência marcado com o símbolo ou nome do seu detentor, esse aro no dedo relembrava as mulheres das grilhetas. Bonito?!

Quando a minha avó nasceu era impensável uma mulher conduzir, na juventude da minha mãe seria impensável optar por determinadas carreiras, ter uma conta bancária ou viajar sem autorização de pai ou marido. Tenho uma parente que nunca estudou o que queria porque a sentença familiar foi de que para se dirigir todos os dias para o Liceu devia de um dos três irmãos acompanha-la no percurso, é claro que os mancebos não estiveram para isso e pronto. Votar neste país foi uma das Conquistas de Abril, a conquista da sexualidade tem sensivelmente a mesma idade que eu.

Esta abordagem peca por muitas insuficiências, por isso desconfio que vou voltar ao tema, pode-se dizer que é uma abordagem amarga, talvez…Não me interessa, é a abordagem que faço hoje, eu, mulher, já crescida, a viver com três homens, que cresceu com homens, que teve como referência em muitas coisas homens, que têm como amigos queridos homens.

Comentários

sagher disse…
interessante o teu pensar, nada que nao saibemos desde sempre. Mas será que a resolução de tudo nao passa pela libertação do ser humano, independentemente do género, das grilhetas que nos agarram ao passado, culturas e tradições que apenas perpectuam estigmas e costumes que contribuem para mudar o paradigma sem libertar quem quer que seja? Sabes como sempre defendi, contra a opinião generalizada, que não existem tradições boas. Para mim se é passado destrua-se que o futuro deve estar nas nossas mãos e só depender de uma analise dialectica da vida feita a cada segundo que passa.

Um amigo
Homem
Humano
Utópico até morrer
Fernando Samuel disse…
Por mim, fico à espera que voltes ao tema.

Um beijo.
Zorze disse…
Ana,

Concordo com o teu post, que aliás, traça a conquista dos direitos das mulheres no mundo ocidental. E que daí, ainda têm de lutar com variadíssimos estigmas a que são confrontadas.
Se sairmos do chamado mundo ocidental, o machismo ainda é coisa de bradar aos céus, nalgumas partes do globo chega mesmo a ser atroz.
Apesar de não apreciar muito aquelas ideias pré-estabelecidas, de que as mulheres são assim e os homens assado, ou seja, aquelas discussões sexistas para ver quem é melhor e mais certo.
Mas, esta discussão para dirimir quem é o melhor e etc. e tal, podemos a fazer no mundo ocidental norte, apesar de haver diferença na média dos salários e na ocupação de cargos de topo.
Fora desta zona, esse tipo de discussão é impensável. O que não deixa de ser curioso...?

Aflige-me, pior do que os árabes, em que a mulher quase não tem personalidade jurídica, a de algumas zonas em África ainda por tradição recorrem à excisão, para a mulher não ter prazer na relação sexual.

Ainda há muito para evoluir...

Beijos,
Zorze

P.S.: Espero que voltes ao tema!
Jorge disse…
Alterou-se substancialmente nos últimos 35 anos !!!

Beijo!
Diogo disse…
Carísssima,

Abordas vários temas neste post. Mas este chamou-me particularmente a atenção.

Sabias que uma em cada dez crianças (nos EUA, em mil novecentos e oitenta e tal), não são filhos daqueles que pensam ser os seus pais masculinos?

O que significa que incontáveis homens sustentam, educam e amam filhos que, na realidade, não são deles mas resultado de infidelidades femininas. Não é um embuste espantoso para o género masculino?

Aceito que a infidelidade masculina e feminina magoa de igual modo o respectivo parceiro. Simplesmente, é a mulher que engravida.

Se o homem der uma facada na relação (e se a parceira souber) haverá uma dor emocional pela traição.

Se uma mulher der uma facada na relação e engravidar (e se o parceiro não souber), este irá fazer durante o resto da vida um investimento a vários níveis num ser que não é seu filho.

Se uma mulher der uma facada na relação e engravidar (e se o parceiro souber), haverá várias vidas envenenadas. O «pai» sempre na dúvida se a criança será dele. A criança a sentir isto. Etc.

Beijo
Eric Blair disse…
eu cá gostaria de ver o beckam a apalpar uma repórter da tv
outroeu disse…
isso e muito mais... ou então nada disso.
a simplicidade está na aceitação de diferença, fazendo sempre com que exista dialectica.
abraço de um outroeu complicado
Ana Camarra disse…
sagher

Não concordo com essa destruição total, mas isso tu já sabias, é a vantagem de nos conhecermos há muito tempo, su mais numa de evolução, de evolução do ser humano em todas as suas vertentes, incluindo sexuais.

Fernando Samuel

Eu volto!

Zorze

È claro que é perspectiva desta mulher, ocidental, no resto do mundo há muitas nuances, tantas como a diferença entre o turismo espacial e seres humanos iguais a nós que vivem num degrau muito pequeno acima da pré-história...e não é por escolha!
Quanto ao concurso de ver quem é o melhor, não é isso que pretendo, o "Isto tem dias" são as reflexões inconformistas desta mulher que sou eu, nada mais, não considero os homens piores ou melhores, nem tão pouco todos medidos pela mesma bitola, mas de facto as mulheres em muitos aspectos, ao longo de muitos séculos, neste lado do mundo foram reduzidas e desvalorizadas.

Jorge

Alterou-se é verdade, precisa de se continuar a alterar.

Diogo

A infidelidade é um assunto, os filhos de outrem é outro (a minha trisavó educou os seus 12 filhos e mais 12 filhos "naturais" do marido com a amante que vivia na casa em frente), a deslealdade de ter um filho de um homem e fazer outro acreditar que é seu, é uma falta de carácter inqualificável e não só para o traído...
Mas também te digo, uma relação onde se desconfia á partida se o filho é nosso, está muito minada, de qualquer das formas hoje os homens ocidentais, em particular os norte americanos têm acesso aos kits domésticos de adn...não que ache isso remédio.
De qualquer das formas a controle dessa questão não pode passar pelo controle da sexualidade feminina.

Eric

Eu cá gostaria de ver a Soraya sem maquilhagem...

outroeu

és complicado és! vamos ter de falar.
A aceitação da diferença têm de ser mutua!

BEIJOS
Anónimo disse…
Otimo texto como sempre ... se tiver um tempo passa lá no meu tbm. desconsertando.blogspot.com ... beeeeijos!!
Diogo disse…
Partindo do princípio de que uma em cada dez crianças não são filhas daqueles que pensam ser os seus pais masculinos, então haverá muita relação minada.

Uma solução para isto seria, talvez, tornar o teste de paternidade obrigatório para toda a gente. Assim ninguém se sentiria discriminado.